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Nova era de voos supersônicos pode terminar antes de começar

Pegada de carbono pode ser o maior obstáculo para a volta de aviões como o Concorde

Concorde: jato podia voar mais rápido do que a velocidade som (Reprodução/Getty Images/Getty Images)

Concorde: jato podia voar mais rápido do que a velocidade som (Reprodução/Getty Images/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 4 de julho de 2019 às 14h20.

Última atualização em 4 de julho de 2019 às 14h20.

O sonho de transportar passageiros mais rápido do que a velocidade do som deu origem ao Concorde nos anos 70, mas o pesadelo de tornar o jato rentável acabou levando ao seu desaparecimento menos de três décadas depois.

Empresas que competem para fabricar um sucessor para o icônico jato podem descobrir que o maior obstáculo não é a tecnologia ou a economia, mas a grande pegada de carbono resultante de velocidades extremas - especialmente quando fabricantes de aviões convencionais e motores dizem quem os jatos elétricos podem estar em breve no mercado.

Com a crescente preocupação da população e de políticos sobre as emissões do setor de aviação, o novo zelo ambiental de fabricantes como a Airbus ameaça fazer com que startups que queiram romper a barreira do som pareçam relíquias de uma era gananciosa que não se preocupa muito com o meio ambiente. Isso apesar dos avanços no design aerodinâmico, materiais e propulsão que podem dar início a uma segunda era supersônica.

Essas preocupações estavam expostas na feira Paris Air Show da semana passada, onde a Boom Technology, que desenvolve um avião Mach 2.2, de 75 assentos, fez de tudo para demonstrar as credenciais ecológicas do modelo.

O fundador e presidente da Boom, Blake Scholl, revelou que um programa de motores testou uma mistura de biocombustível de alta concentração que mostrou ser 3% mais eficiente do que o querosene tradicional. O executivo também anunciou que a Boom planeja uma parceria com a Prometheus Fuels, cuja tecnologia de captura de carbono limpa o CO2 do ar e o transforma em propelente líquido.

Pegada de carbono à parte, a visão de Boom de um futuro supersônico é certamente sedutora.

Viajar de Nova York para Londres e estar em casa a tempo de colocar os filhos na cama. Voar de São Francisco a Tóquio ou de Seattle a Xangai um dia inteiro e ainda participar de uma reunião na manhã de segunda-feira na Ásia. Ou voar entre Hong Kong e a capital japonesa em apenas duas horas. Não haveria assentos para deitar, porque nunca seria preciso dormir a bordo.

A Aerion, maior concorrente da Boom na corrida para retomar o voo supersônico e financiada pelo bilionário do Texas Robert Bass, adotou uma estratégia diferente com seu modelo AS2 em desenvolvimento. A aeronave Mach 1.4 transportaria 12 pessoas, com alvo principal na categoria de jatos executivos, refletindo uma visão de que o Concorde fracassou em parte porque era grande demais para seu mercado típico.

A diretora de tecnologia da Airbus, Grazia Vittadini, disse que a empresa está "muito próxima" de começar de reduzir sua dependência do combustível de aviação. "É uma iniciativa da sociedade e um imperativo comercial, não apenas um desafio tecnológico", disse. “Realmente precisamos nos esforçar por uma aviação com emissão zero. Essa é a ambição final. ”

Há também evidências de que os consumidores evoluem ainda mais rapidamente do que a tecnologia, especialmente entre os jovens, com um declínio das viagens aéreas nos aeroportos suecos e um salto paralelo em viagens de trem atribuído ao fenômeno descrito pelo termo sueco “flygskam” ou vergonha de voar.

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