Tecnologia

A semana dos grandes desafios globais na Singularity University

A meta é impactar positivamente a vida de 1 bilhão de pessoas em 10 anos.

Brad Templeton

Brad Templeton

DR

Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2014 às 09h40.

A INFO publicará toda semana as experiências do brasileiro Breno Soares, 23 anos, na Singularity University, nos Estados Unidos, instituição em que é bolsista. Assis é vencedor do Call to Innovation, da Fiap, com uma plataforma unificada que integra sistemas operacionais da SPTrans, EMTU, CPTM, Metrô e Via Quatro, permitindo que o usuário tenha informações sobre chegadas e partidas, tempo de espera, condições da viagem e deslocamento.

Os Desafios Globais, aqui chamados de Global Grand Challenges são o nosso objetivo final no GSP (Graduate Studies Program), nossa meta é impactar positivamente a vida de 1 bilhão de pessoas em 10 anos. O projeto de conclusão do GSP é justamente criar um produto ou serviço com este potencial de impacto.

Os desafios são separados em três cenários em que podemos pensar em atuar:

  • Necessidades básicas: Garantir alimentação, água, energia, saúde e saneamento para a base da pirâmide e erradicar a pobreza;
  • Melhoria da qualidade de vida: Melhorar a forma com a qual nos comunicamos, locomovemos, reduzir a poluição ou aumentar a eficiência energética de nossos aparelhos e cidades;
  • Preservação da vida para o futuro: Aquecimento global, desastres naturais, expansão da nossa espécie para fora da Terra, indo até onde ninguém jamais esteve.

Esta semana foi recheada de palestras, foram mais de 35 palestrantes de diversos lugares do mundo que nos apresentaram problemas, soluções atuais, desafios e oportunidades.

Os “Global Grand Challenges” são divididos em 10 áreas de atuação: Desastres, Educação, Energia, Meio Ambiente, Alimentação, Saúde, Pobreza, Segurança, Sociedade em mudança, Água. 

Os projetos, ao final do programa, devem usar as tecnologias exponenciais que aprendemos para endereçar algum desses problemas. A missão é ampla e difícil, mas ninguém falou que seria fácil, não é mesmo?

Raspberry Pi

Esta semana também tivemos o primeiro workshop no Innovation Lab da Singularity University, uma introdução ao Raspberry Pi, aquele micro-pc que aqui custa apenas US$ 35,00 (E no Brasil R$ 240,00).

Esse pequeno hardware é simples e ao mesmo tempo extremamente poderoso. Possui uma boa relação custo x benefício, além de reduzir o valor de prototipação de novos dispositivos por ser muito fácil de aprender a trabalhar com ele.

Esse workshop teve consequência para mim: no dia seguinte, resolvi passar mais algumas horas no laboratório e desenvolvi uma integração entre o Raspberry e minha plataforma de transportes públicos. A cada 1 minuto, o Raspberry obtém a situação das linhas de trem e metrô de São Paulo e, de acordo com essa informação, acende a luz verde, amarela ou vermelha.

Mr. Toilet 
Jack Sim, o simpático senhor da foto, é o irreverente e inspirador fundador da World Toilet Organization, uma organização com foco em levar saneamento básico para todo o planeta.

Ele nos contou que 40% do mundo não possui saneamento básico o que resulta em problemas de saúde e mortes que poderiam ser evitadas se a contaminação das águas fosse reduzida.

Outro ponto importante é a visão desse empreendedor. Se uma coisa ficou clara para todos os participantes do GSP 2014 é de que viver de doação não é sustentável. Um negócio social tem que gerar lucro."O problema com as doações é que o valor de mercado é zero e, nesse mundo, nenhum empreendedor pode sobreviver, não há sustentabilidade”, afirma Sim.

Empatia é a chave
Dia desses, fomos levados para San Francisco em plena Market Street (a Avenida Paulista daqui) para conversar com os inúmeros moradores de rua.

A proposta é nos aproximar dos problemas para que possamos criar a empatia com quem buscamos ajudar. De nada adianta, nem do ponto de vista humano, nem do ponto de vista comercial, ter um produto ou serviço que não foi pensado para as necessidades do usuário, criando, dessa forma, algo que jamais vai poder atendê-lo, muito menos impactar 1 bilhão de pessoas.

Ao retornarmos para o Impact Hub, fizemos uma sessão de bate-papo e reflexão sobre nossas experiências seguida de muita pizza e boas conclusões. Aliás, sobre as pizzas, as que sobraram tiveram um destino bem interessante, mas isso fica como bônus!

O fato é que Singularity University não tem como missão apenas aplicar cegamente altas tecnologias aos seus alunos, mas sim formar o nosso caráter e apurar nossa sensibilidade para entender os problemas do mundo da forma completa e não apenas técnica. Particularmente, eu acredito que isso torna essa experiência ainda mais enriquecedora e única!

Scanadu 
Enquanto a Apple trabalha no Health para o iOS 8, a Scanadu trabalha para lançar o sensor dedicado para mHealth, um tricoder inspirado nos filmes da franquia de Jornada nas Estrelas, que tem a capacidade de medir a temperatura, pressão e batimentos cardíacos, além de um módulo de diagnóstico por meio da urina (o que é feito com a ajuda de uma espécie de palheta com reagentes, bem simples e barata). Além disso, o App para smartphones permite enviar o seu histórico de avaliações direto para o médico.

Eu participei do teste deles para ajustar os sensores e pude conversar com a equipe, o projeto já está a mais de três anos em desenvolvimento em parceria com a Singularity University Labs, que são uma espécie de incubadora aqui dentro do NASA Ames, e vejam que legal, os fundadores da Scanadu foram alunos da Singularity no GSP de 2010.

Eles estão no processo de obter a regulação da FDA para que o produto possa ser realmente usado por doutores por todos os EUA, vamos torcer para que a tecnologia chegue logo ao Brasil!

BÔNUS... O destino das pizzas
Ao terminar o evento no Impact Hub, planejamos levar as pizzas que sobraram para entregá-las aos desabrigados da Market Street. Porém, já estávamos na área da Universidade de San Francisco, quilômetros de distância de onde realizamos a atividade de campo, então começamos a andar até encontrarmos um táxi.

Quando avistamos um carro, uma de nossas colegas bateu na janela para saber se o taxista estava com passageiros, assim que o vidro se abriu pudemos ver que lá dentro estavam outros alunos da SU com a mesma intenção que a nossa. Entregamos nossas pizzas a eles e tivemos certeza que de elas estavam no caminho certo.

 

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