As armadilhas do telemarketing
Qualquer comunicação com o cliente que exija o mínimo de persuasão não deve ser feita por atendentes insatisfeitos de empresas terceirizadas
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2011 às 08h00.
Outro dia me perguntaram se telemarketing pode ser útil para uma pequena ou média empresa. Minha resposta foi curta: é pouco provável. Não que a ferramenta seja ruim.
O problema é a forma como normalmente é usada. Pergunte a qualquer amigo e você receberá invariavelmente a impressão de que esse pessoal de call center liga somente na hora errada — e para oferecer o que não queremos. Quando somos nós que telefonamos, então, quase sempre ficamos sem resposta.
Quando surgiu, nos anos 80, o telemarketing parecia uma grande promessa. Estreitaria o relacionamento com os clientes, traria mais comodidade às transações, imprimiria velocidade às operações das empresas, reduziria custos, e por aí afora. Na prática, não foi bem isso o que aconteceu.
Nem sempre a ausência de presença física dos interlocutores funciona. E pode se tornar um verdadeiro desastre se esse tipo de serviço for terceirizado com o fim de reduzir custos.
Quer prova? Procure nos sites de reclamações. As empresas que usam a bendita fórmula “telemarketing + terceirização” são campeãs! Em vez de se comunicar melhor com seus clientes, essas empresas erguem verdadeiras muralhas para o bom diálogo. E é bom lembrar que venda, antes de tudo, é conversa boa.
Montar uma estrutura de telemarketing não sai barato, e dificilmente o empreendedor poderá contar com uma equipe interna para isso. Então, provavelmente, ele vai querer terceirizar o serviço.
Para garantir uma margem adequada ou custos competitivos, a empresa de telemarketing, por sua vez, vai contratar gente pouco qualificada, investir pouco em seu treinamento e impor restrições no tempo de atendimento. Ou seja — serviço malfeito.
Uma vez me ligaram para saber se eu estava satisfeito com um carro que havia acabado de comprar. Gostei da iniciativa e comecei a responder. No meio da conversa, porém, a atendente me interrompeu dizendo que tinha de terminar a ligação, pois o tempo previsto havia se esgotado.
O efeito, obviamente, foi contrário. Uma empresa que tanto fez para conquistar um cliente pode perder toda a sua reputação simplesmente por causa de uma métrica como essa.
Os seguintes aspectos podem ajudá-lo a descartar de vez o telemarketing:
• Se seu produto ou serviço for complexo, envolver conhecimento técnico ou decisões de várias pessoas para a compra, não pense em telemarketing — nem em terceirizá-lo.
• Não monte ou contrate uma estrutura de telemarketing para marcar visitas dos vendedores a potenciais clientes. Há chance de que o operador não esteja preparado para falar com quem decide a compra. Marcar as primeiras visitas é tarefa do vendedor. Evite duplicação de custos, reuniões marcadas com quem não apita nada e reclamações de sua equipe de vendas.
• Se seus produtos e serviços exigem demonstrações, testes e visitas técnicas, o telemarketing e a terceirização apenas emperrarão sua operação ou afastarão seus clientes.
Há, sim, situações em que o telemarketing pode ser uma boa saída. É quando o cliente liga simplesmente para comprar — do tipo me dá duas dúzias disso ou 2 quilos daquilo —, sem exigir mais informações.
Funciona melhor com produtos ou serviços mais simples ou a partir da segunda compra de algo complexo. Mas é importante entender: nesses casos, se está simplesmente atendendo. Não existe persuasão nessas transações comerciais. Por isso, dá certo.
Outro dia me perguntaram se telemarketing pode ser útil para uma pequena ou média empresa. Minha resposta foi curta: é pouco provável. Não que a ferramenta seja ruim.
O problema é a forma como normalmente é usada. Pergunte a qualquer amigo e você receberá invariavelmente a impressão de que esse pessoal de call center liga somente na hora errada — e para oferecer o que não queremos. Quando somos nós que telefonamos, então, quase sempre ficamos sem resposta.
Quando surgiu, nos anos 80, o telemarketing parecia uma grande promessa. Estreitaria o relacionamento com os clientes, traria mais comodidade às transações, imprimiria velocidade às operações das empresas, reduziria custos, e por aí afora. Na prática, não foi bem isso o que aconteceu.
Nem sempre a ausência de presença física dos interlocutores funciona. E pode se tornar um verdadeiro desastre se esse tipo de serviço for terceirizado com o fim de reduzir custos.
Quer prova? Procure nos sites de reclamações. As empresas que usam a bendita fórmula “telemarketing + terceirização” são campeãs! Em vez de se comunicar melhor com seus clientes, essas empresas erguem verdadeiras muralhas para o bom diálogo. E é bom lembrar que venda, antes de tudo, é conversa boa.
Montar uma estrutura de telemarketing não sai barato, e dificilmente o empreendedor poderá contar com uma equipe interna para isso. Então, provavelmente, ele vai querer terceirizar o serviço.
Para garantir uma margem adequada ou custos competitivos, a empresa de telemarketing, por sua vez, vai contratar gente pouco qualificada, investir pouco em seu treinamento e impor restrições no tempo de atendimento. Ou seja — serviço malfeito.
Uma vez me ligaram para saber se eu estava satisfeito com um carro que havia acabado de comprar. Gostei da iniciativa e comecei a responder. No meio da conversa, porém, a atendente me interrompeu dizendo que tinha de terminar a ligação, pois o tempo previsto havia se esgotado.
O efeito, obviamente, foi contrário. Uma empresa que tanto fez para conquistar um cliente pode perder toda a sua reputação simplesmente por causa de uma métrica como essa.
Os seguintes aspectos podem ajudá-lo a descartar de vez o telemarketing:
• Se seu produto ou serviço for complexo, envolver conhecimento técnico ou decisões de várias pessoas para a compra, não pense em telemarketing — nem em terceirizá-lo.
• Não monte ou contrate uma estrutura de telemarketing para marcar visitas dos vendedores a potenciais clientes. Há chance de que o operador não esteja preparado para falar com quem decide a compra. Marcar as primeiras visitas é tarefa do vendedor. Evite duplicação de custos, reuniões marcadas com quem não apita nada e reclamações de sua equipe de vendas.
• Se seus produtos e serviços exigem demonstrações, testes e visitas técnicas, o telemarketing e a terceirização apenas emperrarão sua operação ou afastarão seus clientes.
Há, sim, situações em que o telemarketing pode ser uma boa saída. É quando o cliente liga simplesmente para comprar — do tipo me dá duas dúzias disso ou 2 quilos daquilo —, sem exigir mais informações.
Funciona melhor com produtos ou serviços mais simples ou a partir da segunda compra de algo complexo. Mas é importante entender: nesses casos, se está simplesmente atendendo. Não existe persuasão nessas transações comerciais. Por isso, dá certo.