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Fintech que dá crédito consignado por WhatsApp atrai investidores de peso

A Creditoo recebeu investimentos de nomes como Sergio Furio, fundador da Creditas. Seu trunfo está no uso do aplicativo de mensagens

Whatsapp: na Creditoo, mais de nove em cada dez atendimentos passam pelo aplicativo (Dado Ruvic/Reuters)

Mariana Fonseca

Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2019 às 06h00.

No Brasil, mais de 300 bilhões de reais são concedidos em crédito consignado -- empréstimo cujas parcelas são descontadas direto da folha de pagamento. Mas, caso você seja funcionário de uma empresa privada, dificilmente verá esse dinheiro na sua conta. O consignado privado ocupa apenas 20 bilhões de reais do montante, contra 187 bilhões de reais para servidores públicos e 130 bilhões de reais para beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Para o empreendedor Ramires Paiva, há uma oportunidade de usar a tecnologia para explorar melhor essa modalidade de crédito, que atrai pelos spreads menores.O pensamento se materializou na Creditoo, fintech que oferece empréstimo consignado privado com um processo totalmente online.

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O negócio surgiu em 2016 e recebeu 1,5 milhão de dólares de investidores de peso (na cotação atual, 5,6 milhões de reais). Entre eles, Sergio Furio, criador da fintech de crédito com garantias Creditas -- cotada para se tornar um unicórnio, ou startup avaliada em um bilhão de dólares, ainda neste ano. A Creditoo concedeu 15 milhões de reais em crédito consignado privado em 2018. Para 2019, tem a meta ambiciosa de alcançar uma carteira de 200 milhões de reais.

Oportunidade de mercado

De acordo com Paiva, poucos negócios focam na concessão de empréstimo consignado porque o spread, ou a diferença da taxa cobrada do consumidor e a taxa obtida pelo que oferece o crédito, é baixo na comparação com outros empréstimos. Enquanto a taxa cobrada por um consignado vai de 1,2% a 4,69% ao mês, o cheque especial pratica taxas que podem chegar a mais de 16% ao mês. Os juros cobrados são menores porque o crédito consignado tem seu pagamento mais assegurado do que outras modalidades de empréstimo, com o desconto na folha de pagamentos.

A Creditoo se diferencia de outros concorrentes que oferecem crédito consignado privado por duas razões, de acordo com seu cofundador. A segurança de pagamentos pode ser ainda maior na Creditoo por conta da integração com os sistemas das empresas que queiram oferecer o consignado como benefício aos funcionários. É possível limitar o acesso do usuário ao crédito por salário e performance, por exemplo, aumentando sua probabilidade de pagamento.

Hoje, o negócio possui 600 empresas parceiras, que não pagam para oferecer o acesso ao consignado privado para seus funcionários. Paiva estima que o custo de confirmação da falta de fraudes na Creditoo pode chegar a ser 20 vezes menor do que o de outros empreendimentos de crédito com tais integrações.

Ramires Paiva, da Creditoo (Creditoo/Divulgação)

A segunda diferença seria a estrutura enxuta da Creditoo, baseada em uma operação completamente online. O funcionário pode pedir crédito pelo computador ou pelo smartphone, inclusive usando o aplicativo de mensagens WhatsApp. Mais de nove em cada dez pedidos de crédito consignado passam pelo atendimento no app. O tempo de concessão varia de três a cinco minutos, beneficiado pelo acesso facilitado aos sistemas das empresas parceiras da Creditoo e por um robô de atendimento (ou chatbot ). Fora isso, o negócio possui 35 funcionários na equipe.

A fintech se monetiza por meio dos juros cobrados dos tomadores do crédito consignado privado. O usuário paga uma taxa mensal de 1,75% em juros, mais uma taxa única que varia zero a 5% de acordo com o porte da empresa parceira, o perfil de risco e a quantidade de parcelas. Mesmo com a taxa única, Paiva afirma que o custo total do crédito consignado privado na Creditoo continuaria abaixo da média do mercado, de 2,7% ao mês.

A Creditoo concentra 80 mil usuários em sua plataforma e concedeu mais de três mil empréstimos. O negócio oferece empréstimos de até 50 mil reais, em 48 parcelas. Em média, seus usuários pedem 6 mil reais, a serem pagos em 17 meses.Em 2018, mais de 15 milhões de reais foram concedidos em crédito consignado privado. O empreendedor afirma que isso gerou uma economia de 2,5 milhões de reais em juros, comparando com o que seria cobrado na modalidade de crédito pessoal.

Em 2016, o negócio recebeu um investimento-anjo de Sergio Furio, fundador da Creditas, e foi incubado dentro da fintech de crédito com garantias. No ano seguinte, atraiu um aporte semente do fundo de investimentos Canary, criado por um co-fundador do site de compras Peixe Urbano e que possui entre seus participantes Paulo Veras, um dos criadores do unicórnio brasileiro de mobilidade urbana 99. Em 2018, o Canary novamente investiu na Creditoo, junto do fundo americano Global Founders Capital. A plataforma de crédito consignado privado captou ao todo 1,5 milhão de dólares em aportes.

Em 2019, a Creditoo planeja expandir sua carteira para 200 milhões de reais. Se tal projeção se confirmar, a fintech estará colada com suas parceiras de setor, como a própria Creditas.

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