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Se dá para simplificar, para que complicar?

A consultoria Verde Ghaia usa a inteligência artificial para desenvolver uma plataforma que promete facilitar o cumprimento da legislação ambiental

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Deivison Pedroza, presidente da Verde Ghaia: 200 000 normas ambientais tiram o sono das empresas (Leandro Fonseca/Exame)

Deivison Pedroza, presidente da Verde Ghaia: 200 000 normas ambientais tiram o sono das empresas (Leandro Fonseca/Exame)

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Katherine Rivas

Publicado em 7 de novembro de 2019, 05h24.

Última atualização em 8 de novembro de 2019, 17h02.

O assunto sustentabilidade foi conquistando espaço na agenda das empresas brasileiras aos poucos. Para a Verde Ghaia, consultoria de gestão ambiental e compliance criada há 20 anos, no entanto, as demandas intensificaram-se abruptamente depois das tragédias de Mariana, em novembro de 2015, e de Brumadinho, em janeiro deste ano. Antes do rompimento das barragens de rejeitos de mineração, a consultoria ganhava 20 novos clientes por mês.

Depois das catástrofes, o número subiu para 34. “Após Brumadinho, recebemos muitas ligações de empresários procurando auditoria ambiental, pois ficaram preocupados em perder lucro ou ser multados”, diz Deivison Pedroza, presidente e fundador da Verde Ghaia. Para ele, os acontecimentos em Mariana e Brumadinho foram uma lição para muitas empresas que não estavam comprometidas com a sustentabilidade dos negócios, limitando-se a cumprir protocolos e preencher relatórios apenas por exigência legal.

O aumento do número de clientes trouxe novos desafios e também oportunidades para a Verde Ghaia. Desde 1999, a consultoria trabalha com o Sogi (Software de Gestão Integrada), uma ferramenta que monitora e gerencia as práticas dos clientes nas áreas de meio ambiente, qualidade, saúde e segurança no trabalho.

O software, usado por 2.300 clientes, fornece informações sobre gestão de riscos, multas, custos preventivos e corretivos e os pontos mais importantes da legislação ambiental, auxiliando as empresas na tomada de decisões. Segundo Pedroza, a legislação ambiental é complexa e todo mês são editadas 400 novas normas nos estados e nos municípios. “Isso acaba virando uma fábrica de leis. Atualmente, existem 200.000 normas ambientais no Brasil”, diz ele. Para lidar com o cipoal de leis, a Verde Ghaia desenvolveu uma plataforma chamada LIA (Legislação com Inteligência Artificial), que promete simplificar o acompanhamento de 3.500 obrigações legais na área de meio ambiente, reduzindo-as a 450 por meio da eliminação das repetições. A ferramenta foi desenvolvida em parceria com a empresa de tecnologia IBM e é pioneira no uso de inteligência artificial para interpretar e organizar as leis ambientais no Brasil.

Além de simplificar a vida das empresas, Pedroza está convencido de que a Verde Ghaia precisa atuar nas comunidades. Por esse motivo, criou a Universidade VG, que vai levar aulas gratuitas de sustentabilidade, empreendedorismo e responsabilidade social para qualquer pessoa interessada. Belo Horizonte, onde fica a sede da empresa, receberá a primeira turma de estudantes em janeiro de 2020.


LOCAÇÃO DE VEÍCULOS, SIM. MAS COM MENOS IMPACTO

A locadora Movida expandiu seu programa de neutralização de emissões de carbono e passou a oferecer o aluguel de bicicletas elétricas | Bruno Toranzo

cada 100 quilômetros rodados por veículos motorizados na cidade de São Paulo, quase 90 são feitos por automóveis, que são responsáveis por 72% das emissões de gases de efeito estufa com o deslocamento diário na capital.

Para agravar a situação, além dos carros particulares, ganharam as ruas os automóveis dos aplicativos de transporte e das locadoras de veículos, dois serviços que tiveram um crescimento expressivo nos últimos anos. “Já nos preocupamos com esse problema há uma década. Nosso programa neutraliza a emissão de carbono dos veículos por meio do plantio de árvores”, diz Renato Franklin, presidente da Movida, uma das maiores locadoras de automóveis do Brasil.

Batizado de Carbon Free, o programa criado em 2009 é uma parceria da Movida com a ONG SOS Mata Atlântica. Funciona assim: quando aluga um carro, o cliente é convidado a pagar um valor simbólico, atualmente de 1 real a diária, para neutralizar as emissões de carbono geradas durante sua locação. Depois de devolver o veículo, uma empresa especializada analisa o deslocamento realizado e calcula as emissões.

A cada tonelada de CO2 lançada na atmosfera pela queima de combustíveis, a Movida providencia o plantio de oito a dez árvores. Em uma década de funcionamento do programa foram plantadas 57.000 árvores numa área correspondente a 50 campos de futebol. Isso ajudou a neutralizar quase 15.000 toneladas de carbono.

No ano passado, a Movida deu mais um passo adiante ao estender o programa a empresas que contratam seus serviços de gestão de frotas. “O sucesso foi tão grande que a locação sustentável se tornou um dos critérios adotados pelas empresas para aquisição e renovação dos contratos”, diz Franklin. Uma em cada cinco empresas clientes tem aderido ao programa. Um exemplo é a L’Oréal, multinacional francesa de cosméticos, que tem 1.200 veículos alugados da Movida.

A Movida conta hoje com uma frota de 95.000 carros, dos quais 97% são flex. A empresa está diversificando a frota com a incorporação de triciclos e bicicletas elétricas. Em 2018, fechou uma parceria com a E-Moving, maior startup de locação de bicicletas elétricas do país, e passou a oferecer o aluguel desse veículo, inicialmente na cidade de São Paulo. “O carro não é adequado a todos os deslocamentos. Nosso objetivo é proporcionar a melhor mobilidade possível”, diz Lívia Friseira, especialista em sustentabilidade da Movida. As bikes elétricas também estão sendo oferecidas para empresas, que podem colocar os veículos à disposição dos funcionários.

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