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Como o WhatsApp fez este sex shop faturar o dobro em plena crise

O Delírio e Ponto já funciona há 20 anos. A crise econômica fez com que o negócio tivesse de se reinventar – ou fecharia as portas

Maísa Pacheco, do Delírio e Ponto: até o sex shop sofreu os efeitos da crise econômica (Delírio e Ponto/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 6 de maio de 2017 às 08h00.

Última atualização em 6 de maio de 2017 às 08h00.

São Paulo – Nem os negócios mais atrativos e duradouros estão imunes aos efeitos da recessão. Foi o que a empreendedora Maísa Pacheco percebeu no fim do ano passado: seu sex shop, chamado Delírio e Ponto, passava por dificuldades financeiras. E, se ela não achasse uma solução, o empreendimento de 20 anos, localizado no bairro da Consolação (São Paulo), iria falir.

“O movimento caiu para todo mundo com a crise, inclusive para a gente. Nosso produto é supérfluo, o que dificulta ainda mais as coisas: ninguém vai deixar de comer para comprar o que vendemos. Nessas horas, é preciso rebolar para não fechar as portas”, explica Pacheco.

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A gota d’água veio no Natal daquele mesmo ano: o que antes era uma época boa para o Delírio e Ponto se traduziu em movimento fraco. A empreendedora estava decidida a não entregar os pontos e saiu comentando com amigos.

Até que uma amiga de Pacheco deu uma ideia que mudaria tudo, há apenas oito meses: já que a empreendedora tinha um jeito espontâneo, por que não divulgar o sex shop por meio de um canal no YouTube ? E que tal começar a usar o WhatsApp também?

YouTube

“Eu gostei da ideia que minha amiga deu e resolvi apostar em uma loja virtual do Delírio e Ponto, junto com um canal do YouTube”, conta Pacheco.

A ideia era as pessoas acessarem o e-commerce e depois conferirem os vídeos, mas aconteceu o contrário: elas viam os vídeos e depois visitavam o e-commerce.

Os dois primeiros vídeos do Delírio e Ponto conseguiram, em pouco tempo, 20 mil visualizações. Hoje, há 63 vídeos, em que Pacheco demonstra os produtos e dá dicas íntimas. São vídeos curtos, de dois a quatro minutos, e não possuem muitos rodeios.

“Fiz assim por conta da minha própria experiência, como espectadora. Quando um vídeo tinha muitas apresentações até chegar ao ponto, logo fechava”, conta.

Na loja física do Delírio e Ponto, o cliente também ganha um brinde caso se inscreva, na hora, no canal do YouTube. Chegando em casa, talvez tenha curiosidade e confira os vídeos. No último mês, cerca de 600 clientes vieram por meio do canal.

WhatsApp

Com a estratégia, mais clientes visitavam não só o e-commerce, mas também a loja física do Delírio e Ponto. Para conseguir fidelizá-los, Pacheco também fez uso do WhatsApp.

“Criei uma lista e adicionei os clientes, para falar pessoalmente com cada. Toda sexta-feira, fazemos uma mesa na loja e escolhemos três ou quatro produtos para fazer uma promoção exclusiva para as pessoas dessa lista”, conta a empreendedora.

Quem quisesse aproveitar a promoção deveria entrar para a lista – e, assim, ficaria sabendo de novos produtos todas as semanas. “São itens que vendemos com um preço muito bom para o cliente, pouco acima do de custo. Com isso, a pessoa compra e acaba levando outros produtos. Perdemos lucro em um item, mas ganhamos em outro.”

Há oito meses, diz a empreendedora, havia dias que entravam apenas dois clientes na loja – um resultado inviável para um sex shop localizado em um bairro movimentado como é a Consolação.

“Em comparação, só hoje atendi mais de trinta clientes – e estamos conversando no meio da tarde. Funcionamos das dez da manhã à meia-noite.”

A lista no WhatsApp do Delírio e Ponto já está com 938 clientes, que costumam visitar a loja na sexta-feira das promoções. Em algumas delas, conta Pacheco, o sex shop já atendeu até 80 clientes.

Com isso, o faturamento também cresceu: nos meses magros, o faturamento mensal do Delírio e Ponto girava em torno de 40 mil reais. Hoje, está em uma média de 90 mil reais: ou seja, mais do que dobrou.

Outros benefícios

Além do aumento nas vendas e no faturamento, Pacheco conta que viu outros benefícios ao fazer uso do YouTube e do WhatsApp em seu negócio.

“Primeiro, eu consegui atingir um público que até então não atendia: a terceira idade”, conta. “Ela me procura nas redes e novas ideias estão nascendo com isso, como cursos sobre temas como massagem tântrica e pompoarismo. Já alugamos uma loja ao lado da nossa apenas para vender lingerie e ministrar essas aulas.”

Além da diversificação do mix de produtos e serviços, o Delírio e Ponto conseguiu novas parcerias com a maior exposição. “Hoje, eu posso chegar em uma empresa e fazer um acordo para ela dar brindes aos nossos clientes, como camisinhas e até vouchers de drinks em restaurantes. Em troca, esse consumidor poderá se interessar pelo produto e querer comprar mais depois.”

E que dica Pacheco daria para outros empreendedores? “Diria para perceberem que o WhatsApp não é só para bater papo, mas também para fazer negócios. Temos que aproveitar mais as ferramentas que temos à mão, e nem percebemos o potencial.”

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