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Estimulação magnética reduz o consumo de cocaína

Segundo pesquisa do psiquiatra Philip Ribeiro, técnica para quem luta contra a dependência química mostrou resultados surpreendentes

Cocaína: segundo Ribeiro, houve redução de desejo em 80% dos pacientes com o uso da técnica (EXAME)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de março de 2013 às 10h25.

São Paulo - Uma tecnologia que usa estímulos eletromagnéticos no crânio reduz o consumo de cocaína . Os resultados são da pesquisa de mestrado do psiquiatra Philip Ribeiro, pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Nos testes, a técnica para quem luta contra a dependência química mostrou resultados surpreendentes. Segundo Ribeiro, houve redução de fissura (desejo intenso de usar a droga) em 80% dos pacientes. Além disso, 60 % deles tiveram uma redução de consumo. As terapias com medicamentos considerados de grande sucesso conseguem uma diminuição da fissura entre 20% e 30%. "Por isso, os resultados da estimulação magnética são muito bons”, afirma Ribeiro em entrevista a Info.

O paciente deve fazer 20 sessões de 15 minutos, cinco vezes por semana, posicionado em uma cadeira ao lado de uma máquina. Com uma bobina encostada na cabeça do paciente, o aparelho produz um potente campo magnético e, ao oscilar, gera uma corrente elétrica.

No cérebro do dependente de cocaína, o método indolor ativa as regiões responsáveis pelo poder de decisão e pela sensação de saciedade, que ficam comprometidas durante crises de abstinência. “O método estimula as áreas do cérebro do paciente que foram atrofiadas com o uso da droga. A corrente estimula essas áreas para funcionar de uma maneira mais eficaz”, diz.

Os resultados do tratamento são acompanhados por exames de urina e avaliações neuropsicológicas, que comprovaram a mudança de comportamento. “Os pacientes apresentam diminuição da ansiedade e apresentam melhoria de humor. O tratamento reduz os sintomas da abstinência e faz com o que o paciente consiga, mesmo quando tem vontade, não usar a droga”, diz Ribeiro.


Os efeitos colaterais do tratamento são poucos. O sintoma mais comum é a dor de cabeça que, segundo Ribeiro, não é insuportável ao ponto de prejudicar o tratamento. “O perfil de efeitos colaterais é baixo e temos normas de segurança muito rígidas, como o intervalo entre as aplicações e potência da corrente aplicada”, afirma.

O tratamento é ambulatorial, ou seja, o paciente não precisa ser internado. Quando as aplicações terminam, o paciente vai para um grupo semanal de prevenção de recaída por dois meses, coordenado por uma psicóloga, e recebe alta ao final de três meses.

O estudo é o primeiro do mundo de caráter científico a analisar os efeitos da estimulação magnética em dependentes de cocaína. “Somos os primeiros a desenvolver uma pesquisa que cientificamente tem valor e trabalha essa questão de maneira mais aprofundada”, afirma.

A técnica é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina para o tratamento da depressão e outros transtornos psiquiátricos que não respondem a medicamentos e também no tratamento da dor. Apesar do pioneirismo e dos ótimos resultados do método em usuários de cocaína, são necessárias novas pesquisas para que a técnica seja difundida pelo mundo.

“Para cocaína e outras substâncias, o método não está aprovado porque as pessoas precisam replicar os resultados. Precisamos ter certeza que o resultado é o mesmo”, diz Ribeiro. Mas o futuro da técnica parece ser promissor. “Em dois ou três anos, teremos mais dados. Vários pesquisadores do nordeste, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, por exemplo, começarão suas pesquisas”, afirma.

Ribeiro já finalizou sua tese e defendeu o projeto de mestrado em novembro de 2012. O trabalho foi orientado pelo professor Marco Antonio Marcolin, da FMUSP. “Nosso próximo passo é testar os tratamento em dependentes de crack. O projeto está sendo escrito no momento", diz.

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Nos testes, a técnica para quem luta contra a dependência química mostrou resultados surpreendentes. Segundo Ribeiro, houve redução de fissura (desejo intenso de usar a droga) em 80% dos pacientes. Além disso, 60 % deles tiveram uma redução de consumo. As terapias com medicamentos considerados de grande sucesso conseguem uma diminuição da fissura entre 20% e 30%. "Por isso, os resultados da estimulação magnética são muito bons”, afirma Ribeiro em entrevista a Info.

O paciente deve fazer 20 sessões de 15 minutos, cinco vezes por semana, posicionado em uma cadeira ao lado de uma máquina. Com uma bobina encostada na cabeça do paciente, o aparelho produz um potente campo magnético e, ao oscilar, gera uma corrente elétrica.

No cérebro do dependente de cocaína, o método indolor ativa as regiões responsáveis pelo poder de decisão e pela sensação de saciedade, que ficam comprometidas durante crises de abstinência. “O método estimula as áreas do cérebro do paciente que foram atrofiadas com o uso da droga. A corrente estimula essas áreas para funcionar de uma maneira mais eficaz”, diz.

Os resultados do tratamento são acompanhados por exames de urina e avaliações neuropsicológicas, que comprovaram a mudança de comportamento. “Os pacientes apresentam diminuição da ansiedade e apresentam melhoria de humor. O tratamento reduz os sintomas da abstinência e faz com o que o paciente consiga, mesmo quando tem vontade, não usar a droga”, diz Ribeiro.


Os efeitos colaterais do tratamento são poucos. O sintoma mais comum é a dor de cabeça que, segundo Ribeiro, não é insuportável ao ponto de prejudicar o tratamento. “O perfil de efeitos colaterais é baixo e temos normas de segurança muito rígidas, como o intervalo entre as aplicações e potência da corrente aplicada”, afirma.

O tratamento é ambulatorial, ou seja, o paciente não precisa ser internado. Quando as aplicações terminam, o paciente vai para um grupo semanal de prevenção de recaída por dois meses, coordenado por uma psicóloga, e recebe alta ao final de três meses.

O estudo é o primeiro do mundo de caráter científico a analisar os efeitos da estimulação magnética em dependentes de cocaína. “Somos os primeiros a desenvolver uma pesquisa que cientificamente tem valor e trabalha essa questão de maneira mais aprofundada”, afirma.

A técnica é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina para o tratamento da depressão e outros transtornos psiquiátricos que não respondem a medicamentos e também no tratamento da dor. Apesar do pioneirismo e dos ótimos resultados do método em usuários de cocaína, são necessárias novas pesquisas para que a técnica seja difundida pelo mundo.

“Para cocaína e outras substâncias, o método não está aprovado porque as pessoas precisam replicar os resultados. Precisamos ter certeza que o resultado é o mesmo”, diz Ribeiro. Mas o futuro da técnica parece ser promissor. “Em dois ou três anos, teremos mais dados. Vários pesquisadores do nordeste, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, por exemplo, começarão suas pesquisas”, afirma.

Ribeiro já finalizou sua tese e defendeu o projeto de mestrado em novembro de 2012. O trabalho foi orientado pelo professor Marco Antonio Marcolin, da FMUSP. “Nosso próximo passo é testar os tratamento em dependentes de crack. O projeto está sendo escrito no momento", diz.

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