6 pistas para saber se uma franquia é apenas moda passageira
Futuros franqueados buscam de forma ansiosa um novo negócio da moda. Mas essa nem sempre é uma boa ideia.
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2016 às 10h11.
Como identificar se uma franquia é apenas "moda passageira"?
Escrito por Marcus Rizzo, especialista em franquias
Futuros franqueados buscam de forma ansiosa um novo negócio da moda. Muito frequentemente sou indagado sobre qual o negócio quente em franquia e minha resposta é: “Não existe uma franquia excepcional que não seja aquela com a qual você, pessoalmente se identifique totalmente”.
Quando digo para não acreditarem naquelas que estão na moda (as últimas modas como paleterias, cupcakes, frozen, bolerias, microfranquias e muitas outras) parece, pela reação, um verdadeiro golpe contra o senso comum de sucesso garantido!
Franquias são negócios que possuem conceitos exaustivamente testados e de sucesso comprovado. O principal benefício de uma franquia é ter sido testada ao longo de um período que possibilitou passar por todo o tipo de intempéries que incluem vendavais, chuvas torrenciais, tempestades e também “céu de brigadeiro”.
Alguns destes negócios (e não todos) tipicamente modais possuem algumas características comuns e é fácil identificá-los:
1 - Falta de experiência
A maioria destas franquias possui zero experiência (tempo entre o lançamento do negócio e início da expansão com franquias), ou seja – não me fale há quanto tempo você fundou sua fábrica de paletas mexicanas, mas sim há quanto tempo você fundou e opera suas várias lojas de paletas.
Este negócio não foi adequadamente testado e também não passou por nenhuma dificuldade que poderia ter atestado sua performance como um bom negócio.
2 - Bom negócio, mas só para você!
Normalmente estes franqueadores não possuem unidades próprias, ou seja, não conseguiram nem mesmo testar o conceito e também não querem dar continuidade a inovações e desenvolvimento do negócio.
Quando um franqueador não possui um adequado número de unidades próprias está te avisando que o negócio é muito bom, mas só para você.
3 - Divulgação excessiva
Massiva divulgação da imprensa, que valoriza o produto e não o conceito do negócio. Realmente paletas mexicanas e frozen yogurte no verão são um sucesso de vendas. Mas no inverno com manter uma massa de clientes que gastem o suficiente para pagar pelo menos o aluguel do shopping e os salários dos empregados?
4 - Investimento inicial desproporcional à geração de caixa do negócio
Franquias modais não conseguem no curto espaço de sua existência o devido ajuste entre o investimento inicial (especialmente nas instalações) e a geração de caixa necessária para o retorno esperado do negócio.
Na maioria das vezes, o franqueador nunca operou o negócio que está vendendo como franquia ou, mesmo quando o fez, não passou pelo ciclo completo para entender o ciclo e seu retorno de investimentos.
Investimento alto com ticket médio baixo significam que o negócio exige uma grande quantidade diária de transações de caixa (venda). Será que é possível manter filas de clientes todos os dias, por 30 dias, por 365 dias?
5 - Falta de consistência gera novo modelo
Para sobreviverem, mesmo que ameaçados por um período de tempo pequeno, estes franqueadores sempre inventam outros conceitos com o mesmo produto. Assim, na sequência aparecem os modelos de lojas pequenas, quiosques, carrinhos e mesmo home-based, e a característica comum é que estes franqueadores nunca operaram uma única loja deste novo conceito.
6 - Franqueadores fornecedores
Franqueadores que confundem entregar conceito de um negócio e “know-how” com industrializar e fornecer para franqueados. Suas receitas e resultados estão baseados em vender mais para franqueados – são totalmente envolvidos com “sell in”, já o “sell out” é problema do franqueado.
Este franqueador tem sua estrutura de apoio ao franqueado para ajudá-lo a comprar mais, e não o suporte e apoio para que ele venda mais. Estes franqueados, por sua vez, não possuem opção para melhorar seus custos e retornar investimentos.
Marcus Rizzo é sócio- fundador da consultoria Rizzo Franchise.
Envie suas dúvidas sobre franquias parapme-exame@abril.com.br.
São Paulo – Asfranquiasfaturaram mais de 139 bilhões de reais no ano passado, segundo o balanço anual da Associação Brasileira de Franchising (ABF), divulgado na semana passada. Esse é um valor 8,3% maior em relação ao do ano anterior.
Dentro desse setor, porém, alguns setores cresceram mais emfaturamentodo que outros. Por isso, EXAME.com conversou com Cláudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF, para descobrir por que certos ramos tiveram melhor desempenho. Assim, é possível sondar oportunidades e tendências de negócios franqueados para abrir em 2016.
