Revista Exame

Melhores ESG 2022: Saneamento e meio ambiente

Conheça as empresas que estão fazendo a diferença no setor

Teresa Vernaglia, CEO da BRK: a alienação social dos executivos é um dos maiores riscos para os negócios das empresas (Leandro Fonseca/Exame)

Teresa Vernaglia, CEO da BRK: a alienação social dos executivos é um dos maiores riscos para os negócios das empresas (Leandro Fonseca/Exame)

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Rodrigo Caetano

Publicado em 24 de junho de 2022 às 06h00.

Última atualização em 24 de junho de 2022 às 08h52.

Ambipar

Em julho de 2021, quando a Ambipar completou um ano de seu IPO, a valorização das ações superou os 50%. Nesse contexto, a companhia realizou 17 aquisições, no mesmo período. Agora já são 30 aquisições, o triplo do que havia sido feito antes da abertura de capital. Ir ao mercado demanda um forte trabalho de governança para que todas as empresas tenham os mesmos valores e cultura — no caso da Ambipar, pautados pelos princípios ESG.

“Exemplo disso é a existência de três comitês de assessoramento ao conselho de administração (auditoria, conduta e sustentabilidade). Em 2022 a companhia tem como objetivo viabilizar de maneira aprofundada a padronização da conduta dos negócios pelo mundo”, diz Rafael Tello, diretor de sustentabilidade da Ambipar.

Ainda em relação às aquisições, elas estão sendo realizadas de modo a completar o portfólio da empresa que trabalha com segurança e resposta a acidentes, gestão de resíduos, adaptação às mudanças climáticas e outras frentes que ajudam os clientes e a si própria. Um exemplo é a Biofílica, empresa comprada em julho do ano passado e que inseriu a Ambipar no mercado de créditos de carbono. “Somos ESG pela natureza do negócio; ajudamos clientes a, por exemplo, zerar os resíduos em aterro. Em outro caso, ajudamos na mensuração e execução da compensação de carbono”, diz Tello.

Para o executivo, a atuação da companhia tem impacto direto na sociedade. A empresa Boomera, outra aquisição da Ambipar, por exemplo, apoia o desenvolvimento de cooperativas de catadores. Os trabalhos de segurança e minimização de riscos ambientais também impactam na qualidade de vida das comunidades. “Desenvolvemos soluções para liderar as mudanças necessárias nos negócios e no planeta, priorizando ações de economia circular e baixo carbono.”

A força do mercado e a atuação do grupo Ambipar fizeram com que, em setembro de 2021, Gisele Bündchen, que possui atuação na defesa do meio ambiente, se tornasse acionista, embaixadora da marca e membro do comitê de sustentabilidade do grupo.

A Ambipar é uma companhia formada por duas empresas: a Ambipar Environment, com soluções ambientais, e a Ambipar Response, de prevenção de acidentes, respostas e emergências. Desse modo, o ESG está intrínseco nas atividades. Para Cristina Andriotti, CEO da Ambipar Environment, mais do que oferecer produtos e serviços, para além de pensar nas próprias atitudes socioambientais responsáveis, a Ambipar tem tido um papel de educação de empresários e investidores no país.

“Em todas as aquisições desde o IPO, sempre consideramos um portfólio complementar e ESG. Mas percebemos algumas dificuldades no entendimento dos investidores. Por isso, neste ano começamos a recebê-los em dois turnos, todas às sextas-feiras, para mostrar na prática como a gestão de resíduos, créditos de carbono e outras frentes ocorrem”, afirma Andriotti.


Orizon

Cerca de 40% do lixo produzido no Brasil vai parar em lixões. De todas as soluções para o tratamento dos resíduos, essa é a pior. Há décadas a população brasileira sofre com a falta de investimentos no setor, situação que gera uma série de problemas ambientais e de saúde. Em 2000, a aprovação do Marco Legal do Saneamento, no entanto, renovou a esperança de resolução desse desafio. “Essa é a nossa missão”, afirma Milton Pilão, CEO da Orizon, empresa de gestão de resíduos. “Para nós, o lixo é um ativo, não um problema."

A Orizon é, atualmente, a maior produtora de biogás à base de rejeitos orgânicos em aterros sanitários. O combustível é produzido do metano oriundo da decomposição dos rejeitos. Esse é apenas um dos produtos tirados do lixo que podem ser reinseridos na economia com o uso de tecnologia, modelo de negócios circular que a Orizon explora. Para Pilão, trata-se de ressignificar a palavra lixo. “Entendemos o resíduo como uma fonte de renovação”, diz ele.

Neste ano, a empresa vai inaugurar a maior planta de triagem mecânica da América Latina, com capacidade para processar 500.000 toneladas por ano. Estações como essa separam material reciclável do lixo comum e são fundamentais para elevar a taxa de reciclagem do país, atualmente na casa do 1%, considerando todo o material.

Em países desenvolvidos, esse percentual chega a ultrapassar 30%. Segundo Pilão, as máquinas complementam o trabalho de separação do lixo que não pode ser feito pelas pessoas em suas casas. Além do benefício ambiental, a fábrica de recicláveis tem um impacto social positivo.

A Orizon atua com cooperativas de catadores para capacitar os trabalhadores e aumentar o valor de revenda do material. Segundo Pilão, a maior barreira para o uso de embalagens recicladas na indústria está na falta de matéria-prima. A partir da unidade de processamento, a empresa opera uma plataforma de venda de recicláveis que será aberta aos catadores. “Eliminamos um intermediário e, dessa forma, aumentamos o valor que as cooperativas recebem”, explica o CEO. É a economia circular em ação.


BRK Ambiental

A BRK Ambiental, presente em mais de 100 municípios brasileiros, está num setor em rápida expansão desde o Marco Regulatório do Saneamento, de 2020. A companhia contratou 1.275 pessoas no ano passado e 600 no ano anterior.

Nesse crescimento, ela tem aproveitado para promover lideranças diversas, com um programa específico para mulheres negras no qual, das 40 participantes, 30% foram promovidas. Em outra ação, 50 mulheres refugiadas se formaram encanadoras, sendo 12 delas contratadas pela BRK e as demais incentivadas a trabalhar em outras empresas do setor.

“Os compromissos ESG são uma maratona e precisam ter o acompanhamento da alta liderança, mas estão no dia a dia. Estamos explicando para o gestor que contrata pessoas refugiadas o impacto social que ele promove”, diz Carlos Almiro, diretor de sustentabilidade e gestão de riscos da BRK.

Na visão de Teresa Vernaglia, CEO da BRK, a alienação social de empresas e executivos é um dos maiores riscos aos negócios. “Uma companhia que faz um investimento em um serviço que as famílias não podem pagar está destruindo valor”, diz Vernaglia. “Escolhemos olhar para as mulheres porque elas são os principais arrimos de família do país.

Se uma criança fica doente por não ter esgoto, é a mãe que vai cuidar. Muitas vezes, ela nem sabe por que o filho está doente.” A companhia também tem forte atuação na frente ambiental. Entre os destaques da concessionária está a meta de zerar as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2040, dez anos antes do prazo definido pela ONU, e reduzir as perdas de água em 25% até 2030.

Atualmente, 54% da energia elétrica é proveniente de fontes renováveis, enquanto a meta é chegar a 70% até 2030. “Trabalhamos com saneamento, que gera qualidade de vida, saúde e até geração de renda”, afirma Almiro.

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