Abecip: Crédito imobiliário pode retomar níveis pré-crise a partir de 2020 (Germano Lüders/Exame)
Juliana Elias
Publicado em 25 de julho de 2019 às 14h08.
São Paulo - O volume de recursos destinados pelo sistema financeiro para financiamentos imobiliários e construção de imóveis atingiu 33,7 bilhões reais no primeiro semestre deste ano, considerado o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que usa os recursos depositados em poupança como fonte de crédito.
O volume representa um aumento de 33,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram desembolsados 25,3 bilhões de reais em crédito imobiliário pelo SBPE. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) nesta quinta-feira.
Para entidade, o resultado consolida um cenário de retomada robusta para um dos setores que mais sofreram durante os anos de recessão no país e que ainda está bem abaixo do pico que atingiu no passado.
“Temos um cenário inédito de taxa de juros e inflação baixas, que é essencial para financiamentos de longuíssimo prazo como o imobiliário, e estamos falando de números fortes de crescimento, na faixa de 30%, 40%”, disse o presidente da Abecip, Gilberto Duarte Filho. “É uma retomada consolidada.”
Os números positivos do primeiro semestre levaram a associação a revisar para cima suas projeções para o crescimento dos financiamentos imobiliário em 2019, de 7% para 13%, considerados os recursos a serem desembolsados tanto pela poupança (o SBPE) quanto pelo FGTS.
Juntos, os financiamentos vindos da poupança e do FGTS devem somar 132 bilhões de reais no total de 2019, na projeção da Abecip, reaproximando-os novamente de seu pico, de 155 bilhões, alcançado em 2014. “A partir de 2020 já devemos voltar aos níveis pré-crise, em termos nominais”, disse Duarte.
Quem está puxando o crescimento, porém, são os empréstimos imobiliários financiados pelo SBPE, que devem crescer 31% em 2019, de 57 bilhões de reais em 2018 para 75 bilhões de reais neste ano. Com isso, a poupança deve voltar a ultrapassar o FGTS como principal fonte de recursos para o financiamento de imóveis, depois de três anos em que foram os projetos de habitação subsidiados pelo FGTS que seguraram o mercado.
Para este ano, a projeção da ABECIP é que o crédito imobiliário via FGTS caia 4% em relação a 2018, de 60 bilhões de reais para 57 bilhões de reais.
“Foi o FGTS que segurou o mercado nos anos de crise, mas ele não pode ser a única fonte de recurso, e a expectativa é que ele fiquei mais ou menos constante nos próximos anos, enquanto outras fontes crescem, puxadas pela recuperação da economia”, disse Duarte.
As novas medidas de saques do FGTS anunciadas pelo governo foram bem recebidas pelas instituições financeiras que intermedeiam o crédito imobiliário no país e não irão afetar o setor.
Para Duarte Filho, presidente da Abecip, o anúncio do governo foi absolutamente positivo e tem total apoio da Abecip. “Estamos falando de uma retirada de recursos que representam pouco do saldo total do FGTS, que não comprometem a dinâmica do fundo, e que, para a economia, terão um grande impacto”, afirmou.
Ele disse ainda que os saques não afetam o orçamento do FGTS que já está comprometido e, como o saque-aniversário tem a contrapartida de não poder sacar depois em caso de demissão, há um balanço, o impacto é neutro.