Pequenas ilhas, que segundo se pensava, serviriam como escudo natural para tsunamis aos moradores de regiões costeiras, na verdade podem amplificar os efeitos das ondas gigantes que deveriam frear, alertaram cientistas nesta quarta-feira em estudo publicado na revista britânica Proceedings of the Royal Society A.

As descobertas preocupam porque muitas comunidades costeiras se estabeleceram em áreas que se acreditavam tradicionalmente protegidas das ondas pelas ilhas próximas.

Mas simulações de movimentos de ondas revelaram que algumas destas comunidades podem correr um risco maior com tsunamis como os que devastaram cidades no oceano Índico em 2004 e o norte do Japão em 2011.

Em 200 simulações de computador, nenhuma demonstrou que a presença de uma ilha protegeu a área costeira situada atrás dela, afirmaram os cientistas.

Ao contrário, a energia do tsunami foi amplificada "em até 70%", explicou à AFP o co-autor do estudo, Frédéric Dias, do francês Centro de Estudos de Matemática e suas Aplicações (CMLA).

As ilhas "agiram com frequência como uma lente, concentrando a força destrutiva da onda", disse.

As simulações alteraram a inclinação da ilha e da praia, a profundidade da água, a distância entre a ilha e a praia e o comprimento de onda do tsunami.

Dias disse que comunidades costeiras em países como Grécia e Indonésia correm um risco particular com o fenômeno acompanhado pelo estudo.

"As descobertas podem causar agitação a alguns moradores de áreas costeiras aparentemente protegidas e às autoridades responsáveis por sua segurança para repensar os riscos que enfrentam", afirmou.

A pesquisa se baseou em cientistas que observaram que a ilha indonésia de Sumatra foi particularmente castigada pelo tsunami que varreu o Oceano Índico em 2004, embora seja pontilhada de ilhas próximas da praia.

De forma similar, um tsunami que atingiu as ilhas Mentawai, na costa de Sumatra, em 2010, causou a mais severa inundação em áreas onde menos se esperava: a linha costeira atrás das ilhas.