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Nasa completa 60 anos sonhando resgatar seus dias de glória

Desde seu nascimento, agência desafiou limites da exploração espacial mas também sofreu fracassos, como a explosão de dois ônibus espaciais em 1986 e 2003

Nasa: agência planeja dedicar cerca de 10 bi de dólares à exploração lunar, de um orçamento de quase 20 bi para 2019 (NASA/Ben Smegelsky/Divulgação)
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AFP

Publicado em 30 de julho de 2018 às 19h35.

Última atualização em 31 de julho de 2018 às 13h40.

Há 60 anos, estimulados por uma competição com a União Soviética, os Estados Unidos criaram a Nasa , ponto de partida de uma aventura espacial que os levaria à Lua.

Hoje, a agência está lutando para se reinventar em um setor em que companhias espaciais internacionais e interesses comerciais se misturam cada vez mais.

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Desde seu nascimento, a Nasa desafiou os limites da exploração espacial mas também sofreu fracassos espetaculares, como a explosão de dois ônibus espaciais em 1986 e 2003, com um saldo de 14 mortos.

Sua ambição de regressar ao espaço profundo terá que enfrentar um problema de financiamento, que lhe impediria de voltar à Lua na próxima década e de ir a Marte na de 2030.

A Nasa se tornou dependente do setor privado e tem contratos com a SpaceX e a Boeing para enviar astronautas ao espaço a partir de 2019, assim que suas naves tripuladas ficarem prontas.

A agência não pode enviar astronautas por sua conta ao espaço desde 2011, quando fechou seu programa de ônibus espaciais após 30 anos.

Agora precisa pagar 80 milhões de dólares por assento à Rússia para enviar americanos à Estação Espacial Internacional (EEI) em uma cápsula Soyuz.

O início

Em 1957, a União Soviética enviou seu primeiro satélite ao espaço, o Sputnik 1, enquanto as tentativas americanas , principalmente sob a égide do exército, fracassaram estrepitosamente.

O então presidente, Dwight D. Eisenhower, pediu ao Congresso que criasse uma agência espacial civil separada. Em 29 de julho de 1958, assinou a lei que criou a National Aeronautics and Space Administration, a Nasa.

Os soviéticos ganharam outra rodada em abril de 1961, quando Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem no espaço. Um mês depois, o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, anunciou planos para enviar um homem à Lua no fim da década de 1960. Assim nasceu o programa Apollo.

Em 1962, o astronauta John Glenn se tornou o primeiro americano na órbita da Terra. E em 1969 Neil Armstrong entrou para a história como o primeiro homem a caminhar na Lua.

"Apollo foi uma demonstração unilateral do poder de uma nação", lembra John Logsdon, professor emérito do Space Policy Institute da Universidade George Washington.

"Kennedy ter decidido utilizar o programa espacial como um instrumento declarado de competição geopolítica foi o que transformou a Nasa em um instrumento de política nacional, com uma parcela orçamentária muito significativa", disse à AFP.

Durante a era Apollo, um total de 5% do orçamento nacional foi para a Nasa. Hoje, esta proporção passou a menos de 0,5% do orçamento federal (cerca de 18 bilhões de dólares por ano), e a Nasa já não tem o mesmo peso na política nacional, de acordo com Logsdon.

Nova era

A Nasa viveu outros momentos de glória na década de 1980, como o nascimento do programa de ônibus espaciais, e depois em 1998, com o início das operações da Estação Espacial Internacional (ISS).

Mas o que acontece hoje? O presidente Donald Trump defendeu o retorno à Lua, mencionando uma passarela lunar que permita um fluxo contínuo de naves espaciais e pessoas para visitarem o satélite e que serviria como ponto de partida para uma eventual viagem a Marte.

Também pediu a criação de uma força espacial, um sexto ramo das forças armadas orientado a defender os interesses dos Estados Unidos.

Durante muito tempo a Nasa foi considerada líder em inovação espacial, mas atualmente enfrenta uma séria concorrência. "Cerca de 70 países de uma forma ou de outra estão envolvidos na atividade espacial", explica Logsdon.

Em vez de competir com as agências espaciais internacionais, "a ênfase foi posta na cooperação" como forma de reduzir custos e avançar em inovação, diz Teasel Muir-Harmony, curadora do Museu Nacional do Ar e Espaço.

A autoridade máxima da Nasa, Jim Bridenstine, reiterou na semana passada que quer trabalhar conjuntamente com outros países com interesses no espaço. Mencionou a possibilidade de fortalecer a cooperação com a China e disse que recentemente viajou a Israel para se reunir com grupos que trabalham no módulo de pouso lunar.

Seu antecessor, Charles Bolden, advertiu sobre os riscos de reincidir em erros da era dos ônibus espaciais, quando os Estados Unidos puseram fim a seu programa sem ter outra nave espacial pronta para substitui-los.

"Não podemos tolerar outro vazio como esse", disse Bolden.

Com o objetivo de uma missão tripulada à Lua em apenas cinco anos, a Nasa planeja dedicar cerca de 10 bilhões de dólares à exploração lunar, de um orçamento de quase 20 bilhões para 2019.

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