Aquecimento global está causando mau humor nas pessoas
Uma análise de quase 200 estudos diferentes revela como os seres humanos estão reagindo aos golpes climáticos
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2016 às 17h06.
Não é preciso um doutorado para perceber que o clima afeta nossas vidas. Qualquer pessoa que more longe o suficiente da linha do equador sabe disso simplesmente ao abrir o guarda-roupa.
Não entanto, são necessários muitos cientistas para revelar como o clima nos afeta -- em particular à medida que o clima muda. Claro que há calor e secas prolongadas em alguns lugares, outros sofrem enchentes e tempestades persistentes -- em todas as formas que aprendemos a ver o aquecimento global (embora ainda há quem rejeite a explicação científica).
Mas uma análise exaustiva de quase 200 estudos diferentes revela não apenas a magnitude dessas mudanças previsíveis, mas também como os seres humanos estão reagindo aos golpes climáticos. Os resultados são perturbadores.
Richard Moss, cientista sênior do Joint Global Change Research Institute, do Pacific Northwest National Laboratory, diz que o estudo é essencial para deixar claro o preço cotidiano da mudança climática.
Moss, que dirigiu a divisão climática do U.S. Global Change Research Program e contribui para a National Climate Assessment, disse que “isso sempre foi um desafio em alguns de nossos debates nacionais”.
Pelo menos desde Aristóteles, pensadores se perguntam como o clima molda as sociedades, observam os autores da nova análise. O problema para responder a essa pergunta de forma completa é que os cientistas teriam que medir praticamente tudo o tempo todo.
O novo superestudo, publicado na quinta-feira na revista acadêmica Science, mostra que os cientistas foram muito espertos na hora de tirar conclusões, combinando os dados que eles têm com abordagens estatísticas inovadoras. Alguns impactos menos previsíveis:
1. O calor afeta a reprodução humana
Temperaturas mais altas afetam o comportamento sexual humano, concluíram os pesquisadores. A taxa de natalidade cai nove meses depois de ondas de calor e se recupera nove meses depois do fim do calor. Neste caso, a adaptação é um adiamento, em vez de um declínio, de padrões regulares.
2. Secretamente, as pessoas odeiam o calor
É fácil imaginar que o clima mais quente poderia tornar as pessoas mais felizes. Afinal, o verão vem com praias, bicicletas, caminhadas e churrascos.
Talvez isso não seja verdade, segundo um artigo publicado em 2014 que analisou um bilhão de tuítes e os classificou segundo um índice de felicidade.
Acima de uns 21 graus Celsius, o humor dos usuários do Twitter mudava, fato evidenciado em parte pelo aumento dos insultos.
A diferença nas pontuações de felicidade dos usuários entre climas de 15,5ºC a 21ºC e de 26ºC a 32ºC era semelhante à diferença no ânimo das pessoas no domingo em comparação com segunda-feira.
3. Calor e violência podem estar ligados
Um estudo publicado no Journal of Environmental Economics & Management em 2014 chamou atenção por comparar o aumento do número de crimes violentos nos EUA com a taxa de aquecimento global e concluir que “a temperatura tem forte efeito positivo na conduta criminosa”.
A análise se baseou em 30 anos de estatísticas mensais sobre crime e clima para quase 3.000 municípios americanos. O pesquisador afirma que, caso esse padrão se mantenha, no fim do século serão registrados 22.000 homicídios, 18.000 estupros, 1,2 milhão de assaltos à mão armada, 2,3 milhões de agressões, 260.000 roubos, 1,3 milhão de arrombamentos, 2,2 milhões de casos de furto e 580.000 casos de roubo de veículo adicionais.
4. Uma desculpa para nota baixa em matemática
O desempenho de crianças em testes de matemática cai à medida que as temperaturas sobem, o que estimula perguntar se o ar condicionado em salas de aula não seria apenas uma questão de conforto, mas também de desempenho acadêmico.
Tamma Carleton e Solomon Hsiang, autores do novo artigo, se concentraram em uma tarefa enorme, mas limitada: Como o clima afeta a sociedade?
Outro artigo publicado na Science na quinta-feira questiona como o mundo não-humano pode se sair. Uma equipe liderada por Mark Urban, da Universidade de Connecticut, informa que é preciso muito trabalho para avaliar como a mudança climática afeta a biodiversidade.
Mas está bastante claro que garantir que plantas, animais e micróbios estejam felizes em um ecossistema alterado pelos seres humanos não se resume a cuidar da saúde deles: também é fundamental para nossa sobrevivência.
