Conselheiros de Dilma tentam convencê-la a cancelar viagem aos EUA
Ex-presidente Lula aconselha Dilma a não visitar EUA após revelações de espionagem da NSA
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2013 às 10h09.
Conselheiros da presidente Dilma Rousseff estão tentando convencê-la a cancelar a visita de Estado à Casa Branca no mês que vem, após revelações de que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos a espionou.
Entre os que agora a encorajam a cancelar a viagem está o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse um alto funcionário do governo à Reuters neste sábado, sob condição de anonimato. Lula segue muito influente em decisões importantes do governo.
Um ex-ministro no governo Lula, Franklin Martins, que também permanece influente, já lhe pediu para cancelar a viagem, disse a fonte.
Segundo a mesma fonte, Dilma ainda não se decidiu e só irá fazê-lo após uma reunião marcada para terça-feira com o ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo.
Figueiredo viajou para Washington nesta semana para ouvir a explicação dos EUA sobre a espionagem, e deverá dar a Dilma um relatório oficial.
Divulgações recentes de que os EUA espionaram o Brasil, segundo documentos vazados pelo ex-funcionário da NSA Edward Snowden, complicaram anos de esforços diplomáticos para melhorar as relações entre as duas maiores economias das Américas.
A visita de Estado de Dilma, prevista para 23 de outubro, foi o único evento do gênero programado em Washington este ano. A viagem deveria servir como plataforma para negócios em tecnologia de exploração de petróleo e biocombustíveis, bem como para potencial de compra pelo Brasil de caças da Boeing.
Mas Dilma ficou enfurecida com as revelações de que a NSA monitorara a comunicação dela com alguns de seus principais assessores, bem como as de cidadãos do país.
Uma reportagem na edição online do jornal Folha de S.Paulo no sábado (14) afirmou que a presidente Dilma deve cancelar a reunião com o presidente americano Barack Obama.
No início deste mês, Dilma se reuniu com Obama por quase 45 minutos sobre os bastidores de uma cúpula internacional na Rússia. Depois, Obama prometeu abordar suas preocupações e disse que o governo dos EUA precisa "voltar atrás e rever o que é que nós estamos fazendo" ao reunir informações de inteligência.
Após a reunião de Figueiredo nesta semana com o assessor de segurança nacional dos EUA, Susan Rice, Washington divulgou um comunicado dizendo que os relatórios recentes tinham levantado "questões legítimas para nossos amigos e aliados" sobre a inteligência dos EUA.
Dilma rejeitou a alegação de Washington de que só reúne dados críticos para a segurança nacional dos EUA.