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Receita de empreendedorismo dada por Biz Stone, do Twitter

Em Things a Little Bird Told Me, o americano Christopher Stone, um dos fundadores do Twitter, fala sobre os comportamentos que o ajudaram a se tornar um conhecido empreendedor do Vale do Silício

Christopher Stone, o Biz: fracasso na primeira startup (Todd Oren/Getty Images)

Christopher Stone, o Biz: fracasso na primeira startup (Todd Oren/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2014 às 16h34.

São Paulo - O americano Christopher Stone, o Biz, de 40 anos, tem uma daquelas trajetórias ótimas para contar numa palestra de motivação.

Ele não concluiu nenhuma das duas faculdades que começou. Seu primeiro negócio, uma plataforma de blogs criada com um grupo de amigos em Nova York, não decolou. No começo dos anos 2000, ele teve de deixar a cidade e voltar para a casa da mãe, em Massachusetts. Levava consigo a namorada, Livia, e uma dívida de milhares de dólares no cartão de crédito.

Tudo parecia ir muito mal até que, em 2003, quando leu a notícia de que o Google havia comprado a plataforma de blogs Blogger, Stone resolveu mandar um e-mail para seu fundador, o empreendedor Evan Williams­. “Sempre quis fazer parte de seu time”, escreveu Stone. “Se estiver precisando de gente, avise-me.”

Williams respondeu com uma oferta. “Você está disposto a morar na Califórnia?”, perguntou. (Até então Stone não sabia, mas Williams acompanhava seu blog sobre tecnologia e internet e precisava de alguém com seu perfil para trabalhar no Blogger.) Stone aceitou, e os dois trabalharam por dois anos na empresa.

Em 2006, a dupla se juntou a outros dois em­preendedores, Noah Glass e Jack Dorsey, para fundar o Twitter. A empresa abriu o capital em 2011 e, no ano passado, dobrou seu faturamento em relação a 2012 — embora ainda não tenha dado lucro. ­Stone saiu da operação em 2011 e hoje só presta serviço de assessoria ao ­Twitter.

Essas e outras histórias ele conta na autobiografia Things­ a Little Bird Told Me (“Coisas que um passarinho me contou”, numa tradução livre). O livro traz as lições aprendidas por Stone em sua trajetória pelo Vale do Silício — e que podem servir para qualquer empreendedor à frente de um negócio emergente. Eis algumas delas.

Não tema o fracasso

No fim dos anos 90, quando desenvolveu com um grupo de amigos uma plataforma de publicação de blogs chamada Xanga, Stone tinha como objetivo de vida a intenção de criar uma grande empresa de internet — e só. “Era uma ideia pouco refinada”, diz ele.

Em 2002, Stone abandonou a Xanga quando seus problemas financeiros se agravaram. Mesmo considerando sua primeira experiência como empreendedor um fracasso, ele fez questão de contá-la na entrevista de emprego do Google. “Aprendi com esse episódio que quem quer criar algo grande precisa estar pronto para um fracasso maior ainda”, afirma Stone.

A experiência, segundo ele, foi importante para conquistar a vaga que o levou a trabalhar com seu futuro sócio, Evan Williams. “A cultura de tolerância ao erro do Vale do Silício não é só retórica”, diz Stone. “Um fracasso só é o fim da linha para quem não é capaz de transformá-lo em aprendizado.”

Instigue a criatividade das pessoas

Logo que surgiu, em 2006, o Twitter começou a se tornar conhecido mais por seu jeito de funcionar do que por sua utilidade prática. Criar mensagens em apenas 140 caracteres? Alguns achavam muito pouco. Stone, ao contrário, acreditava que o limite seria capaz de despertar a criatividade dos usuários.

“A limitação faz as pessoas pensar em alternativas para resolver seus problemas”, diz Stone. No livro, ele cita um encontro que teve com o físico austríaco Hermann Hauser, empreendedor que fez fortuna com empresas de base tecnológica na Inglaterra. Hauser lhe contou que, certa vez, pediu a seus funcionários que fizessem um bom chip para armazenar dados de computador.

“Sabe o que dei a eles?”, perguntou Hauser a Stone. “Nada de dinheiro, nada de tempo e nenhum outro recurso.” O resultado foi um chip pouco potente para um computador — mas cuja capacidade era perfeita para um celular. Assim nasceu a tecnologia ARM, que está por trás do funcionamento do chip de boa parte dos smartphones de hoje.

Seja sempre transparente

Em junho de 2007, alguns dias antes do evento da Apple que lançaria a primeira versão do iPhone, o Twitter apresentava problemas. O aumento no tráfego diário de mensagens deixou o serviço intermitente. Stone escrevia posts diários em seu blog para explicar o que estava sendo feito para resolver a situação.

“Problemas técnicos aborrecem todo mundo”, afirma ele. “O mínimo que eu podia fazer era manter os usuários a par de tudo o que acontecia.” Às vésperas do evento da Apple, Stone escreveu que os programadores trabalhariam madrugada adentro para evitar uma queda no sistema. De repente, começaram a chegar caixas de pizza na sede da empresa.

A comida fora enviada por usuários do Twitter compadecidos do esforço dos funcionários. “Ser honesto e transparente ajudou a criar uma relação de confiança com os usuários”, diz Stone.

Aprenda com as ideias dos outros

Algumas das invenções mais populares do Twitter não foram planejadas pelos programadores e analistas de sistema da empresa, mas criadas com a colaboração dos usuários. Dois exemplos são o retweet, em que um usuário pode repetir a mensagem de outro, e a hashtag — mecanismo pelo qual uma palavra antecedida pelo sinal # se torna um atalho para busca na internet.

Isso só foi possível porque, segundo Stone, desde o começo os fundadores se preocuparam em acompanhar o comportamento dos usuários antes de criar mudanças que pudessem alterar a forma como eles navegavam.

“Nunca encaramos o Twitter como um serviço acabado e impecável”, afirma Stone. “A habilidade de ouvir, observar e tirar lições dadas por quem utiliza o ­Twitter sempre foi fundamental para assegurar a originalidade do serviço.”

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