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Chips chineses revelam desafios da globalização

Há cinco anos, a China produzia 2% dos microprocessadores consumidos no mundo. Estima-se que em 2010 terá 20% do mercado mundial. Expansão assusta os Estados Unidos e põe indústria chinesa de chips na lista de alvos de protecionismo americano

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h37.

O déficit comercial dos Estados Unidos com a China é imenso. Mas o setor de microprocessadores é um dos poucos em que os americanos obtêm saldos positivos. Ainda assim, os fabricantes chineses de chips também se tornaram alvos do protecionismo americano. O motivo: há cinco anos, a China produzia 2% dos microprocessadores consumidos no mundo; hoje, responde por 8% do total e estima-se que em 2010 terá 20% do mercado mundial.

A evolução da produção chinesa de chips parece uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos -- e de fato as ambições chinesas não têm limites, afirma reportagem do site americano Salon.com. Mas incrementar os controles sobre o comércio internacional de bens tecnológicos, como alguns políticos americanos têm exigido, pode pouco mais do que retardar levemente a real possibilidade de que a China ultrapasse os Estados Unidos. Já o prejuízo para os consumidores e para as companhias americanas que mantêm parcerias com as chinesas seria certo e imediato.

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O mercado de chips, na verdade, é um belo exemplo dos paradoxos da globalização. Os Estados Unidos têm superávit nesse segmento graças à emergência da China como celeiro mundial de computadores, aparelhos de DVD e celulares. Por décadas, a vantagem comparativa americana tem sido sua excelência em ciência e tecnologia. A própria indústria de chips oferece um bom exemplo, com altas porcentagens do faturamento direcionadas para pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Mas isso está mudando, e aí reside o real desafio -- interno, e não no livre comércio com a China. A porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos destinada a P&D está estável ou em declínio nos últimos trinta anos. Ao mesmo tempo, corporações e investidores americanos estão aportando bilhões de dólares em empreendimentos chineses. No ano passado, mais de 40 empresas de tenologia realizaram oferta pública inicial de ações (IPO, no jargão em inglês) na Nasdaq. Desse total, dez eram chinesas. O maior IPO, envolvendo 1,8 bilhão de dólares, foi justamente da chinesa SMIC, fabricante de chips.

"Parece que os Estados Unidos esqueceram como se joga seu próprio jogo, mesmo tendo sido a nação que historicamente mais impulsionou os mercados globais e o livre comércio", diz a reportagem. "Em 2004, as exportações da China para os Estados Unidos foram quase seis vezes maiores do que suas importações", diz o senador americano Chuck Hagel em artigo publicado pelo Financial Times. "Tentar fechar esse fosso com tarifas que violam as regras da Organização Mundial do Comércio ou com ameaças não vai resolver o problema. Os Estados Unidos precisam arrumar a própria casa."

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