'Banco da população negra', Conta Black quer ir além do S do ESG
Fintech anunciou novos compromissos ambientais e sociais e quer ter 100 mil clientes nos próximos meses
Maria Clara Dias
Publicado em 20 de janeiro de 2022 às 16h24.
Última atualização em 26 de janeiro de 2022 às 10h31.
Pelos olhos de Sergio All, o ESG, sigla em inglês para ambiental, social e governança, deve afetar a sociedade de forma generalizada. A maturidade do termo no mercado financeiro, porém, facilitou a criação de uma empresa no setor que segue essa premissa há pelo menos cinco anos.
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A empresa em questão é Conta Black , fintech criada em 2017 por All e sua sócia Fernanda Ribeiro, e que nasceu para democratizar o acesso financeiro e a soluções de crédito para a população negra. Hoje, a Conta Black quer ser reconhecida como mais do que uma conta digital, mas um hub de produtos e serviços financeiros que se concentram por ali.
A inspiração para a criação da tal "empresa democrática" esteve em uma experiência pessoal do empreendedor. Depois de ter crédito negado em uma insitutição financeira sem motivo aparente, All percebeu que, apesar dos percalços, era hora de criar uma empresa capaz de atender pessoas das classes C, D e E — e é claro, de pele escura.
Sob essa perspectiva de atender a população negra, periférica e que tradionalmente sofre com os abusos do sistema financeiro, a Conta Black já tem mais de 23.000 clientes, nos 26 estados do país, além do Distrito Federal. De alguns anos para cá, ampliou seu rol de produtos para empréstimos e também para o que chamam de "microsseguros" (com apólices que comprometem pouco do orçamento), por exemplo.
"Hoje percebemos que a conta digital é um meio, e não um fim", diz Fernanda Ribeiro, diretora de operações da fintech. No futuro, a inteção é também criar uma plataforma de investimentos.
Agora, para ampliar o seu papel para além do S do ESG, a Conta Black divulga diretrizes ESG com metas e compromissos para os próximos cinco anos.
Em parceria com a empresa de software SAP Brasil, a partir de um programa de apoio a pequenos negócios, a fintech desenvolveu um plano de médio prazo que olha também para ações ambientais, por exemplo. Na lista, estão compromissos com a redução nas emissões de poluentes a partir da monitoramento direto e indireto da empresa, como o da base de clientes.
Em outra ponta, a intenção é também ampliar a atuação social, um dos carros-chefe da empresa. Segundo Fernanda, a principal proposta é incentivar a educação financeira entre os clientes, especialmente os empreendedores, a partir da criação de um braço educativo para a concessão de crédito — hoje, os empreendedores são 10% da base.
Ainda do ponto vista social, a fintech também quer ampliar o Black.Money, plataforma de empréstimos que considera, durante a avaliação de crédito, o volume de crédito concedido, região, políticas de fomento do consumo local, entre outros pontos.
A partir de agora, a Conta Black passará a publicar seus relatórios ESG para o mercado. "A tentativa é mostrar que pequenas empresas também podem e devem ter estratégias ESG e se responsabilizar pelos problemas sociais e ambientais, pois eles impactam a sociedade e o desempenho de todos, independente do porte da companhia", diz a empreendedora.
"O ESG sempre fez parte da história da Conta Black", diz Sergio All. "Somos sim uma startup de impacto, mas que gera lucro. Então nosso comprometimento é mostar que, como conta digital, queremos não somente o pioneirosmo na parte social, mas mostrar a que viemos em todas letras dessa sigla".
Sem revelar valores ou envolvidos, Fernanda afirma que a fintech está finalizando sua primeira captação de investimentos externos. Até o final do primeiro semestre do ano que vem, a Conta Black quer alcançar uma base de 100.000 clientes ativos, quatro vezes mais do que o volume atual. "O olhar agora é para crescimento", diz a diretora.
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