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Projeto nacionalista atrasa escolha da tecnologia de TV digital

e o padrão chinês - ainda em desenvolvimento - para possível incorporação ao modelo brasileiro. Além deles, qualquer modelo de TV digital deve ter padrões para compressão de áudio, vídeo e de codificação do sinal. A proposta não discute se haverá apenas integração de componentes de mercado ou se o Brasil de fato projetará e […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h42.

e o padrão chinês - ainda em desenvolvimento - para possível incorporação ao modelo brasileiro. Além deles, qualquer modelo de TV digital deve ter padrões para compressão de áudio, vídeo e de codificação do sinal. A proposta não discute se haverá apenas integração de componentes de mercado ou se o Brasil de fato projetará e desenvolverá microprocessadores próprios com base em tecnologia similar à desses padrões. Também não discute o valor para comércio exterior da adoção de um padrão internacional (quanto se ganharia com exportações versus quanto se pagaria aos detentores das tecnologias e em que condições). Todos esses pontos faziam parte dos estudos já realizados sob o patrocínio da Anatel. Seja como for, agora o ministro das comunicações, Miro Teixeira, espera que um protótipo nacional já esteja em testes dentro de um ano.

Parte do projeto de criação e fabricação dos equipamentos será financiada com recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), que conta neste ano com 78 milhões de reais. Por isso, a proposta do ministério reserva ao governo o direito de ganhar royalties com o novo produto após seu lançamento no mercado. Trata-se, em tese, da reedição do modelo de desenvolvimento em que o Estado financia a tecnologia que julga ser social e politicamente mais interessante, em vez de deixar a competição entre os atores do mercado criar os melhores produtos. Em uma barganha política como essa, há pelo menos três atores _ o consumidor, as redes de TV e os fabricantes de equipamento _, para não falar em todo o ecossistema de negócios que gira em torno da TV, da indústria de telecomunicações e de software que deve apostar suas fichas nos novos mercados abertos pela interatividade e mobilidade propiciadas pela tecnologia digital. Muitos especialistas suspeitam da competência técnica do ministério das Comunicações para equilibrar um jogo de interesses tão complexo e delicado.

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Num sinal de que pretende compensar essa deficiência, o ministério elaborou seu projeto a partir de encontros técnicos com representantes do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), uma fundação privada com sede em Campinas; do Genius Instituto de Tecnologia, entidade fundada pela Gradiente em Manaus; e de duas entidades do setor de telecomunicações, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET).

Esses órgãos com certeza reúnem alguns dos maiores especialistas brasileiros no assunto. Resta esperar que os piores temores que havia no mercado sobre um eventual governo Lula não venham a se materializar na figura de seu ministro das Comunicações, Miro Teixeira, e que, sob os nobres pretextos de fomentar a inclusão digital e de incentivar o desenvolvimento da indústria e da tecnologia nacionais, Miro não ressuscite o macabro passado da reserva de mercado de informática, de um país fechado, isolado e incapaz de se comunicar com o resto do planeta.

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