Tieghi alerta, porém, que o futuro franqueado deve procurar mais informações sobre o setor, investir em um negócio pelo qual realmente se interesse e saber bem se franqueamento é a melhor opção para ele. “É preciso que o empreendedor saiba e queira trabalhar em grupo. Ter uma franquia é por vezes renunciar suas opiniões e assumir o voto da maioria dos franqueados. É trocar ideias, gostar de dar e receber feedback, influenciar pessoas e ajudá-las a terem sucesso também.”
Para este ano, o diretor diz que a estabilidade econômica é essencial para manter o crescimento do setor. “O franchising enfrentou a crise e aumentou os postos de trabalho no país por meio da expansão das suas unidades. Precisamos, porém, de um cenário econômico mais claro para o futuro empreendedor e até para o próprio consumidor. Isso será bastante importante para nós neste ano.”
Está interessado em abrir uma franquia neste ano? Então, navegue pelos slides acima e confira os setores que mais cresceram percentualmente no seu faturamento em 2015.
Crescimento do faturamento em 2014: 19%
Posição no ranking em 2014: 2º lugar
O segmento de acessórios pessoais e calçados foi o que mais cresceu percentualmente no seu faturamento durante 2015 (mesmo que tenha crescido ainda mais de 2013 para 2014). Segundo Tieghi, vários fatores explicam o destaque. O primeiro é que o setor apresenta um ticket médio que costuma caber no bolso do brasileiro – a pessoa pode não trocar muito as roupas durante a crise, mas então varia em acessórios, o que favorece o crescimento do setor. O fato de serem produtos usados no dia a dia também estimula a compra. Outro ponto que alavancou o faturamento, segundo o diretor da ABF, é que os negócios de acessórios pessoais e calçados aplicam muito bem o conceito de “omnichannel”: ou seja, do relacionamento entre diversos canais para concretizar vendas. O consumidor dessas empresas toma primeiro a decisão por meio da internet, e vai à loja para experimentar e verificar as tendências. “O setor fez essa lição de casa muito bem. Há um esforço próprio das marcas em tornar a experiência de compra mais tranquila, oferecendo uma apresentação organizada do mix de produtos na própria loja, separando por cor, estilo e tendências. Esse tipo de atendimento foi uma tendência em 2015 e continuará neste ano.” Dentro da área, Tieghi destaca principalmente a projeção das óticas, que contam com grandes marcas no mercado e aproveitam a diversidade de óculos para estilo e para a saúde dos olhos.
Crescimento do faturamento em 2014: 6%
Posição no ranking em 2014: 8º lugar
O segmento pulou seis lugares entre 2014 e 2015 e engloba diversos negócios, como franquias dos Correios, minimercados e lojas de conveniência. Tieghi destaca, principalmente, as lojas de conveniência em postos de gasolina. Com a variação do barril do petróleo – e do preço da gasolina -, esse tipo de negócio foi reavivado e faz parte efetiva da renda do posto de gasolina. Portanto, há uma ampliação da presença dessas lojas e cada vez mais elas se profissionalizam. “Por exemplo, têm uma melhor estrutura e um mix de produtos mais variado, visando as pessoas que buscam alimentos sem glúten, orgânicos ou apenas mais saudáveis.”
Crescimento do faturamento em 2014: 0,3%
Posição no ranking em 2014: 11º lugar
Para Tieghi, o setor teve um desempenho que recupera o impacto da Copa do Mundo, realizada em 2014. Ainda que o turismo para as cidades-sede tenha sido incentivado, muitas empresas decidiram não realizar viagens antes, durante e depois do evento. Ou seja, esse turismo para os jogos não foi suficiente para substituir a falta de demanda do setor empresarial, o que afetou o faturamento naquele ano. Já em 2015, o segmento teve bons resultados, apesar da alta do dólar, da inflação e do quadro de crise econômica. Houve uma retração em viagens para o exterior, mas um aquecimento do turismo nacional. “Há uma tendência de o turismo crescer nos próximos anos, pela entrada de consumidores que ganharam o hábito de viajar e não abrem mão mais dessa experiência. Eles procurarão alternativas de destino, principalmente dentro do país”, afirma o diretor da ABF. Para os negócios da área, há uma concorrência a ser observada: os sites que buscam e comparam os melhores preços de passagens e pacotes de viagem. “É uma disputa de quem tem mais fluidez nesse atendimento ao consumidor. O desafio do setor de hotelaria e turismo é justamente trabalhar no multicanal.”
Crescimento do faturamento em 2014: 7%
Posição no ranking em 2014: 7º lugar
O setor de alimentação é bem diverso e, por isso, várias razões justificam o crescimento no seu faturamento. Como algumas estratégias de sucesso, Tieghi destaca a tendência de ampliação do mix de produtos - incluindo pratos ligados à saúde, à qualidade de vida e ao bem-estar – e a criação de negócios que remontam à comida caseira e de produto único, como as lojas de bolo caseiro. “O ‘food service’ muda a cada dia para atender novas demandas do consumidor. É um setor dinâmico, que foca na diversificação e no atendimento. Os negócios optaram por não repassar a inflação ao consumidor, e sim reinventarem seus cardápios e expandirem as unidades.”
