Como esta costureira criou uma rede de escolas de R$ 72 milhões
Leiza Oliveira começou vendendo lingeries para colegas - e essa experiência foi fundamental para que seu próximo negócio fosse uma rede milionária
Mariana Fonseca
Publicado em 24 de março de 2017 às 06h00.
Última atualização em 24 de março de 2017 às 12h52.
São Paulo – Muitos pensam que, para criar um negócio de sucesso , é preciso ter estudado nas melhores escolas ou ter trabalhado em empresas revolucionárias. Porém, começar com atividades simples pode trazer ensinamentos tão valiosos quanto para sua trajetória empreendedora .
Leiza Oliveira é um exemplo disso: sua primeira fonte de renda, aos 15 anos de idade, foi cortar e costurar calcinhas e vender para suas colegas. Seu próximo negócio, a escola de inglês Minds Idiomas, acabou evoluindo para uma rede de franquias que faturou 72 milhões de reais apenas no ano passado. E a experiência como costureira, diz a empreendedora , teve tudo a ver com desenvolver suas habilidades em gerir um empreendimento.
Primeiros passos
Oliveira começou a trabalhar bem cedo, seguindo o exemplo de sua mãe. “Ela me ensinou a bordar e costurar, e achei interessante ganhar um dinheirinho com isso”, explica.
Ela virou uma a “empresa de uma pessoa só”: cortava, costurava e vendia calcinhas para amigas e colegas. “Isso me deu uma oportunidade de conhecer como funciona o mundo dos negócios. Quando você abre uma empresa, é necessário abrir caminhos e deixar as pessoas saberem o que você faz. Então tive de aprender como me relacionar com as pessoas e como falar melhor, por exemplo. Foi excelente para minha vida profissional.”
Porém, logo chegou a época do vestibular e a estudante teve de se decidir por um curso. Oliveira se formou no antigo Magistério, mas nunca se identificou com a carreira de docente. Decidiu, então, virar auxiliar de escritório em uma escola de inglês.
Lá, os funcionários poderiam aprender o idioma de graça. “Sou de uma família humilde e nunca tive como estudar inglês. Acabei me apaixonando pelo idioma, e decidi que queria ter uma escola só minha”, diz a empreendedora.
Era a hora de deixar o empreendimento de costura para um de educação. “Foi esse primeiro negócio que me deu coragem de abrir algo maior no futuro. É engraçado pensar que eu comecei um negócio meu e, só depois, virei funcionária”, conta. “E, como empregada, sempre sentia que faltava alguma coisa e queria implantar outras práticas.”
Depois de um ano e meio como auxiliar de escritório, Oliveira largou a vida de funcionária (e de costureira) e virou franqueada em tempo integral. Foram treze anos de carreira nesse modelo de empreendedorismo.
Minds
A franqueada fazia um pouco de tudo em sua escola de idiomas, e aprendeu na prática como funciona cada área desse tipo de negócio. Mas, novamente, o desejo de maior autonomia fez com que ela mudasse a trajetória.
“Às vezes, eu queria colocar alguma estratégia para reter mais alunos e não conseguia, porque a franqueadora tinha suas regras. Eu sentia que perdíamos alunos e nada podia ser feito”, conta.
“Conversei com uma consultoria para estruturar um modelo de negócios. Na franquia havia manuais a serem seguidos, mas em um negócio próprio não há nada disso. Eu mesma tive de aprender a colocar no papel e pensar em como batalharia em um mercado tão competitivo.”
A primeira escola da Minds Idiomas foi inaugurada em 2007. O diferencial vinha justamente do fato de a empreendedora ter trabalhado como funcionária e saber o que os alunos alegavam na hora de cancelar seus cursos: falta de tempo, dificuldade econômica e turmas grandes demais.
“Eu peguei esses problemas e montei minha metodologia para resolver isso: fiz um curso com flexibilidade de horários para o cliente, sem custos exorbitantes no material e com poucos alunos por sala”, diz.
Na Minds, os professores são contratados por expediente de oito horas, e não por hora-aula. Assim, eles estão disponíveis e os alunos podem marcar qual horário de aula preferirem para o seu nível, desde que cumpram as quatro horas semanais requeridas. Com tantas opções de horário, as salas ficam menores.
Um ano depois da abertura, a Minds já estava franqueando. Hoje, há 72 unidades em operação e 50 mil alunos atendidos. A mensalidade varia de 190 a 230 reais, dependendo do estado em que a unidade franqueada está.
Planos
A empreendedora conta que, neste ano, oferecerá algumas novidades de ensino para a rede. A principal é dar ao aluno a possibilidade de fazer até 50% do curso de forma online. Quem preferir poderá manter o curso 100% presencial.
“As pessoas querem tudo na palma da mão, e muitas não dispõem das quatro horas semanais presenciais para estudar inglês. Daremos essa opção a partir do meio do ano”, conta.
A Minds também pretende inaugurar salas decoradas para simular situações cotidianas – uma cafeteria ou um supermercado, por exemplo. Também incluirá recursos tecnológicos para chamar a atenção e aprimorar o aprendizado, especialmente na educação infantil: óculos 3D, tablets e um mascote em forma de robô estão na lista.
Financeiramente, a rede faturou 72 milhões de reais em 2016. Neste ano, pretende focar em fortalecer os franqueados que já operam. “Não pretendo abrir novas franquias em 2017, e sim em 2018. Quero implantar essas novidades de que falei antes de abrir mais franquias.”