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Os celulares vão revolucionar a indústria de tecnologia, diz o CEO da Motorola
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h26.
O engenheiro Edward J. Zander, de 58 anos, assumiu a presidência da Motorola em janeiro do ano passado. Sob seu comando, a empresa conquistou mercado da líder Nokia, lançou um dos celulares mais cobiçados do momento, o Razr V3, e bateu recordes de faturamento. Os lucros do primeiro trimestre do ano atingiram 324 milhões de dólares, melhor resultado da história da Motorola. Zander esteve em São Paulo em maio e falou com exclusividade a EXAME.
Quais foram os usos
mais inovadores para
celulares que o senhor
já viu em suas viagens?
No Japão, os jogos são muito populares e, na Coréia do Sul, existem sistemas de pagamentos sofisticados via celular. Mas o público-alvo da maioria dos novos serviços não é formado por pessoas como eu (risos). São o que chamamos de tween, jovens de 8 a 14 anos. Cresci com o controle remoto da TV, meus filhos cresceram com o PC e as crianças de hoje crescem com videogames. Elas têm muita habilidade com os dedos. Isso vai fazer muita diferença.
Muitas dessas inovações
dependem de software.
O senhor teme que os
fabricantes de celulares
tenham um destino
parecido com os de PCs:
meros produtores de
commodities?
Sem dúvida, a maioria das inovações virá do software. É um computador, afinal. Mas não acredito em comoditização. Há mais empresas na cadeia. Do lado do hardware, há Samsung, Nokia, Qualcomm, Texas Instruments (uma das maiores fabricantes de chips para celulares). Do lado do software, a Microsoft, nossa parceira, quer que todos os aparelhos tenham o mesmo sistema, como os PCs. O mesmo acontece com a Qualcomm. Mas temos Linux e Java, duas plataformas que representam uma alternativa segura e de ótima qualidade.
Haverá um único aparelho capaz de tocar músicas,
tirar fotos, organizar
o dia-a-dia ou serão vários aparelhos especialistas?
Há muita discussão sobre isso. Tendo a acreditar que serão vários aparelhos. Assim como em cada casa há mais de uma TV, mais de um rádio, mais de um computador, cada pessoa terá mais de um celular. Vejo aparelhos preparados para tocar música, apresentar vídeos, armazenar informações pessoais, organizar o dia-a-dia corporativo e assim por diante. Mas é cedo para responder. As experiências estão só começando.