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Árvore genealógica dos pássaros revela cópula entre espécies diferentes

Estudo afirma que flamingos e mergulhões se relacionavam com pombos

Flamingos (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 06h17.

As aves usam essencialmente os mesmos genes para cantar que nós, humanos, usamos para falar. E os flamingos são mais próximos dos pombos do que dos pelicanos.

Estas são algumas revelações surpreendentes que emergiram do maior e mais sofisticado mapeamento já feito sobre a árvore genealógica das aves.

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Para realizar o mapeamento, publicado em mais de duas dúzias de artigos separados, oito deles na edição desta sexta-feira (12) da revista científica americana Science, cientistas de 20 países passaram quatro anos debruçados no projeto de decodificar os genomas completos de 48 espécies de aves, incluindo corujas, beija-flores, pinguins e pica-paus.

Eles também compararam as aves a três diferentes espécies de crocodilos - que são os répteis mais próximos das aves - e descobriram taxas vastamente diferentes de evolução.

As aves foram muito mais rápidas em desenvolver novos traços, enquanto os crocodilos - que compartilharam um ancestral comum com as aves e os dinossauros, há 240 milhões de anos - quase não mudaram.

As aves são "a única linhagem de dinossauros que sobreviveu à extinção em massa do final da chamada era dos dinossauros", há cerca de 65 milhões de anos, disse o co-autor do estudo, Ed Braun, professor associado da Universidade da Flórida.

"Seu parente vivo mais próximo é na verdade crocodiliano, então você volta a ter estes organismos muito diferentes voltando no tempo regularmente", acrescentou.

Acredita-se que alguns poucos novos tipos de aves tenham sobrevivido ao evento catastrófico que varreu os dinossauros da face da Terra e a partir de então, eles evoluíram rapidamente para o arranjo de cerca de 10 mil espécies que nós vemos hoje.

De acordo com a pesquisa, as aves perderam seus dentes cerca de 116 milhões de anos atrás.

O desejo de acasalar e ser notado pelo sexo oposto levou a uma rápida evolução de 15 genes de pigmentação, associados à plumagem e às penas, acrescentou o estudo.

A habilidade das aves de cantar e imitar sons se baseia nos mesmos circuitos cerebrais que vemos nos humanos, embora tenham desenvolvido estas habilidades por caminhos evolutivos diferentes.

Enquanto isso, galinhas e avestruzes estão entre as aves cuja aparência mais lembra à de seus ancestrais.

O co-autor do estudo, Erich Jarvis, professor associado de neurobiologia da Escola de Medicina da Universidade de Duke, descreveu como "uma grande surpresa que na verdade é a galinha que parece ter preservado a maior organização cromossômica dos ancestrais, em comparação com outras espécies".

"Mas isto não significa que outras partes dos aspectos deste genoma não sejam tão antigas quanto. O avestruz poderia, inclusive, ser mais velho", pois parece que seu genoma está evoluindo mais lentamente que o das galinhas.

Os cientistas também se disseram surpresos ao descobrir que os flamingos, conhecidos pelas pernas longas, pelos bicos elegantes e a plumagem característica rosada, sejam intimamente ligados aos pombos, pombas e pequenas aves aquáticas conhecidas como mergulhões.

"O que nós descobrimos foi um casal realmente estranho de aves: onde nós temos pombos e seus afins, eles se juntam com flamingos e mergulhões", disse Braun.

"Flamingos e mergulhões são bastante diferentes em aparência, embora ambos sejam aves aquáticas, que você pode ficar surpreso em vê-los juntos, mas relacioná-los com pombos é especialmente inesperado", prosseguiu.

Para chegar a estas conclusões, os cientistas usaram uma variedade de técnicas que ajudaram a reunir e analisar mais de 14.000 genes e construir uma árvore genealógica vinculando diferentes espécies de aves.

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