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Aquecimento global danifica corais vitais para países-ilha

Aumento do nível do mar para algumas ilhas do Pacífico Ocidental foi de quatro vezes a média mundial, com elevação de 1,2 centímetro por ano de 1993 a 2012

Aquecimento global: ilhas poderiam aproveitar energia solar ou eólica para reduzir conta de importação de combustível (klemas/Creative Commons)
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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2014 às 14h40.

São Paulo - O aquecimento global está causando trilhões de dólares em danos aos recifes de coral, agravando os riscos para os pequenos países insulares tropicais ameaçados pela elevação do nível do mar, afirma um relatório da ONU divulgado nesta quinta-feira.

O aumento do nível do mar para algumas ilhas do Pacífico Ocidental foi de quatro vezes a média mundial, com elevação de 1,2 centímetro por ano de 1993 a 2012 devido a mudanças nos ventos e correntes, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

O estudo, divulgado para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente das Nações Unidas, em 5 de junho, assinala que o aquecimento das águas do Oceano Índico para o Caribe estava danificando recifes, matando os animais minúsculos que formam os corais.

"Estas 52 nações, lar de mais de 62 milhões de pessoas, emitem menos de 1 por cento dos gases de efeito estufa globais, mas elas sofrem desproporcionalmente com as mudanças climáticas que as emissões globais causam", disse Achim Steiner, o diretor-executivo do Pnuma.

"Algumas ilhas podem se tornar inabitáveis e outras enfrentam a perda potencial da totalidade de seus territórios", disse o estudo.

A perda dos corais está trazendo um prejuízo de trilhões de dólares por ano dos serviços proporcionados pela natureza, geralmente considerados gratuitos. Os corais são berçários para muitos tipos de peixes, eles ajudam a proteger as costas de tempestades e tsunamis e também atraem turistas.

Ecossistemas ameaçados

Um estudo no mês passado estimou que cada hectare dos recifes de coral do mundo presta serviços no valor de 350.000 dólares por ano. Uma perda de 34 milhões de hectares de corais desde o final da década de 1990 representa 11,9 trilhões de dólares por ano.

"Os corais... provavelmente são os ecossistemas mais ameaçados do planeta", disse à Reuters Robert Costanza, da Universidade Nacional Australiana e principal autor do estudo.

O painel de cientistas do clima da ONU disse em março que havia sinais de alerta de que os corais de águas quentes já estavam experimentando mudanças "irreversíveis".

"Enfrentar a mudança climática... é absolutamente vital para a sobrevivência dos pequenos países insulares ", disse Christiana Figueres, chefe do Secretariado de Mudança Climática da ONU, em entrevista coletiva.

O relatório também aponta que as pequenas ilhas poderiam aproveitar a abundante energia solar ou eólica para ajudar a reduzir a conta de importação de combustível, muitas vezes entre 5 e 20 por cento do produto interno bruto.

"Estamos fazendo o que podemos", disse o ministro do Meio Ambiente das Ilhas Marshall, Tony de Brum, apontando para planos de investimento em energia solar. As Ilhas Marshall possuem o maior santuário de tubarões do mundo.

Um novo estudo, publicado na revista científica Oikos, mostra que dois fatores principais são importantes para a sobrevivência das cabras: as horas de claridade do dia e a temperatura. Para os caprinos da Escócia, que sofrem com o frio das áreas mais elevadas do norte do país, o aquecimento global pode ser uma dádiva. A elevação das temperaturas parece estar tornando a vida um pouco mais fácil para os animais da região, que já começam a marcar território. O aumento da população de cabra selvagem e a mudança de seu habitat foi documentada pelo pesquisador britânico Robin Dunbar, da Universidade de Oxford e seu colega Jianbin Shi.
  • 2. Adeus ao cafezinho

    2 /8(Alex Silva)

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    O nosso querido cafezinho também corre riscos. Segundo uma nova pesquisa, publicada na revista científica Plos One, essa bebida tradicional pode sumir do cardápio dentro de 70 anos devido ao aquecimento global e às mudanças climáticas. O estudo realizado por pesquisadores do Royal Botanic Gardens da Grã-Bretanha, em colaboração com cientistas na Etiópia, constatou que entre 38 e 99,7% das áreas adequadas para o cultivo da espécie arábica desaparecerá até 2080 se as previsões do aumento das temperaturas se concretizarem.
  • 3. Aumento de problemas cardíacos

    3 /8(David Silverman/Getty Images)

  • É bom preparar o coração para as mudanças. Eventos climáticos extremos de calor e frio se tornarão mais comuns e isso vai colocar pressão sobre o coração das pessoas, dizem os cientistas. Um estudo publicado no British Medical Journal concluiu que a queda de temperatura de 1ºC em um único dia no Reino Unido está ligado ao aumento de 200 ataques cardíacos. Ondas de calor também geram efeito semelhante. Mais de 11 mil pessoas morreram por complicações cardíacas durante a onda de calor que atingiu a França na primeira metade de agosto de 2003, quando as temperaturas subiram para mais de 40ºC.
  • 4. Queda na capacidade trabalho

    4 /8(Getty Images)

    Um estudo publicado na revista científica “Nature Climate Change” sugere que o aumento da temperatura global nos últimos 60 anos reduziu a capacidade de trabalho em 10%. Pior, a previsão é de que “estresse térmico” poderá prejudicar ainda mais a aptidão do trabalhador para desempenhar suas funções nas próximas décadas. De acordo com a pesquisa, a capacidade de trabalho em 2050 será reduzida a 80% do que hoje.
  • 5. Maratonas mais lentas

    5 /8(Einar Hansen/ StockXchng)

    Embora o tempo dos vencedores de maratonas tenha melhorando gradativamente ao longo do século passado, essa tendência corre risco de diminuir diante do aumento das temperaturas. Um estudo da Universidade de Boston indica que o aquecimento global poderá tornar as maratonas mais lentas, afetando o tempo das vitórias. Mantida a tendência de aquecimento atual, de 0.058°C por ano, até 2100, a chance de detectar uma "desaceleração consistente no tempo de vitória da maratona" é de 95%, diz o estudo.
  • 6. Uvas não curtem calor, logo...

    6 /8(Getty Images)

    As uvas vinícolas são uma das culturas mais sensíveis ao calor, chuvas, incidências de sol e mudanças bruscas no clima. Não à toa, elas estão na mira do aquecimento global. Segundo estudos mais recentes, a produção de vinhos em regiões consagradas, como Bordeaux, na França, pode cair cerca de 60% até 2050. Em contrapartida, a mudança climática poderia também abrir outras partes do mundo para a produção de uvas, uma vez que os produtores teriam que procurar lugares mais altos e mais frios.
  • 7. Mais metano, mais aquecimento

    7 /8(Ian Joughin, University of Washington)

    Os efeitos do aquecimento global, acredite, também podem gerar mais aquecimento global. Estudo recente, publicado na revista Nature por uma equipe internacional de cientistas, mostrou que o degelo no continente antártico pode ser uma fonte importante, embora esquecida, de metano, um gás efeito estufa com potencial de aquecimento global 21 vezes maior do que o do CO2. Ou seja, o derretimento do gelo pode liberar milhões de toneladas desse gás na atmosfera e agravar o aquecimento global.
  • 8. Guarda-chuva para os Pólos?

    8 /8(Divulgação)

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