Startup de robótica captou quase US$ 200 milhões -- mas fechou as portas
Anki prometia levar inteligência artificial e robôs ao dia a dia. Startup captou 182 milhões de dólares com investidores em seus 9 anos de existência
Mariana Fonseca
Publicado em 21 de maio de 2019 às 09h00.
Última atualização em 21 de maio de 2019 às 09h00.
Em uma lista das indústrias do futuro, a robótica é uma constante. O mercado foi avaliado em 31,78 bilhões de dólares no último ano e crescerá 25% anualmente até 2024. Porém, um setor promissor não impede que negócios que tinham tudo para dar certo fechem as portas.É o caso da Anki, startup de São Francisco que prometia levar a inteligência artificial “para fora dos laboratórios e dentro das residências”. A empresa anunciou há poucas semanas sua falência e o término de seu desenvolvimento de robôs amigáveis e úteis.
A Anki não era uma startup em início de jornada. Criada em 2010 por três roboticistas da Universidade Carnegie Mellon (Pensilvânia, Estados Unidos), a empresa captou 182 milhões de dólares ao longo de sua história, de nomes renomados como o fundo de investimento Andreessen Horowitz e o banco JP Morgan Chase & Co.
Seu primeiro robô, o Anki Drive, teve destaque em um evento da gigante de tecnologia Apple, no ano de 2013. A empresa afirmou em um e-mail enviado à empresa de análises CB Insights que vendeu milhões de robôs ao longo de sua história.
A promessa de uma Rosie
O robô mais famoso da Anki, chamado Vector, foi comparado pela prestigiada revista Fast Company à personagem Rosie, do desenho americano The Jetsons.
Ele se tornou um queridinho do mercado de robótica por sua “ inteligência emocional ”: constantemente busca estímulos no ambiente (luz, sons e interações humanas) e se deprime ao não encontrá-los. O objetivo de Boris Sofman, CEO da Anki, era criar um robô que parecesse vivo e simpático à convivência humana.
O Vector anda pela casa e programa alertas, informa a previsão para o tempo de hoje e pode tirar fotos ao comando do dono, que serão armazenadas no smartphone conectado ao robô. Ele custa 249 dólares nos Estados Unidos e é vendido no Brasil por preços que vão de 1,3 mil a 3,5 mil reais na plataforma Mercado Livre.
O Vector foi construído com recursos da startup e de uma campanha de crowdfunding (investimento coletivo pela internet), que captou 1,88 milhão de dólares.
O vídeo abaixo mostra mais funcionalidades do Vector (em inglês):
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=Qy2Z2TWAt6A%5D
Em comunicado no seu site, a Anki afirma que manterá o suporte para produtos e aplicativos já adquiridos, que requerem pouca “intervenção ativa” e dependem mais do armazenamento em sistemas de computação em nuvem. Segundo o site de tecnologia americano Recode, todos os funcionários da empresa serão demitidos.
A Anki afirmou que ficou sem investimento suficiente para suportar um negócio de hardware e software e seus lançamentos futuros de produtos. Um investimento que estava em fase final de negociação teria sido repentinamente suspenso.
Segundo a CB Insights, a Anki vinha tentando se distanciar da imagem que promoveu no início do negócio, a de empresa com brinquedos dotados de inteligência artificial. O posicionamento mais recente foi o de robótica para residências, o mesmo de assistentes como Alexa, da Amazon, e Google Home.
A companhia reportou à empresa de análises uma receita de 100 milhões de dólares em 2017 e esperava aumentar o número no ano passado. Em setembro de 2018, porém, apresentou os primeiros sinais de prováveis dificuldades financeiras com uma troca de sócios e com uma nova injeção de capital em troca de participação. Os recursos não foram suficientes para transformar a Rosie em realidade.