viber (Reprodução)
Rafael Kato
Publicado em 26 de março de 2014 às 13h26.
Na última sexta-feira (14), o aplicativo de mensagens Viber foi vendido para a empresa japonesa de e-commerce Rakuten por 900 milhões de dólares. O Viber foi fundado em 2010 e possibilita a troca de mensagens de texto, vídeo e fotos por smartphones e também pela web. Antes do anúncio da venda, INFO conversou com Luiz Felipe Barros, CEO do Viber no Brasil. Ele falou sobre contratações, estratégia de crescimento e a dura competição com o WhatsApp, líder no segmento de troca de mensagens por smartphones. Confira a entrevista:
INFO: Na Campus Party vocês tinham anunciado o escritório no Brasil, mas vocês estavam montando o escritório desde de novembro. Como foi essa montagem e quantas pessoas estão lá?
Luiz Felipe Barros: Hoje, somos três pessoas dedicadas a marketing. Estávamos cuidando antes de boa parte burocrática, do time, definição de estratégia, agora a gente está preocupado na operação mesmo.
INFO: Vocês têm três pessoas, mas imagino que pretendem crescer.
Luiz Felipe Barros: Pretendemos. Temos algumas posições aberta. Não mais em marketing. Não temos um headcount pré-estabelecido. Vamos definir a partir das demandas que vamos construir no mercado.
INFO: Mas se a pessoa quiser trabalhar com vocês, como ela faria para se candidatar?
Luiz Felipe Barros: Me procura, me manda um e-mail. Tem muita gente me adicionando no LinkedIn perguntando se tem vagas. Algumas a gente está dando andamento.
INFO: O Viber tem 10 milhões de usuários no Brasil. Qual é a faixa etária desses usuários?
Luiz Felipe Barros: É muito aberto. Isso já entra num assunto muito importante para o Viber que é a privacidade. O único dado que o Viber tem do usuário é o telefone dele, pois é o dado necessário para se cadastrar. O próprio nome do usuário e a foto ficam armazenados no aparelho. Não ficam armazenados nos servidores do Viber. A gente não sabe se é mais jovem ou se é mais velho. Pelo perfil de uso, temos bastante conhecimento sobre quem pode ser esse publico. O Viber é um app de comunicação e a gente tenta oferecer uma ampla gama de recursos ampla, as quais você pode usar onde e como preferir. Tem executivo que usa para falar com a matriz da empresa, tem gente que usa a versão desktop, tem muito jovem que usa mensagem em grupo e troca sticker o tempo todo, amigos que falam com amigos da mesma cidade. Não tem só executivo e não tem só jovem.
INFO: A monetização acontece por conta dos stickers e do Viber Out. Você poderia falar sobre quanto cada uma das soluções representa para o resultado da empresa?
Luiz Felipe Barros: Eu não posso revelar informações financeiras por política da empresa. Mas a gente tem muito pouco tempo que lançou o Viber Out em comparação com os stickers. Mas estamos positivamente surpresos com os resultados. Foi um crescimento orgânico, sem nenhum investimento em marketing. A gente esta feliz, pois, quando a gente começar a promover com força essas inovações, então nossa receita vai aumentar exponencialmente.
INFO: O Viber Out [telefone via internet] ataca claramente o negócio do Skype. O Skype é o principal concorrente de vocês?
Luiz Felipe Barros: Não. Nosso concorrente é o WhatsApp. A comparação com Skype é natural porque somos um produto muito forte em voz e agora em vídeo também. A gente também é multiplataforma como eles. Mas a diferença é a forma como a gente nasceu. O Skype nasceu como um produto desktop, pesado e para uso corporativo. O Viber é um aplicativo mobile que se integra com a agenda do usuário. Temos princípios diferentes.
INFO: A consultora On Device fez uma pesquisa no ano passado e conclui que o WhatsApp é a maior plataforma de mensagens no mundo, superando Skype, Facebook e o próprio Viber. Qual é, de fato, a estratégia pra crescer?
Luiz Felipe Barros: É produto. Nós temos um produto que considero muito diferenciado. Somos multiplataforma. A gente tem vídeo vindo agora para o mobile. E a gente tem os mesmos recursos que o WhatsApp tem , com a mesma simplicidade e facilidade de uso. Temos mais recursos, enquanto que o WhatsApp se dedica muito mais ao texto.
INFO: Por que uma pessoa trocaria do WhatsApp, onde ela já tem muitos contatos, grupos de amigos, para o Viber onde ela não tem os seus amigos?
Luiz Felipe Barros: Por que você pagaria por algo que pode ter de graça? Você tem um produto gratuito e um produto pago que oferecem o mesmo recurso. Você pode pagar por um carro que não tem ar condicionado, airbag ou você pode pegar de graça um carro com tudo isso. Nós somos o carro mais potente e com mais recursos. Eu não vejo hoje motivo para um usuário do WhatsApp não querer convencer seu grupo a mudar para o Viber, já que nosso produto é e vai continuar sendo de graça. E o Viber nunca vai ter propaganda atrapalhando a experiência do usuário, como acontece com o Skype.
INFO: Você não acredita que possa existir uma coexistência pacífica entre os apps nos smartphones? Explico: um usuário que esteja acostumado com o grupo de amigos no WhatsApp continuaria lá, com o Viber teria stickers e outras funções e, vamos dizer, no Skype faria vídeo chamadas. Você esta me vendendo uma história de que isso não vai existir porque vocês reúnem tudo.
Luiz Felipe Barros: A coexistência pacífica não é uma escolha nossa. É uma escolha do consumidor. Eles já usam WhatsApp e Viber. Por um bom tempo, eles usam mais de um aplicativo para a mesma funcionalidade. A gente não acredita que a gente vai crescer porque o WhatsApp vai perder usuários. A gente pode ter uma coexistência e eu acredito nisso. Eu acredito que no médio prazo é natural que optem por um conteúdo mais completo. Lembre-se que durante muito tempo as pessoas usaram Orkut e Facebook ao mesmo tempo.