8 inovações que surgiram por acaso
Atenção, abertura para a surpresa e até erros foram decisivos para a invenção de várias coisas importantes do dia-a-dia
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2011 às 13h12.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h32.
São Paulo - Nem sempre os conhecimentos estritamente tecnológicos são o fator determinante para uma invenção dar certo. Estar aberto a novas ideias, ao acaso e ao chamado “elemento surpresa” pode ser o elemento mais importante nesse processo de criação. Isaac Newton e a maçã que o digam. Quando se trata de inovação, até o erro pode ser uma terra fértil para novos produtos. Basta um olhar mais atento para as oportunidades. Confira a seguir algumas invenções que surgiram a partir de insights e do acaso.
Muito popular em praias e parques, o Frisbee é um esporte que foi fruto do acaso. Apesar de haver várias versões sobre seu surgimento, a história mais aceita é a de que tudo começou em 1871, nos Estados Unidos, com a confeitaria Frisbie Pie. Os pratos que embalavam as tortas vendidas por William Russel Frisbie, o dono da confeitaria, eram jogados de um lado para o outro pelos jovens do lugar. Nos anos 40, o que era apenas uma brincadeira virou um negócio nas mãos de Walter Frederick Morrisson. Ele ajustou as medidas do prato para dar ao instrumento uma forma mais dinâmica e lançou uma versão do instrumento feita de plástico. Apelidado também de Pluto Platter, o prato foi chamado de Frisbee.
Apesar da polêmica sobre os efeitos danosos do aspartame no organismo, fato é que, depois que foi criado, em 1965, a indústria alimentícia nunca mais foi a mesma. O edulcorante foi descoberto, por acaso, pelo cientista James Schlatter, da G. D. Searle & Company. Na época, ele estava investigando aminoácidos para desenvolver um tratamento contra a úlcera. Enquanto manipulava o composto, parte da mistura espirrou do frasco e caiu em seus dedos, sem que percebesse. Algum tempo depois, antes de passar uma página de um livro, ele levou o dedo à boca para molhá-lo. Na mesma hora, sentiu o gosto adocicado da substância que veio a se tornar um integrante importante em dietas no mundo todo.
A salvação dos cozinheiros de primeira viagem surgiu a partir de um experimento malsucedido, em 1938. O Teflon, camada aplicada em panelas e frigideiras que impede que a comida grude no fundo, foi descoberto pelo químico americano Roy Plunkett. Em uma experiência em que tentava usar o clorofluorcarbono (CFC) em processos de refrigeração, ele abriu uma câmara de refrigeração onde esperava encontrar apenas gás. Em vez disso, ali estavam apenas flocos brancos que, mais tarde, mostraram ser bons lubrificantes e antiaderentes.
Se não fosse pela ajuda do cachorro de estimação do engenheiro suíço Georges de Mestral, talvez o velcro tivesse demorado um pouco mais para ser criado. A inspiração para desenvolver esse material aderente veio das caminhadas que ele fazia com o bicho nos Alpes, em 1941. Georges de Mestral reparou que, todos os dias, seu cão voltava do passeio com sementes de Arctium (carrapicho) grudados no pelo. Movido pela curiosidade, ele viu a planta pelo microscópio e descobriu que era composta por filamentos entrelaçados e com pequenos ganchos nas pontas. Daí veio a ideia de criar o velcro, patenteado em 1951.
Um chocolate no bolso do engenheiro Percy Spencer desencadeou a criação do forno de micro-ondas. Em 1945, Spencer trabalhava na Raytheon, empresa de equipamentos militares e aeroespaciais. Um dia, enquanto manuseava um aparelho de radar ativo, sentiu algo diferente em seu bolso da calça. Era uma barra de chocolate que havia derretido com as micro-ondas. Foi assim que ele percebeu o potencial culinário da descoberta. Em 1946, a empresa patenteou a ideia e, como seria de se esperar, o primeiro quitute preparado no novo forno foi pipoca.
Foi por pouco que a descoberta da super-cola (Super Glue) não passou batida na história. A substância extremamente aderente chamada cianoacrilato foi identificada na década de 40 por Harry Coover, químico da divisão Eastman Kodak, em Nova York. Ele queria criar um plástico claro que pudesse ser usado nas miras de precisão para soldados. A nova substância, no entanto, era pegajosa demais e teve de ser descartada. Foi apenas em 1951, quando o químico estava na unidade de Kingsport, Tennessee, que a característica grudenta pareceu útil. O projeto era criar um polímero resistente ao calor para aviões a jato. Depois de testar o cianoacrilato novamente, ele percebeu que a cola não precisava de calor, nem de pressão para colar duas partes fortemente. Só em 1958 a descoberta foi patenteada.
Querendo, inicialmente, tratar a hipertensão e a angina, os pesquisadores do laboratório da Pfizer encontraram um remédio para outro problema de saúde, a impotência sexual masculina. O fármaco Citrato de Sildenafila não tinha grande impacto sobre a angina, mas foi capaz de provocar a manter ereções penianas pelo tempo de uma relação sexual. Diante da descoberta, a empresa farmacêutica mudou o foco das pesquisas e, em 1996, criou a patente do medicamento, expirada em 2010, no Brasil.
Quando, em 1952, um cientista da 3M manipulava o material para um projeto da indústria aeroespacial, ele não desconfiava que seu trabalho daria origem a outro. Sem querer, o pesquisador deixou cair em seu sapato um pouco da substância com a qual trabalhava no laboratório. Na hora de limpar, a surpresa: o líquido repelia a água. Já pensando nas possibilidades de usar a descoberta em outros campos, ele criou o líquido impermeabilizante Scotchgard, usado tanto para fins industriais, quanto domésticos (em carpetes, estofamento de carros, sofás, etc).