São Paulo – O que você está disposto a fazer para colocar seu negócio de pé? Em 2002, o empreendedor Pedro Corino resolveu largar o emprego em um escritório de advocacia para investir na sua ideia. Para isso, gastou tudo o que tinha (inclusive as economias dos pais) e passou três anos trabalhando 18 horas por dia, comendo hot dog a 1 real e dormindo no carro.
Não foi nada fácil. Porém, o esforço valeu a pena. Em 2015, sua empresa , a Sociedade São Paulo de Investimentos movimentou 350 milhões reais em compras de precatórios e faturou nada menos que 40 milhões de reais.
O negócio funciona assim: a empresa procura pessoas que tenham dinheiro a receber do governo (os chamados precatórios), mas que não estão dispostas a esperar até o pagamento, que pode levar anos. Quando encontra interessados, negocia a compra desse título.
“Em geral, quem vende são pessoas que querem montar um negócio, ou ajudar o filho, e precisam do dinheiro mais imediatamente”, explica Corino. Já os compradores são fundos de investimento: a própria Sociedade São Paulo tem três fundos, mas ela também vende para terceiros.
Tudo começou com um Celta
Toda essa estrutura organizada começou com uma única compra. Aos 22 anos, Corino vendeu seu carro, um Celta, juntou com as economias dos seus pais, num total de 45 mil reais, e comprou ele mesmo um precatório. Em seguida saiu em busca de vender aquilo com algum lucro.
“Era uma ansiedade monstra. Imagine todo o dinheiro seu e da sua família investidos numa única operação. E ainda era preciso honrar as contas. Foi um nível de estresse considerável”, lembra o empreendedor. Ele havia acabo de largar um emprego com salário de cerca de 15 mil reais para apostar em sua ideia.
Com operações semelhantes a esta, a empresa foi tomando forma. Porém, para isso era necessário economizar ao máximo. “Eu morava na casa da minha da mãe, não gastava com nada. Com parte do dinheiro da primeira venda, dei entrada em outro carro. Dormi no carro por três anos durante a semana para economizar tempo e gasolina e trabalhei 18 horas por dia até conseguir juntar 1 milhão de reais”, lembra.
Acreditar na ideia
Além do objetivo claro de levantar a sua empresa, Corino conta que teve outro motivador importante: ele realmente acreditava em sua ideia, que surgiu quando ele trabalhava num escritório de advocacia que atuava em casos de precatórios.
“Tudo começou porque eu realmente achei que daria certo. Vi que de um lado tem gente com dinheiro e interesse em comprar os precatórios e, do outro, gente que precisa vender, que não pode esperar cinco ou dez anos para receber esse dinheiro. Para se ter ideia, hoje o governo está pagando precatórios de 1999, são 17 anos de fila”, afirma.
Segundo o empreendedor, a negociação é vantajosa tanto para quem compra quanto para quem vende. “Quem vende muitas vezes são pessoas que nem sabem quanto têm a receber, e nós fazemos questão de ter uma negociação totalmente transparente até o final”, afirma.
Para o comprador também é um negócio vantajoso. Corino exemplifica: Imagine um precatório no qual uma pessoa deve receber 80 mil reais, mas cuja previsão de pagamento é só daqui a dez anos. Em casos assim, com um prazo longo de pagamento, o precatório é negociado a cerca de 25 mil reais, pagos na hora. Para o investidor, é a promessa de transformar 25 mil reais em 80 mil, fora as correções, que aumentam consideravelmente esse valor.
Franquia
Hoje, o negócio de Corino tem 45 funcionários e lançou recentemente uma rede, a Franquia de Precatórios, em parceria com o sócio Marcos Rozzato. O objetivo é que os franqueados atuem na prospecção de pessoas interessadas em vender seus precatórios.
A marca já tem dez franqueados, e quer fechar 2016 com 50, enquanto a Sociedade São Paulo espera terminar o ano com um faturamento de 60 milhões de reais – um crescimento de 50% em relação a 2015.
A Franquia de Precatórios tem investimento inicial de 6 mil reais e, segundo Corino, cada franqueado tem um lucro médio mensal de 5 mil reais. O lucro vem de uma comissão de 5% que o franqueado recebe sobre cada negócio fechado.
Alexandre de Moura foi um dos primeiros a entrarem no negócio e atua na rede desde novembro do ano passado. “Nos primeiros meses foi difícil, mas hoje eu consigo um lucro mensal de 13 mil reais”, garante o empreendedor. Ele conta com a ajuda da esposa e de duas ex-colegas de faculdade, que trabalham em sua operação.
São Paulo – O que grandes
empreendedores fazem nas horas em que não administram seus impérios? Se você acha que empresários como Bill Gates, Elon Musk, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg e Warren Buffett aproveitam o tempo livre para descansar, está muito enganado: não só eles, mas muitos empreendedores de
sucesso aproveitam seu tempo livre de forma
produtiva . Por isso, elencamos aqui alguns projetos alternativos desses grandes donos de negócio. As atividades vão desde passatempos inspiradores, como leitura e instrumentos musicais, até ainda mais projetos empreendedores!
