Sebrae lança "guia de sobrevivência" para PMEs no coronavírus. Veja dicas
Além da perda de vidas, a crise com a covid-19 quebra empresas e provoca desemprego. Como os pequenos negócios podem encontrar alguma luz no fim do túnel?
Carolina Riveira
Publicado em 15 de maio de 2020 às 16h04.
Última atualização em 15 de maio de 2020 às 18h18.
A pandemia causada pelo coronavírus atingiu não só o sistema de saúde, provocando milhares de mortes no Brasil e no mundo, mas também teve um impacto na economia que ainda é difícil de mensurar. Com a grande maioria das lojas fechadas e serviços de atendimento público suspensos para tentar baixar a curva de expansão da covid-19 e não sobrecarregar os hospitais, os donos de pequenos negócios tiveram de fazer contas e tentar se reinventar para minimizar os prejuízos.
Apesar das perdas, as micro e pequenas empresas estão diante de uma oportunidade de renovação: é hora de investir em capacitação, buscar ajuda especializada e tirar ideias novas do papel. Para auxiliar nessa jornada, o Jornal de Negócios preparou um guia para a sobrevivência das micro e pequenas empresas a partir das orientações da equipe de consultores do Sebrae-SP.
A ordem é organizar
Os consultores do Sebrae-SP estão atendendo de maneira remota e digital por meio do telefone 0800 570 0800 ou pelo site sebraesp.com.br. Aproveite para fazer as cinco consultorias do chamado “kit de sobrevivência”. São todas gratuitas.
1. Análise financeira (proteção de caixa integrada com ajustes dos custos fixos e variáveis)
2. Microcrédito orientado
3. Renegociação com fornecedores
4. Marketing e mídias digitais
5. Legislação trabalhista e impostos
Como os setores podem reagir
Agronegócio
O produtor que nunca fez delivery deve se valer de parcerias com quem já faz para começar.
- Detalhes fazem a diferença: entregas com horário determinado ou cestas com mix de produtos, mais práticas e com menos desperdício.
- Quem trabalha com frutas de menor demanda ou exóticas pode fazer parcerias com produtores de itens com mais saída para compor as cestas.
- Entregue um produto limpo, bem embalado e até cortado ou pré-cozido. Ofereça amostras e envie receitas ou dicas de como preparar os produtos.
- Participe de cooperativas e pense em criar uma marca com outros produtores.
Varejo
- O consumo de produtos não essenciais vai continuar, mas menor. Formule novos argumentos de vendas de acordo o que você conhece do seu público, adaptando para a situação atual.
- Monte combos ou kits de produtos para atrair o interesse do cliente
Invista na presença online e no delivery ( veja quadro ao lado ). - Para negócios que dependem da presença física, como bares e determinados serviços, uma opção é fazer vendas para o futuro, com vouchers ou mensalidades pagas agora para consumo depois do fim da quarentena.
Indústria
- Renegocie os compromissos vigentes e futuros com fornecedores, parceiros, prestadores de serviços diretos e, principalmente, clientes.
- Redimensione, se necessário, o número de colaboradores à necessidade de produção de forma a equilibrar a saúde financeira de curto prazo. Mais importante do que qualquer compromisso comercial é a segurança de seu colaborador.
- Aproveite a parada forçada para reorganizar a empresa e fazer manutenção do maquinário. Reveja processos, pense em mudanças de layout. Isso possibilita operar de forma mais organizada e eficiente assim que houver a normalização das atividades.
- Analise o estoque. Material que estiver sem uso há tempos e sem perspectiva de uso pode ser repassado ou vendido.
Finanças
Até que o cenário econômico volte a uma relativa normalidade, os donos de pequenos negócios têm a seu alcance uma série de medidas para dar fôlego nas finanças. Um exemplo é o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que permite redução de carga horária/salários e a suspensão temporária do contrato de trabalho do funcionário.
Iniciativas do poder público também permitem adiar o pagamento de contas de consumo, como água e energia elétrica, e bancos estão oferecendo prorrogação de dívidas. Um cuidado recomendado pelos consultores é não tomar crédito antes de fazer a lição de casa e analisar os custos da empresa e o que pode ser cortado — o Sebrae-SP pode ajudar nesse processo.
A presença online é fundamental
Se seu cliente não pode ir até você, você precisa ir até ele. Para isso, invista em um perfil nas redes sociais (as principais para negócios são Instagram, WhatsApp e Facebook) e ofereça delivery do que for possível. Se seu segmento não permite isso — caso dos salões de beleza, por exemplo —, dê dicas de cuidados, interaja com seu público e pense em vender pacotes de serviços promocionais para ser usados até o final do ano, por exemplo.
Já se você consegue fazer entregas de seu produto, é hora de conhecer as opções. Afinal, montar um delivery é como abrir uma nova empresa dentro de sua empresa:
- Analise os custos e defina se sua entrega será própria ou terceirizada via algum aplicativo.
- Defina a área de atendimento e coloque no papel o valor de frete e os custos de cada meio de pagamento.
- Faça um pente-fino no seu cadastro de clientes, retome o contato com aqueles que já não são mais clientes assíduos. Se for o caso, coloque um cartaz na frente do estabelecimento avisando sobre o funcionamento do delivery.
- Donos de restaurantes devem adaptar o cardápio: veja quais produtos são os mais adequados para entrega, qual embalagem vai funcionar melhor e, se for necessário, crie novos pratos ou “combos”.
- Desenhe seu processo: quem recebe, quem prepara, quem despacha. Talvez seja necessário mexer na escala de funcionários e no horário de funcionamento.
Importante: comunique claramente ao seu cliente as medidas de segurança e de higiene.
O que esperar da retomada?
A economia brasileira vai passar por um período de grandes dificuldades e com nível de atividade e de poder de consumo abaixo do que era antes da pandemia. A recuperação não será uniforme para os diferentes setores. Hábitos e relacionamentos passarão por mudanças e o consumidor vai valorizar mais a higiene e a segurança com a saúde.
Haverá ainda uma sensação de medo e negócios que dependem da concentração de pessoas sentirão os efeitos por mais tempo. As empresas antenadas aos novos padrões terão mais chance de sucesso: as empresas obrigatoriamente terão de estar presentes e ativas nas redes sociais, o delivery ganhará mais importância e o comércio online terá maior demanda. Ensino à distância, entretenimento online e ferramentas para trabalho remoto devem conquistar mais espaço. O home office ganhará força e será mais adotado.
Alguns segmentos, com demanda reprimida na crise, podem ter alta em seguida até atingirem estabilização, como roupas e acessórios, serviços de beleza e eletrodomésticos.
Outra tendência importante será da valorização das parcerias entre empreendedores de pequeno porte e o comércio local.
Dica
Desde o início da pandemia, o Sebrae-SP tem feitos lives diárias com consultores abordando temas variados para a sobrevivência dos pequenos negócios e respondendo a dúvidas dos empreendedores. Todas estão disponíveis no site sebraesp.com.br.