Glenn Greenwald (afp.com)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2013 às 13h23.
Políticos, empresários e militares da Itália foram espionados pelos Estados Unidos e Grã-Bretanha por meio de um rastreamento em massa de chamadas telefônicas e comunicações, segundo o jornalista Glenn Greenwald, em entrevista à revista italiana L'Espresso.
O ex-colunista do jornal britânico The Guardian, que revelou o programa de espionagem cibernético dos Estados Unidos no mundo, indicou que a "Itália está na mira do sistema Prism criado pelos serviços secretos americanos".
"Os serviços secretos ingleses também espionaram dados de italianos por meio do programa paralelo e convergente Tempora", contou à revista o jornalista americano que reside no Rio de Janeiro.
Greenwald pediu demissão na semana passada ao jornal The Guardian, que publicou as primeiras revelações do ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden, procurado pela justiça americana e asilado na Rússia.
De acordo com Greenwald, os serviços secretos ingleses compartilharam informações com a NSA e contavam com a colaboração de agentes italianos, que tinham um acordo de "terceiro nível" com a empresa inglesa encarregada de espionar o sistema de comunicações.
Para monitorar as chamadas telefônicas e as comunicações utilizavam três cabos de fibra óptica submarinos com terminais na Itália, segundo o jornalista.
Os serviços secretos dos países aliados não se limitaram a espionar pessoas com ligações com a luta contra o terrorismo, mas rastrearam telefonemas de políticos e ministros.
Eles queriam "obter informações de caráter político de governos estrangeiros", assegura.
As práticas de espionagem dos Estados Unidos, que, aparentemente, grampearam o celular da chanceler alemã Angela Merkel, coloca à prova a unidade dos líderes da União Europeia (UE), reunidos nesta quinta-feira em Bruxelas.
Desde segunda-feira, os Estados Unidos enfrentam uma nova polêmica, após a França, o México e o Brasil cobrarem explicações sobre a espionagem de milhões de telefonemas e e-mails.
A Itália tem reagido, até o momento, de forma cautelosa, ao contrário da França e da Alemanha que manifestaram descontentamento com a situação.