Revista Exame

Da universidade para o mundo: os 15 anos do Google no Brasil

O Google completa neste mês 15 anos no Brasil — uma história que começou com um grupo ambicioso de professores em Minas Gerais

Google: desde a aquisição da Akwan, há 15 anos, engenheiros brasileiros ajudaram a aprimorar o algoritmo do buscador (Getty Images/Getty Images)

Google: desde a aquisição da Akwan, há 15 anos, engenheiros brasileiros ajudaram a aprimorar o algoritmo do buscador (Getty Images/Getty Images)

Carolina Riveira
Carolina Riveira

Repórter de Economia e Mundo

Publicado em 16 de julho de 2020 às 05h02.

Última atualização em 10 de agosto de 2023 às 11h52.

Em 1998, o professor Berthier Ribeiro-Neto e colegas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) receberam uma bolsa para realizar um experimento ambicioso: criar um mecanismo de buscas na internet 100% brasileiro. Anos antes, em 1995, o professor havia voltado de seu doutorado na Califórnia, trazendo na bagagem um bocado de conhecimento sobre indexação na internet. Era uma tecnologia ainda incipiente. O Google só seria fundado em 1998. O Brasil era tão mal servido de ferramentas que o buscador da UFMG virou campeão de acessos e colapsou a rede da universidade. Com o apoio do reitor e da “poupança dos professores”, segundo Ribeiro, o grupo decidiu criar a empresa Akwan — nome em guarani para “rápido, ligeiro”.

Anos depois, a Akwan e seu buscador TodoBr chamou a atenção do Google. Um engenheiro da empresa e colega de Ribeiro no doutorado na Califórnia, Luiz André Barroso, sugeriu em 2004 ao vice-presidente de engenharia, Wayne Rosen, que fosse a Belo Horizonte conhecer a Akwan. Era o ano da oferta inicial de ações do Google, que buscava crescer fora dos Estados Unidos. A compra da Akwan foi concluída em julho de 2005, e começava ali a expansão do Google no Brasil, uma história que completa 15 anos. Hoje, são mais de 3.000 funcionários diretos e indiretos no país. Além do escritório em Belo Horizonte, há espaços em São Paulo e no Rio. O Brasil está entre os cinco mercados mais importantes em diversos produtos, como o YouTube, o sistema Android e o Gmail.

O escritório em Belo Horizonte é chefiado até hoje por Ribeiro, que ainda dá aulas na UFMG. A equipe mineira é responsável por grandes inovações globais do Google. Um dos marcos são as alterações no algoritmo que privilegiam resultados de busca nos idiomas locais, em 2006. “Hoje parece óbvio, mas foi a prova de que uma equipe local é capaz de ver coisas que um engenheiro nos Estados Unidos não vê. O escritório brasileiro começou a ser respeitado na empresa”, diz Ribeiro.

O Brasil seria ainda responsável por melhorias no código da rede social Orkut de 2006 a 2014, pela tecnologia de busca por estabelecimentos baseada em localização, pelos resultados de partidas de futebol que aparecem no buscador em época de Copa do Mundo e pelos painéis de informação sobre doenças e sintomas, além do aplicativo Family Link, para Android, que ajuda os pais a controlar o conteúdo acessado pelos filhos nos smartphones.

“Nosso time de buscas, que era muito pequeno, lançou mais de 90 melhorias no algoritmo de ranking entre 2008 e 2010. Por causa dessa produção, a liderança decidiu investir fortemente no Brasil. Isso nos permitiu trabalhar em outros projetos, e várias das melhorias foram aproveitadas em produtos do Google”, diz Bruno Pôssas, engenheiro-chefe de buscas, que está na equipe desde a época da Akwan.

Naquela visita a BH, a trajetória de Ribeiro e de seus colegas lembrou o Google de suas próprias origens: a empresa foi fundada por Sergey Brin e Larry Page com base em uma pesquisa de doutorado. Para Ribeiro, os 15 anos do Google Brasil comprovam os talentos do país. “O Google apostou que poderia construir engenharia de classe mundial no Brasil. Quando nós, brasileiros, nos organizamos e há investimento, coisas boas acontecem”, diz.

Acompanhe tudo sobre:GoogleLarry PageSergey BrinRevista EXAMEProgramadores

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025