Quer aproveitar seu tempo fora da empresa da mesma forma que grandes donos de negócio? Navegue pelos slides acima e confira o que dez empreendedores de sucesso fazem quando não estão cuidando do seu negócio. 2. Bill Gates 2 /12(Ramin Talaie/Getty Images)
Fora da Microsoft, Bill Gates é conhecido por se dedicar à filantropia e a projetos sociais. Ele é fundador e diretor da
TerraPower, por exemplo: um projeto para desenvolver uma energia nuclear mais acessível, segura e amiga do meio ambiente. Gates e outros empreendedores pensaram na ideia em 2006 e, dois anos depois, a iniciativa saiu do papel. Porém, o projeto mais conhecido de Gates é realizado junto com sua esposa: a
Bill & Melinda Gates Foundation, que investe em projetos voltados para áreas de extrema importância social, como educação e saúde. O fundador da Microsoft resolveu se dedicar à filantropia após
visitar um hospital para tratamento de tuberculose na África do Sul, em 1997. Por fim, algumas curiosidades sobre os hábitos de Gates:
em uma sessão de perguntas e respostas no Reddit, o empreendedor contou que
ele mesmo lava sua louça, porque gosta do seu próprio jeito de fazer essa atividade. Também aprecia jogar tênis, fazer cursos online e passear por lugares como o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) e a Antártica.
3. Elon Musk 3 /12(Justin Sullivan/Getty Images)
Todos conhecem as ambições de Musk: além de possuir a Tesla no portfólio, o empreendedor também
administra uma empresa que quer colonizar Marte: a SpaceX. Quando não está cuidando nem da Tesla e nem da SpaceX, porém, ele investe em um ramo totalmente diferente: o da educação. Musk não estava muito feliz com a educação que seus filhos recebiam (vale lembrar que ele próprio sofria bullying quando ia para o colégio, apanhando diversas vezes dos outros estudantes). Por isso, resolveu ele mesmo criar uma escola, chamada Ad Astra. Sem site nem redes sociais, a escola foi revelada em
uma entrevista que o empreendedor deu em Beijing (China), no ano de 2015. Na época, Musk disse que esperava ter 20 alunos até setembro daquele ano. Não há séries, como ensino fundamental e médio. Cada aluno identifica sua matéria preferida, e a educação é personalizada para tais interesses e habilidades. “Vamos dizer que você está tentando ensinar as pessoas sobre como motores funcionam. Uma abordagem tradicional seria dizer ‘nós vamos ensinar tudo sobre furadeiras e chaves inglesas’. Essa é uma escolha muito difícil”, defende Musk. Primeiro, ele desmontaria o motor. “Como nós vamos desmontá-lo? Você precisa de uma furadeira. É para isso que ela serve (…) Aí, uma coisa muito importante acontece: a relevância das ferramentas fica aparente.”
4. Jack Dorsey 4 /12(C. Flanigan / Getty Images)
Jack Dorsey, além de co-fundador e CEO do Twitter, também possui uma outra empresa: a Square, que oferece soluções de pagamento com foco em transações de cartão de crédito para empresas. Porém, antes de ser empreendedor, Dorsey já havia aprendido uma grande arte: fazer ilustrações botânicas. Ele passava horas olhando para uma planta chamada gingko, símbolo japonês de paz e longevidade, buscando replicar com eficiência seus traços, diz
o Wall Street Journal. Ele também treinou para ser massagista e aprendeu
como fazer seus próprios jeans. Ainda hoje, desenhar e costurar são hobbies seus. Durante um bate-papo com internautas em 2015, o empreendedor também explicou sua rotina matinal, fora do horário de empresário: ele acorda às 5 horas da manhã, medita durante 30 minutos, faz exercícios físicos e então prepara seu café.
5. Jeff Bezos 5 /12(Mario Tama / Getty Images)
O dono da Amazon e do Washington Post é conhecido por seu estilo de gestão exigente,
que frequentemente toma conta das manchetes sobre empreendedorismo. Seus hábitos fora do trabalho, assim como sua capacidade de pensar em estratégias,
são diversos. Diferente da maioria dos donos de empreendimentos, Bezos ressalta que é importantíssimo para ele dormir bastante: ele descansa oito horas todos os dias, como forma de combater o estresse. Há relatos de que ele leva um saco de dormir para a Amazon nos dias especialmente difíceis. Ele também não gosta de ter uma rotina pela manhã, evitando as reuniões e optando por passar mais tempo com a família. Bezos também cultiva um hobby extravagante: ele
procura foguetes descartados por oceanos (as partes que se desprendem durante o trajeto da nave espacial). O fundador da Amazon está especialmente interessado nos foguetes das missões Apollo, da NASA.
Veja, em vídeo, Bezos puxando um motor usado na missão Apollo 11.
