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Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2009 às 12h10.
Uma semana depois da revelação do escândalo fiscal envolvendo a Satyam, o mercado indiano de terceirização de tecnologia volta a ser abalado. O Banco Mundial informou a exclusão da Wipro, terceira maior empresa de tecnologia do país, de sua lista de fornecedores de tecnologia. A companhia foi banida por "fornecer benefícios impróprios para funcionários do banco", informou nesta segunda-feira (12/01) o jornal Financial Times.
O Banco Mundial rompeu com a Wipro em junho de 2007 por quatro anos, mas o caso só foi divulgado hoje. Em 2000, quando abriu o capital, a Wipro criou uma política que previa a venda de ações para funcionários e clientes pelo preço do IPO. Por meio desse programa, a Wipro vendeu ações para o diretor e gerentes de tecnologia do Banco Mundial, que ampliaram o benefício para familiares e amigos. Os funcionários do banco compraram o equivalente a 72 000 dólares em ações e assinaram um contrato dizendo que não violariam os padrões éticos da organização.
A instituição condenou a prática, embora a Wipro tenha afirmado que o incidente foi mais uma divergência de opiniões do que qualquer tipo de conduta indevida. A indiana afirmou também que a exclusão da lista de fornecedores não terá impactos de grandes proporções, pois o Banco Mundial não é um cliente significativo. Mesmo assim, suas ações caíram quase 9% na bolsa indiana.
O episódio envolvendo a Wipro vem um momento vulnerável para o setor indiano de terceirização de tecnologia. A Satyam, quarta maior empresa do ramo no país, admitiu por meio de seu CEO fraudes bilionárias e desencadeou uma crise de confiança sobre as práticas de governança corporativa no país. Segundo especialistas, o caso da Wipro pode agravar ainda mais as suspeitas sobre as empresas locais. Atualmente, as companhias indianas faturam cerca de 40 bilhões de dólares por ano com contratos de desenvolvimento de software, programação e atendimento remoto de suporte.