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Bolsa ou Selic: renda fixa ganha espaço, mas mercado acionário descontado pode ser oportunidade

Com os juros básicos no maior patamar dos últimos anos, os investidores têm migrado para a renda fixa — mas a bolsa brasileira está barata e atrativa

Com os lucros das empresas em crescimento, múltiplos negociados ficam mais baixos e bolsa se mostra barata (Germano Lüders/Exame)

Com os lucros das empresas em crescimento, múltiplos negociados ficam mais baixos e bolsa se mostra barata (Germano Lüders/Exame)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 22 de março de 2023 às 06h00.

Última atualização em 22 de março de 2023 às 08h30.

Bolsa ou Selic. Com os dois em níveis atrativos, a taxa de juro no maior patamar dos últimos seis anos e a bolsa com ativos descontados, restam dúvidas sobre em qual classe de ativo investir. O guia de bolso do mercado diz que portfólios diversificados funcionam em qualquer cenário, mas o segredo de um bom investidor é saber a hora de aumentar ou diminuir a participação em determinado ativo. Para Rodrigo Cabraitz, especialista de alocação da gestora Principal Claritas, o momento sugere uma maior alocação em renda fixa. “Colocamos a diversificação como modelo para nossos clientes. Mas não faz sentido um investidor médio ter um posicionamento grande em bolsa, dada a oportunidade na renda fixa. Acreditamos que a Selic a 13,75% é uma taxa bastante atrativa tanto para títulos pós-fixados como para os indexados à inflação”, afirma Cabraitz.

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A preferência por ativos de renda fixa também é observada entre pequenos investidores. Além dos juros elevados, a decepção com a bolsa nos últimos anos ajuda a explicar parte da migração de investidores para a renda fixa. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que a alocação direta de investidores de varejo em títulos de renda fixa superou 1 trilhão de reais após o fim do ciclo de alta de juros no ano passado. Quando o Banco Central começou a subir os juros, em março de 2021, essa fatia era de 530,9 bilhões de reais. Na contramão, os saques em fundos de ações superam 85 bilhões de ­reais desde o início do ano passado.

Relação entre preço e retorno está mais atrativa, mesmo com queda do Ibovespa

Os resgates em fundos de ações têm ocorrido mês a mês desde novembro de 2021, poucos meses depois de o Ibovespa ter batido a máxima histórica de 131.190 pontos. Hoje, abaixo de 110.000 pontos, o principal índice da B3 se encontra mais próximo dos níveis de 2019. A diferença é que o lucro das empresas cresceu nesse período, tornando a relação entre preço e retorno mais atrativa para investidores de longo prazo. Segundo cálculo do TC Economatica, o Ibovespa encerrou fevereiro com múltiplo Preço/Lucro (P/L) de 8,7 vezes, abaixo da média de 14 vezes e do mesmo período de 2019, quando o P/L estava em 13,7 vezes.

Rodrigo Mello, gestor de ações da Tenax Capital, acredita que basta uma melhora da percepção fiscal e sinais de queda de juros para a bolsa brasileira voltar a subir.

"Podemos entrar em um cenário em que o BC terá espaço para cortar juros. Isso pode mudar bastante o cenário para a bolsa local. Temos, inclusive, feito alterações em nossas carteiras em razão dessa perspectiva"Rodrigo Mello, gestor da Tenax Capital

Segundo o consenso de mercado do Boletim Focus, esse espaço pode surgir ainda neste ano, com a mediana das expectativas apontando para uma Selic de 12,75% no final do ano. 

Os preços da bolsa estão convidativos para investidores com perfil mais arrojado e com planos de longo prazo, avaliou Rodrigo Knudsen, gestor de fundos da Empiricus Investimentos. “Temos uma visão mais positiva para a bolsa, mas muito mais por uma questão de preço do que por uma perspectiva de curto prazo. Há empresas de qualidade sendo negociadas a preços baixíssimos.” Knudsen, no entanto, vê o CDI como “imbatível” para investidores com horizonte de até dois anos. “O Ibovespa tende a render mais do que o CDI nesse período, mas talvez não valha o risco. Já uma carteira bem montada e com gestão ativa pode bater o Ibovespa por muito. Aí já vale a pena.”  

(Arte/Exame)

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