6. Larry Ellison 6 /12(Louie Psihoyos/Latinstock)
Um bilionário resolve comprar uma grande ilha. Essa história soa comum, mas Larry Ellison não a adquiriu apenas para relaxar, como a maioria faz. O fundador da gigante de tecnologia Oracle investiu 300 milhões de dólares (na cotação atual, cerca de 750 milhões de reais) para comprar a ilha de Lanai, no Havaí, no ano de 2012. Ele detém 98% do território (o resto pertence ao governo ou às famílias tradicionais do local). O objetivo de Ellison é dar um novo fôlego ao local:
o Wall Street Journal conta que o empreendedor
construiu um hotel de ultraluxo, e quer revitalizar a agricultura local e criar um laboratório de sustentabilidade. A ideia é que seja uma comunidade economicamente viável e verde, o que inclui plantar frutas como mangas e abacaxis, produzir perfumes a partir das flores plantadas no local, criar adegas e usar a energia solar para converter água salgada em água potável. Ele também está reformando habitações, pavimentando estradas e expandido aeroportos (comprando, inclusive, a companhia aérea Island Air).
7. Larry Page 7 /12(David Paul Morris/Bloomberg)
Larry Page, co-fundador do Google, já tem muito o que fazer ao gerir uma das maiores empresas do mundo. Ele ajudou a elaborar projetos
como carros autônomos e
lentes de contato inteligentes na área de projetos especiais do Google, por exemplo. Quando Page tem um tempo livre da gigante de tecnologia, ele novamente volta a empreender. Desde 2010, o empreendedor usa seus próprios recursos para bancar o projeto
Zee.Aero, que quer desenvolver nada menos que carros voadores. Tudo começou quando um estranho escritório apareceu ao lado do quartel general do Google, em Mountain View (Califórnia). Ninguém sabia o que era feito lá; com o tempo, pesquisas de patentes e relatos confirmaram que a startup estava desenvolvendo esses veículos. Com base no testemunho de dez fontes,
a Bloomberg afirma que o empreendimento é mesmo de Larry Page. No segundo andar, havia um escritório com obras de arte caríssimas, uma parede escalável e até mesmo um dos primeiros motores de foguete da SpaceX – Page e Elon Musk são amigos (inclusive em termos de ambições científicas e tecnológicas). Com a expansão da Zee.Aero, esse segundo andar foi aberto para os funcionários: hoje, cerca de 150 membros fazem parte do sonho de Page.
8. Mark Zuckerberg 8 /12(Facebook/Mark Zuckerberg)
Além de comandar a rede social Facebook, todo ano Mark Zuckerberg se propõe uma meta. Em 2015, criou a página
A Year of Books: lá, prometeu ler um livro a cada duas semanas, e quem quisesse poderia curtir a página e acompanhá-lo na meta. Neste ano, o empreendedor se propôs outro projeto paralelo:
estudar mais sobre inteligência artificial. A ideia é construir uma espécie de Jarvis (a assistente pessoal do super-herói Homem de Ferro) que realize simples tarefas domésticas: controlar músicas, luzes, temperaturas. Depois, Zuckerberg deverá programá-la para tarefas mais complexas: reconhecimento visual, alertas de situações estranhas no quarto da filha de Zuckerberg, Max, e visualização de dados por meio de realidade virtual. Além da meta pessoal, o fundador do Facebook possui iniciativas filantrópicas: a Internet.org, que pretende democratizar a conexão online pelo mundo; e a Chan Zuckerberg Initiative, organização de Zuckerberg e sua esposa, Priscilla Chan, para promover desenvolvimento e igualdade social.
9. Richard Branson 9 /12(Getty Images)
Richard Branson é mais um empreendedor excêntrico: por meio da marca Virgin, ele é responsável
por mais de 400 companhias diferentes e já protagonizou momentos divertidos
ao se fantasiar de aeromoça e de noiva, por exemplo. Os vários projetos alternativos de Branson refletem seus interesses ecléticos: já faz tempo que ele se desviou de seus primeiros negócios, como a gravadora Virgin Records. Ele criou empresas para voos com balões, para refrigerantes e vodcas, para excursões de iate e submarino e até mesmo para quem quer ter a experiência de viver como um bilionário,
alugando as próprias residências de Branson.
10. Sheryl Sandberg 10 /12(Robyn Twomey/Corbis Outline/Latinstock)
11. Warren Buffett 11 /12(Daniel Acker/Bloomberg)
O megainvestidor Warren Buffett não fica acompanhando cotações o dia todo: além de reservar até seis horas por dia
para ler jornais e relatórios, Buffett possui um hobby bem musical. Ele toca o ukulele, um instrumento de cordas que se assemelha a um pequeno violão. Até em seus hobbies Buffett alcança altos voos - ele já fez duetos
com o cantor Jon Bon Jovi e
seu amigo Bill Gates, por exemplo.
12. Quer conhecer mais sobre os grandes CEOs? 12 /12(Thinkstock)