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Startup para 'jardinagem' de cannabis medicinal recebe aporte de R$ 1,2 mi

Empresa que fornece tecnologia para plantações urbanas e "indoor", como hortas, ajusta estratégia para atender mercado de cannabis medicinal

Cannabis: legislação no Brasil permite uso medicinal apenas de produtos comprados em farmácias ou importados, mas habeas corpus que permitem plantio têm sido mais frequentes (danielzgombic/Getty Images)

Victor Sena

Publicado em 2 de setembro de 2021 às 12h14.

Última atualização em 3 de setembro de 2021 às 10h56.

Mesmo que a lei brasileira restrinja o mercado de maconha medicinal a medicamentos que devem ser comprados em farmácias ou importados com receita médica, empreendedores já têm se antecipado e pensado em soluções de tecnologia para um futuro em que plantio da cannabis para fins medicinais possa ser permitido no país.

Fundada em 2018, a startup curitibana Favo oferece soluções para cultivo urbano indoor de plantas. A princípio, o foco da empresa era oferecer tecnologia para hortas e pequenos produtores que estão na cidade.

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Com um avanço de 300 para 1.600 clientes nos últimos dois anos, a aposta agora também é mostrar que os produtos valem para futuros produtores de cannabis.

A startup recebeu nesta semana seu terceiro e maior aporte, de 1,2 milhão de reais, a partir de uma rodada de captação em que o modelo de negócio vendido foi esse: as soluções de tecnologia melhoram a produtividade da cannabis.

Hoje, só podem plantar cannabis no Brasil instituições de pesquisa ou associações de pacientes que conseguem habeas corpus na justiça.

O número dessas permissões tem até crescido, o que já representa uma clientela potencial para a Favo, mas é numa permissão ampla — dentro da lei — que a Favo está mirando seu crescimento.

O projeto de lei 399, que foi aprovado em comissão especial na Câmara, mas ainda precisa passar por todos os trâmites de plenário, Senado e sanção presidencial autoriza o plantio de cannabis por associações, empresas e instituições de pesquisas para fins medicinais.

"Eu, como startup, ajo de forma local mas penso globalmente. Então eu olho para o mercado brasileiro e vejo que ele está desatendido nesse aspecto do cultivo protegido como um todo, não só para cannabis", explica Marcelo.

Marcelo Pinhel: "Se hoje no Brasil o que eu consigo é atender ao mercado medicinal, ótimo." (Favo/Divulgação)

A empresa foi fundada por Marcelo Pinhel, que desenvolveu um dispositivo com sistema de irrigação automatizada e sensoriamento do ambiente. Esse sistema monitora informações como luminosidade, umidade e temperatura. O usuário tem acesso a tudo isso via aplicativo, disponível para iOS e Android, e conta com suporte técnico 24 horas por dia, sete dias por semana.

A ferramenta também controla a irrigação que é feita com os fertilizantes diluídos, com precisão para evitar desperdícios. Por mais que esteja localizada em Curitiba (PR), a Favo Tecnologia faz vendas para o Brasil inteiro e já registrou transações internacionais para países como EUA, Canadá, Reino Unido, Austrália, Uruguai e Chile.

De acordo com Pinhel, as vendas internacionais são principalmente para clientes que cultivam a cannabis.

"Se hoje no Brasil o que eu consigo é atender ao mercado medicinal, ótimo. Fora do Brasil eu consigo atender o uso adulto recreativo? Ok. Vamos começar a exportar."

O principal subproduto medicinal da cannabis é o canabidiol, substância que não tem efeitos alucinógenos e já têm estudos que comprovam eficácia no combate à rigidez muscular e convulsões, o que tornou uma indicação relativamente unânime para a epilepsia.

Outros tratamentos que têm mostrado resultados positivos são para ansiedade, insônia e dores crônicas.

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