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Empresas brasileiras inovam 40% menos que o ideal

Taxa de inovação do país não é suficiente para manter a competitividade das companhias no mercado mundial

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h43.

O número de inovações lançadas pelas empresas brasileiras está crescendo, mas a uma velocidade inferior ao desejável para manter sua competitividade no mercado mundial. A taxa média de inovação - indicador que se refere à quantidade de empresas que lançaram novos produtos ou processos em um certo período de tempo - das companhias brasileiras é de 33,3%. "A taxa deveria ser de, no mínimo, 50%", afirma Olívio Ávila, diretor-executivo da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei). Isso significa que o atual ritmo de inovação do país é 44% menor que o desejável.

É verdade que a taxa de inovação brasileira está crescendo. Por volta do ano 2000, ela era de 31,5%. Mas o acréscimo de 1,8 ponto percentual não é suficiente para encurtar a distância que nos separa de países líderes em tecnologia. A Coréia do Sul, por exemplo, possui uma taxa próxima de 70%. Não por acaso, os coreanos depositaram quase 150.000 patentes no sistema mundial de patenteamento em 2004 - últimos dados disponíveis, sendo o terceiro país em volume. Enquanto isso, o Brasil figurava em 11º, com cerca de 30.000, de acordo com o World Intellectual Property Organization (Wipo). Além disso, o fosso tecnológico em relação aos países desenvolvidos fica mais claro, quando se constata que os Estados Unidos, Japão, Coréia do Sul, China e União Européia respondem por 75% das patentes geradas no mundo.

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Para Ávila, o Brasil avançou em alguns pontos. A Lei de Inovação Tecnológica, aprovada em 2004 e regulamentada em 2005, foi bem recebida pelos especialistas, por conter uma série de estímulos para que as empresas invistam em inovação, estabeleçam parcerias com universidades e institutos de pesquisa, e contratem mais mão-de-obra qualificada. A ressalva de Ávila recai sobre o modo como os incentivos são concedidos - como abatimento sobre o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). De acordo com o especialista, a melhor alternativa seria que os investimentos em inovação fossem revertidos em créditos tributários que as empresas poderiam usar para abater qualquer imposto.

Obstáculos

O desconhecimento, por parte das empresas, dos incentivos da Lei de Inovação também é outro motivo para o baixo grau de inovação, pois leva à falta de articulação das empresas e até de setores produtivos inteiros. "Sem que as empresas conheçam a lei, o processo de inovação fica muito lento", afirma Ávila.

A falta de um plano coordenado para fazer o país dar um salto em inovação também é apontada como uma falha. "A legislação veio antes do planejamento. Temos as ferramentas, mas não sabemos quanto queremos crescer, e qual a taxa de inovação desejada", diz Ávila.

O resultado é que, na média, as empresas brasileiras aplicam 1% de seu faturamento em inovação. Nos países da União Européia, o percentual é de 2,2%. E, na Coréia, chega a 7%.

Exemplos

Para entender melhor a diferença entre as empresas inovadoras e as que patinam neste quesito, a Unicamp lançou, nesta quinta-feira (24/5), o Índice Brasil de Inovação (IBI). O trabalho analisou dados de 60 empresas, divididas em quatro grupos, de acordo com a intensidade tecnológica de seu setor: alta densidade (grupo 1), média-alta (grupo 2), média (grupo 3), e média-baixa (grupo 4).

De acordo com o professor Ruy Quadros, um dos responsáveis pela pesquisa, as empresas que obtiveram a melhor classificação foram as que conseguiram um bom equilíbrio entre o esforço de inovação (representado pelo volume de recursos aplicados, número de pessoas mobilizadas, entre outros fatores) e o resultado (seja por meio de patentes, lançamento de produtos, novos processos, etc). Esse equilíbrio é necessário para evitar distorções, como as empresas que investem muito em licenciamento de novas tecnologias, por exemplo.

Na primeira edição do IBI, as empresas mais inovadoras foram: Delphi, Marcopolo e Embraer (grupo 1); Silvestre Labs e Vallé (grupo 2); Brasilata, Faber Castell e Usiminas (grupo 3); e Santista Têxtil, Grendene e Rigesa (grupo 4). Para Quadros, o que essas empresas têm em comum é "a inovação como pedra angular da estratégia competitiva".

Quanto mais acima da média de seu setor esteve a empresa, melhor classificada ela foi no IBI. No caso do grupo 1, o IBI das companhias destacadas foi de duas a quatro vezes maior que a média. No grupo 2, de quatro a cinco. No grupo 3, chegou a 12 vezes, devido aos números da Brasilata. No grupo 4, ficou entre 1,5 e 6.

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