Crescimento do faturamento em 2014: 9%
Posição no ranking em 2014: 5º lugar
O ramo dos veículos manteve sua posição em 2015, com uma alta percentual no faturamento similar à vista em 2014. As franquias de serviços automotivos são estimuladas pela redução de compra de veículos novos: os seminovos costumam demandar mais manutenção, e o consumidor opta cada vez mais por estabelecimentos especializados, com uma rede por trás, diz Tieghi. Outro fenômeno ressaltado pelo diretor e que impulsiona o crescimento do segmento é o de locação de automóveis. “Há uma reflexão dentro da sociedade sobre o papel dos veículos dentro das metrópoles, inclusive acompanhando um movimento mundial. Essas pessoas optam por não ter um carro e fazem a locação apenas em momentos específicos.”
Crescimento do faturamento em 2014: 12%
Posição no ranking em 2014: 4º lugar
O setor de educação e treinamento continua crescendo, ainda que esteja percentualmente mais desacelerado do que em 2014. Segundo Tieghi, o que puxou a alta do faturamento foram especialmente as redes de cursos profissionalizantes, que oferecem aulas de capacitação ou cursos de línguas de forma mais prática e simplificada do que as escolas mais tradicionais. “Tanto os desempregados quanto os que se sentem desconfortáveis com sua situação profissional optam por capacitar-se, e isso puxa o crescimento dessas redes.”
Crescimento do faturamento em 2014: 5%
Posição no ranking em 2014: 9º lugar
O setor de Esporte, Saúde, Beleza e Lazer está muito conectado ao estilo de vida das pessoas, e este cada vez mais inclui a preocupação com o bem-estar. “Virou hábito. Mesmo em situação de crise econômica, o cliente pode comprar uma embalagem menor ou até trocar a marca, mas não deixa de consumir. É um segmento que sempre teve destaque e continua assim”, analisa o diretor da ABF. Algumas estratégias adotadas pelos negócios da área foram a capilarização – aumentar a presença em cidades de pequeno ou médio porte -, a adoção de lojas mais compactas e a popularização do atendimento porta a porta, mais especializado. Este último é praticado inclusive pelo grupo O Boticário, a maior marca do franchising em número de unidades.
Crescimento do faturamento em 2014: 3%
Posição no ranking em 2014: 10º lugar
O segmento de vestuário é bem consolidado no país, e as franquias nacionais se beneficiaram com a alta do dólar, que encareceu os produtos de redes do exterior. Assim como o setor de acessórios pessoais e calçados, as lojas de vestuários também fazem um bom trabalho no ambiente digital, diz Tieghi. O diretor vê uma tendência de estabilização ou de algum crescimento diante da crise. Uma das dificuldades enfrentadas pelo setor é a elasticidade do produto comercializado – durante a recessão, as pessoas veem sacrificar a compra de roupas novas como uma boa opção para economizar. Algumas ações dentro da área são unidades menores e voltadas para regiões com menor população – a capilarização que os negócios de esporte, saúde, beleza e lazer também adotam.
Crescimento do faturamento em 2014: 27%
Posição no ranking em 2014: 1º lugar O segmento teve uma desaceleração em relação ao ano de 2014, descendo oito posições. Porém, ainda apresenta crescimento, especialmente em alguns setores. “O que puxou a alta foi a área de comunicação, porque os pequenos negócios precisaram profissionalizar seus canais de atendimento, sejam presenciais ou online”, diz Tieghi. “A parte de informática e eletrônicos apresenta de fato uma cautela por parte do consumidor. A aquisição de novos equipamentos cresceu, mas não tanto quanto antes.”
Crescimento do faturamento em 2014: 8%
Posição no ranking em 2014: 6º lugar
Os negócios de Limpeza e Conservação apresentam uma realidade bastante peculiar, diz o diretor da ABF. Com a PEC das Domésticas, ficou mais complicado contratar um empregado para esse serviço e as franquias da área viraram uma tendência. A contratação de serviços de limpeza nesses negócios ainda está concentrada em algumas regiões, mas tende a expandir-se. “O que ainda puxa o crescimento do setor é a necessidade crescente de referência sobre o profissional que atende. Com uma marca, há a possibilidade de pedir garantias, de reclamar e até de pedir para o serviço ser refeito”, diz Tieghi. Ao mesmo tempo, os serviços de limpeza e conservação são muito ligados ao bolso das indústrias e do consumidor. Durante uma retração, há uma contenção de gastos e esses contratos passam por uma renegociação, seja de valor ou de frequência de contratação. Uma estratégia do segmento é unificar unidades e otimizar a operação, já que menos sedes não diminuem tanto a contratação de serviços quanto aconteceria em negócios do varejo, por exemplo.