O plano do Uber para os caminhões
Mike Isaac © 2016 New York Times News Service San Francisco – Os futuristas do Vale do Silício não conseguiram prever isso: a primeira entrega comercial realizada por um caminhão autônomo consistia em 2.000 caixas de cerveja Budweiser – algo como 45.000 latas. Em outubro, a Otto, a empresa de veículos autônomos que pertence ao Uber, […]
Da Redação
Publicado em 3 de novembro de 2016 às 11h46.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h46.
Mike Isaac
© 2016 New York Times News Service
San Francisco – Os futuristas do Vale do Silício não conseguiram prever isso: a primeira entrega comercial realizada por um caminhão autônomo consistia em 2.000 caixas de cerveja Budweiser – algo como 45.000 latas.
Em outubro, a Otto, a empresa de veículos autônomos que pertence ao Uber, anunciou o sucesso de seu primeiro carregamento profissional, depois de levar uma carga de cerveja de Fort Collins, Colorado, a Colorado Springs, uma viagem de cerca de 200 quilômetros ao longo da Interstate 25.
Nos últimos anos, o Uber previu um futuro no qual poderemos andar em carros autônomos que nos levarão para onde quisermos, sem a necessidade de motoristas. Contudo a ideia de que fretes comerciais poderiam ser feitos por robôs é relativamente nova – e potencialmente controversa, uma vez que abre a possibilidade da substituição plena dos motoristas humanos no futuro.
“Acreditamos que essa tecnologia chegará muito em breve ao mercado”, afirmou Lior Ron, um dos fundadores da Otto, em uma entrevista.
Em agosto, o Uber comprou a Otto, uma startup com sede em San Francisco operada por diversos veteranos do departamento de pesquisa em veículos autônomos do Google.
Embora ainda seja simbólico, o carregamento de cerveja representa a primeira parceria comercial da Otto, que foi criada há menos de um ano. Os termos do acordo entre ela e a Anheuser-Busch InBev, que é proprietária da marca Budweiser, não foram revelados.
“Já havíamos feito testes com trailers, é claro, mas nada se compara a fazer um frete de verdade, de ponta a ponta”, afirmou Ron.
O frete foi um indício das ambições do Uber de se transformar em uma enorme rede de transporte, na qual a empresa seja responsável por levar e trazer toda e qualquer coisa, como pessoas, comida fresca ou caixas de cerveja ao redor do planeta, 24 horas por dia e da forma mais eficaz possível. Travis Kalanick, executivo-chefe do Uber, afirmou que imagina um futuro no qual o transporte ocorra de maneiras diferentes, utilizando tanto veículos tripulados, quanto não tripulados.
A Otto é uma aposta especialmente grande para o Uber, que pagou quase 700 milhões de dólares pela startup poucos meses depois que a empresa começou a divulgar sua intenção de criar caminhões autônomos.
Depois de jogar uma fortuna fora tentando dominar o mercado chinês de táxis em agosto, o Uber investiu mais tempo e recursos para entrar no mercado de transporte por caminhões. O faturamento anual do setor passou dos 720 bilhões de dólares em 2015, de acordo com estimativas da Associação Americana de Transporte por Caminhão.
Uma boa parte desse total veio de marcas grandes que contam com o setor para transportar seus bens e produtos. A Anheuser-Busch, por exemplo, realiza mais de um milhão de fretes de cerveja nos EUA todos os anos. “O futuro está nos caminhões autônomos e queremos fazer parte disso”, afirmou James Sembrot, diretor sênior de estratégias logísticas da Anheuser-Busch. Embora a entrega tenha ocorrido sem problemas, as duas empresas não indicaram se firmarão novos acordos no futuro.
Para sua entrega inicial, o caminhão da Otto partiu da fábrica da Anheuser-Busch em Loveland, Colorado, de manhã bem cedo. O caminhão atravessou a cidade de Denver – ao lado de carros de passageiro comuns – e seguiu de forma autônoma até seu destino em Colorado Springs sem qualquer incidente.
A Otto afirmou que um motorista treinado estava presente na boleia o tempo todo para monitorar o progresso do veículo e assumir a direção caso fosse necessário. Porém, o motorista não precisou intervir em nenhum momento, afirmou a empresa.
A expansão do programa piloto vai permitir que a Otto teste outros tipos de estrada e condição meteorológica, fatores fundamentais para a criação de rotas para veículos autônomos.