Revista Exame

Mulheres ainda são minoria no topo das empresas

Viveka Kaitila, presidente da GE no Brasil, fala sobre o desafio de promover a diversidade nas empresas

Viveka Kaitila, presidente da GE: diversidade e inovação andam juntas (Divulgação/Divulgação)

Viveka Kaitila, presidente da GE: diversidade e inovação andam juntas (Divulgação/Divulgação)

As mulheres avançaram no mercado de trabalho nos últimos anos, mas ainda há muito que melhorar nessa área, sobretudo no topo das organizações — quanto mais alto o nível hierárquico, maior a dificuldade para as mulheres superarem a barreira de gênero.

Vem aí o Oscar das empresas: Melhores e Maiores 2021. A premiação mais aguardada do ano já tem data para acontecer e inscrições abertas - participe!

Isso ficou evidente na edição de MELHORES E ­MAIORES, o especial da EXAME que premiou as empresas do Brasil que mais se destacaram no último ano. Entre as 500 maiores companhias do país, apenas 20 (ou 4%) têm uma mulher no comando — um desafio ainda maior para mulheres negras.

Uma das poucas integrantes da elite empresarial do país dirigida por uma mulher é a subsidiária brasileira da americana General Electric, a GE, que atua em negócios como energia, aviação e tecnologia da saúde.

Desde 2017, a filial brasileira da GE é comandada por Viveka Kaitila, uma finlandesa que cresceu no Brasil e está na empresa desde 1997. Na entrevista a seguir, ela fala sobre como acelerar a inclusão das mulheres.

A GE tem políticas específicas para promover a diversidade em seu corpo de funcionários?

Temos evoluído na questão do gênero feminino nos últimos anos, e eu sou uma prova disso. Sou a segunda CEO mulher na GE do Brasil [a primeira foi Adriana Machado, de 2011 a 2013]. Quando entrei na GE, não havia mulheres em cargos de liderança. Na maior parte das reuniões, eu era a única mulher. Atuamos em setores muito masculinos, mas estamos trabalhando para atrair mais diversidade em todos os níveis. Hoje, no Brasil, cerca de 24% dos funcionários são mulheres. Ainda é pouco, mas estamos trabalhando em várias frentes para melhorar esse quadro.

Como a prática da diversidade é estruturada na GE do Brasil?

A diversidade é de responsabilidade de todos na GE. Temos grupos de afinidade e líderes de diversidade em cada negócio para podermos realizar ações específicas por minoria e por setor. Os grupos de afinidade são fundamentais para aprofundar as discussões sobre o tema e preparar os planos com as ações necessárias. Temos projetos de representatividade feminina, de afrodescendentes, de LGBTQIA+, de pessoas com deficiência e de jovens talentos que estão iniciando a carreira na empresa.

Como toda a companhia é sensibilizada sobre o tema?

Essa é uma discussão que faz parte da cultura da empresa, é prioritária e diária. Promovemos um ambiente de respeito e inclusão com zero tolerância a qualquer tipo de discriminação. Fazemos há alguns anos a “Semana da Diversidade e Inclusão”, quando trazemos pessoas de diversas unidades da GE no mundo, de outras empresas e entidades para que possamos aprender e melhorar continuamente. Todos os nossos funcionários são convidados e participam ativamente com perguntas e comentários.

Funcionários da GE: a empresa tem líderes de diversidade em cada área de negócios (Germano Lüders/Exame)

A GE anunciou em julho a criação do cargo global chief diversity officer, para o qual foi escolhido o executivo Michael Barber. Como a criação de um chefe global de diversidade vai influenciar a atuação brasileira nessa área?

O chief diversity officer é um afrodescendente que entende as dificuldades para promover a diversidade e está focado em mudar isso com métricas que vão ser trabalhadas de forma regular, avaliando o avanço que a companhia está tendo nessas áreas. A criação desse cargo é, antes de tudo, um exemplo de como esse assunto é uma prioridade em âmbito global. Esse executivo vai olhar para todas as unidades de negócios, e corporativamente, para ampliar, acelerar e reforçar as ações de diversidade e inclusão.

Diversidade tem a ver com inovação? Qual é a ligação entre os dois temas?

Se pensarmos na sustentabilidade do negócio no longo prazo, uma empresa não consegue ser inovadora e criar produtos que tenham valor para seus clientes se não tiver um entendimento do que o mercado está precisando. E não há como entender o mercado como um todo se você não tiver mentes criativas e pessoas que questionem e pensem diferente. Qualquer empresa que pense no futuro precisa ter diversidade dentro dela, para haver vários pontos de vista e, com isso, ter produtos que sejam mais adequados, mais eficientes e com processos mais simplificados. Para mim, diversidade tem tudo a ver com inovação. As duas coisas andam juntas.

Acompanhe tudo sobre:GE - General ElectricMelhores e MaioresMulheresMulheres executivas

Mais de Revista Exame

Borgonha 2024: a safra mais desafiadora e inesquecível da década

Maior mercado do Brasil, São Paulo mostra resiliência com alta renda e vislumbra retomada do centro

Entre luxo e baixa renda, classe média perde espaço no mercado imobiliário

A super onda do imóvel popular: como o MCMV vem impulsionando as construtoras de baixa renda