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O próximo passo da tecnologia em escritórios: vigiar passos do funcionário

A Euclid ajuda negócios a entenderem como os empregados usam o ambiente de trabalho. Startup de análise espacial acabou de ser comprada pela gigante WeWork

WeWork, em São Paulo: imobiliária tecnológica possui mais de 400 mil membros em seus mais de 425 prédios, espalhados por 100 cidades de 27 países (Midori De Lucca/WeWork/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2019 às 06h00.

Se há uma empresa que levanta a bandeira do ambiente de trabalho do futuro, ela é a WeWork . A gigante, que está entre imobiliária de coworkings e startup, realizou uma aquisição que mostra seu palpite sobre como serão os escritórios daqui para a frente -- de olho nos passos que seus funcionários dão, literalmente.

Essa é a proposta da Euclid, uma startup de análise espacial com 24 funcionários localizada em São Francisco (Estados Unidos). A compra do negócio foi divulgada pela WeWork no começo do mês, com valores não divulgados.

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Para a WeWork, a Euclid analisará como os funcionários usam seus espaços de coworking e dará dados relevantes às empresas que se estabelecem nos imóveis da gigante ou querem ser como ela, tornando tais negócios mais produtivos. Mas a forma com que a startup opera pode assustar empregados desavisados.

Por onde você anda?

A Euclid possui uma tecnologia própria para entender como empregados andam pelos escritórios. O negócio usa de sinais de Wi-Fi enviados a smartphones para monitorar os passos dos frequentadores de um espaço, sem a necessidade de instalar equipamentos adicionais.

Em uma reunião, por exemplo, a Euclid consegue medir quantas pessoas compareceram. Comparando quantas pessoas estiveram em um happy hour à tarde ou de noite, uma empresa poderia verificar a melhor hora para reunir seus empregados. Isso eliminaria espaços com poucos visitantes, diminuindo custos fixos das empresas.

Nem tudo são flores, porém. A tecnologia da startup levanta preocupações de vigilância individual dos funcionários. O chefe de produtos Shiva Rajaraman não negou essa possibilidade ao site de tecnologia TechCrunch, mas disse que esse não é o foco no momento e que a WeWork está “olhando para um nível agregado de dados para entender como o espaço está sendo usado”.

Identificados ou não, a vigilância é um fato e pode incomodar alguns empregados. O que não impediu a Euclid de conquistar investidores. A startup captou um total de 43,6 milhões de dólares em investimentos, fora o valor pago recentemente pela WeWork.

Segundo Rajaraman, o primeiro passo é testar a Euclid nos próprios coworkings da WeWork, em regiões como São Francisco, Nova York (Estados Unidos), Xangai (China) e Tel Aviv (Israel). Depois, a Euclid será integrada a um pacote de análise, a ser vendido para companhias que querem dar uma cara de WeWork aos seus escritórios.

Alguns negócios atendidos pelo WeWork hoje são Amazon, Airbnb, Facebook, Microsoft e Starbucks. No Brasil, negócios como Cielo, Claro, Riachuelo e Porto Seguro estão nos coworkings da gigante.

O futuro dos escritórios está no software

Cada vez mais linhas de código mudarão o ambiente de trabalho -- um movimento que, ao menos na WeWork, já começou há algum tempo. O negócio adquiriu há seis meses a startup Teem, que possui um sistema de administração de escritórios. De acordo com o TechCrunch, a compra custou 100 milhões de dólares à gigante. A Euclid é a primeira aquisição da WeWork em 2019, após quatro compras de empresas no ano passado e outras cinco em 2017.

A WeWork defende que seu processo de reforma e decoração possui muita estratégia e tecnologia envolvida, reduzindo despesas operacionais de seus clientes maiores entre 25 a 50%. Com a aquisição de tantos sistemas, a empresa de coworkings aprimora sua oferta aos residentes.

O valor é percebido especialmente para os grandes clientes da WeWork, que representam cerca de 30% dos seus ganhos e se beneficiam mais da escalabilidade que a tecnologia proporciona, aumentando produtividade e cortando despesas.

Cortando, inclusive, passos em falso dos funcionários.

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