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Aumento do nível dos mares ameaça locais históricos dos EUA

O relatório aponta 30 tesouros nacionais americanos ameaçados pelas águas, mas também por incêndios no oeste dos Estados Unidos

Estátua da Liberdade (AFP)

Estátua da Liberdade (AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2014 às 06h19.

A elevação do nível dos mares, provocada pelo derretimento do gelo polar devido ao aquecimento global, ameaça vários lugares históricos dos Estados Unidos, como a Estátua da Liberdade e o Centro Espacial Kennedy, alertou um relatório divulgado nesta terça-feira.

"Podemos quase recontar a História dos Estados Unidos através destes lugares", afirmou Adam Markham, pesquisador da organização privada União dos Cientistas Preocupados (UCS, na sigla em inglês), co-autor do informe "National Landmarks at Risk" (Locais Históricos Nacionais em Risco, em tradução literal).

O relatório aponta 30 tesouros nacionais americanos ameaçados pelas águas, mas também por incêndios no oeste dos Estados Unidos, onde estes incidentes têm sido cada vez mais frequentes devido a secas que climatologistas associam ao aquecimento global.

Além da Estátua da Liberdade e do Centro Espacial Kennedy, de onde partiram os primeiros homens a pisar na Lua, o documento citou Jamestown, na Virgínia, onde foi fundada a primeira colônia britânica no continente americano e que "será, provavelmente, submersa pela elevação do oceano até o fim do século", antecipou o UCS.

"O Forte Monroe, na Virgínia, que teve um papel crucial durante a Guerra da Secessão, será uma ilha daqui a 70 anos", acrescentou Adam Markham, destacando, ainda, que "o Castelo de São Marcos, em Saint Augustine, na Flórida, é muito vulnerável". Esse é o mais antigo forte construído nos Estados Unidos.

O castelo de São Marcos enfrenta riscos crescentes de inundação e, sem que proteções sejam erguidas, será completamente cercado pelas águas porque, segundo projeções da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), o nível do Oceano Atlântico deve aumentar 91 centímetros até 2100, em uma estimativa conservadora.

- Muitas estruturas da Nasa ameaçadas -

O aumento do nível dos mares e a ameaça de tempestades mais violentas também deixam em risco o centro histórico de Anápolis, em Maryland; o de Charleston, na Carolina do Sul; e o de Boston em Massachusetts, advertiram os autores do relatório, segundo o qual muitos outros tesouros arqueológicos no resto do mundo também estão vulneráveis.

A Sociedade Americana de Arqueologia (SAA), que tem a missão de preservar as riquezas arqueológicas em todo o mundo, também publicou um comunicado nesta terça pedindo grande atenção para a preservação desses locais.

A Nasa avalia como as mudanças climáticas afetam o Centro Espacial Kennedy e muitos outros locais também ameaçados, e elabora planos para se proteger. Cinco dos sete principais centros da agência espacial americana estão situados ao longo da costa, já que a proximidade da água necessária para o lançamento de veículos espaciais fora de zonas habitadas.

Muitos desses centros já sofreram importantes prejuízos com a elevação dos mares, a erosão costeira e os furacões, acrescentou o informe.

"Segundo o escritório de planejamento e desenvolvimento da Nasa, a elevação do nível dos oceanos é a maior ameaça à continuidade das operações do Centro Espacial Kennedy", indicou o relatório da UCS.

Para conter as mudanças climáticas e ganhar tempo para melhor preservar todos os locais ameaçados, é indispensável reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2), principal gás de efeito estufa derivado das atividades humanas, insistiram os autores.

De acordo com o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), limitar o aquecimento do clima a 2°C com base na era pré-industrial ainda é possível, mas exige uma ação rápida para reduzir as emissões de CO2 de 40% a 70% até 2050.

"Reduzir as emissões de carbono de forma significativa e rapidamente pode retardar o ritmo de elevação do nível dos oceanos, além de limitar o aumento das temperaturas terrestres e a extensão da temporada de incêndios", insistiu Angela Anderson, diretora de programas para o clima e energia da UCS.

 

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