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Para 59% das startups brasileiras, há espaço para captar recursos em 2020

Estudo inédito da On The Go e do fundo Bossa Nova revela disposição de empreendedores de buscar aportes e aproveitar liquidez do venture capital no país

Diretores da Solfácil: 4 milhões de dólares em aporte recebido em julho (Paulo Vitale/Kromo/Divulgação)
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Carolina Ingizza

Publicado em 16 de agosto de 2020 às 11h38.

No meio do que pode ser a maior crise econômica em décadas por causa da pandemia, as startups brasileiras esperam captar mais recursos para a expansão de seus negócios. Além disso, a maioria delas evitou demissões apesar das incertezas – que, ao mesmo tempo, obrigou boa parte delas a repensar as metas para 2020. No fim das contas, o ano tem sido de provação para boa parte dos empreendedores brasileiros.

Tudo isso está num estudo inédito da On The Go, uma plataforma de pesquisas usando robôs virtuais, os chatbots, e do fundo de venture capital Bossa Nova Investimentos . A pesquisa online entrevistou no último mês 60 fundadores de empresas de tecnologia em diversos estágios de operação, desde negócios ainda com produtos recém-colocados no mercado à negócios em fase de aceleração das receitas – as chamadas “scale-ups”.

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Para 59% delas, ainda há espaço para captar recursos no segundo semestre de 2020. Ao mesmo tempo, uma parcela semelhante considera a pandemia da covid-19 como um impacto grande ou extremo na hora de levantar dinheiro. A aversão ao risco por parte dos investidores é a principal razão por trás dos mais temerosos.

Mesmo com a pandemia ceifando receitas, seis entre dez donos de negócios de tecnologia entrevistados relataram terem mantido empregos. Quem demitiu o fez para reduzir custos (motivo para 77% dos entrevistados deste grupo), ou para reestruturar equipes (44%) ou ainda porque a pandemia tornou a função do pessoal obsoleta (22%).

Daqui para frente, a maior parte dos empreendedores deve repensar as metas para 2020 em virtude das incertezas trazidas pela pandemia. Apesar disso, quase 70% dos entrevistados diz estar muito ou razoavelmente confiante em atingir os objetivos traçados para este ano.A pesquisa completa pode ser vista aqui .

Venture capital em alta

A confiança dos empreendedores vem na esteira de um bom momento para a indústria do venture capital no Brasil. Em julho, empresas fundadas no país receberam um total de 87 milhões de reais, distribuídos em 37 rodadas de investimento , segundo levantamento feito pela empresa de inovação Distrito sobre o ecossistema brasileiro de startups .

O total é 81% menor que os 462 milhões de dólares recebidos no mesmo mês em 2019, mas é 117% maior que julho de 2018. Segundo Gustavo Geirun, cofundador do Distrito, o aporte de 400 milhões de dólares recebido pela fintech Nubank em julho do ano passado causa essa diferença nos números. A rodada série F do Nubank concentrou 86% do volume investido naquele mês.

“Foi um investimento fora da curva e, se o considerarmos à parte, percebemos que o montante total de aportes realizados em julho de 2020 apresenta um número relevante e saudável para o ecossistema de startups do mercado brasileiro”, afirmou Geirun.

No acumulado, as startups brasileiras já somam 997 milhões de reais, em um total de 222 rodadas. Na comparação com o mesmo período de 2019, há uma queda de 49% no total investido. Apesar disso, o número de cheques realizados até julho deste ano já é o maior da história do país.

O levantamento aponta que as principais rodadas de julho foram as séries B da gestoras de investimento Warren e Magnetis. No dia 9, a Warren, fundada em 2017 em Porto Alegre, anunciou ter recebido 22,3 milhões de dólares em uma rodada liderada pelo fundo americano fundo americano QED Investors (Nubank, Loft).

No final do mês, a concorrente Magnetis também divulgou ter recebido 11 milhões de dólares em uma rodada liderada pelo fundo Repoint eventures (Creditas, Gympass) e com participação da Vostok Emerging Finance. Criada em 2015, a gestora ficou conhecida por montar carteiras de investimento administradas por robôs.

Além delas, o Distrito destaca também o aporte série A recebido pela Solfácil, startup que financia projetos de energia solar. O aporte de 4 milhões de dólares foi liderado pelo fundo americano Valor Capital Group (Stone, Gympass).

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