Não é preciso um doutorado para perceber que o clima afeta nossas vidas. Qualquer pessoa que more longe o suficiente da linha do equador sabe disso simplesmente ao abrir o guarda-roupa.
Não entanto, são necessários muitos cientistas para revelar como o clima nos afeta -- em particular à medida que o clima muda. Claro que há calor e secas prolongadas em alguns lugares, outros sofrem enchentes e tempestades persistentes -- em todas as formas que aprendemos a ver o aquecimento global (embora ainda há quem rejeite a explicação científica).
Mas uma análise exaustiva de quase 200 estudos diferentes revela não apenas a magnitude dessas mudanças previsíveis, mas também como os seres humanos estão reagindo aos golpes climáticos. Os resultados são perturbadores.
Richard Moss, cientista sênior do Joint Global Change Research Institute, do Pacific Northwest National Laboratory, diz que o estudo é essencial para deixar claro o preço cotidiano da mudança climática.
Moss, que dirigiu a divisão climática do U.S. Global Change Research Program e contribui para a National Climate Assessment, disse que “isso sempre foi um desafio em alguns de nossos debates nacionais”.
Pelo menos desde Aristóteles, pensadores se perguntam como o clima molda as sociedades, observam os autores da nova análise. O problema para responder a essa pergunta de forma completa é que os cientistas teriam que medir praticamente tudo o tempo todo.
O novo superestudo, publicado na quinta-feira na revista acadêmica Science, mostra que os cientistas foram muito espertos na hora de tirar conclusões, combinando os dados que eles têm com abordagens estatísticas inovadoras. Alguns impactos menos previsíveis:
1. O calor afeta a reprodução humana
Temperaturas mais altas afetam o comportamento sexual humano, concluíram os pesquisadores. A taxa de natalidade cai nove meses depois de ondas de calor e se recupera nove meses depois do fim do calor. Neste caso, a adaptação é um adiamento, em vez de um declínio, de padrões regulares.
2. Secretamente, as pessoas odeiam o calor
É fácil imaginar que o clima mais quente poderia tornar as pessoas mais felizes. Afinal, o verão vem com praias, bicicletas, caminhadas e churrascos.
Talvez isso não seja verdade, segundo um artigo publicado em 2014 que analisou um bilhão de tuítes e os classificou segundo um índice de felicidade.
Acima de uns 21 graus Celsius, o humor dos usuários do Twitter mudava, fato evidenciado em parte pelo aumento dos insultos.
A diferença nas pontuações de felicidade dos usuários entre climas de 15,5ºC a 21ºC e de 26ºC a 32ºC era semelhante à diferença no ânimo das pessoas no domingo em comparação com segunda-feira.
3. Calor e violência podem estar ligados
Um estudo publicado no Journal of Environmental Economics & Management em 2014 chamou atenção por comparar o aumento do número de crimes violentos nos EUA com a taxa de aquecimento global e concluir que “a temperatura tem forte efeito positivo na conduta criminosa”.
A análise se baseou em 30 anos de estatísticas mensais sobre crime e clima para quase 3.000 municípios americanos. O pesquisador afirma que, caso esse padrão se mantenha, no fim do século serão registrados 22.000 homicídios, 18.000 estupros, 1,2 milhão de assaltos à mão armada, 2,3 milhões de agressões, 260.000 roubos, 1,3 milhão de arrombamentos, 2,2 milhões de casos de furto e 580.000 casos de roubo de veículo adicionais.
4. Uma desculpa para nota baixa em matemática
O desempenho de crianças em testes de matemática cai à medida que as temperaturas sobem, o que estimula perguntar se o ar condicionado em salas de aula não seria apenas uma questão de conforto, mas também de desempenho acadêmico.
Tamma Carleton e Solomon Hsiang, autores do novo artigo, se concentraram em uma tarefa enorme, mas limitada: Como o clima afeta a sociedade?
Outro artigo publicado na Science na quinta-feira questiona como o mundo não-humano pode se sair. Uma equipe liderada por Mark Urban, da Universidade de Connecticut, informa que é preciso muito trabalho para avaliar como a mudança climática afeta a biodiversidade.
Mas está bastante claro que garantir que plantas, animais e micróbios estejam felizes em um ecossistema alterado pelos seres humanos não se resume a cuidar da saúde deles: também é fundamental para nossa sobrevivência.