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Walmart é acusado de pagar propina para construir lojas no México

Rede, que sabia das acusações desde 2005, é acusada pelo NYT de abafar o caso

Walmart: empresa teria abafada acusações feitas em 2005 (Divulgação)

Tatiana Vaz

Publicado em 23 de abril de 2012 às 13h15.

São Paulo – Na pressa de construir mais lojas e liderar o mercado de varejo no México, executivos da rede americana Walmart pagaram propinas para obtenção de licenças em praticamente todos os cantos do país. As acusações foram feitas por meio de uma reportagem do The New York Times, publicada no sábado.

De acordo com a matéria, em setembro de 2005 um advogado sênior da rede recebeu uma denúncia feita por um ex-executivo da empresa no México feita por e-mail. Nele, o ex-executivo, que disse ter sido o advogado responsável pela obtenção de licenças de construção da subsidiária mexicana, descrevia como a rede promovia uma corrupção generalizada a fim de facilitar a rápida expansão da rede no país. Nomes, datas e os montantes de suborno foram alguns dos detalhes dados no e-mail.

O Walmart abriu, então, uma investigação interna e enviou responsáveis por apurar se realmente algo de errado acontecia nos negócios da rede no México. Em pouco tempo, o grupo enviado descobriu um rastro de 24 milhões de dólares em recibos de pagamentos suspeitos, além de documentos que mostram que os principais executivos da rede no México não só sabiam o que estava acontecendo, como se esforçavam para esconder os subornos da sede da rede em Bentonville, Arkansas.

Porém, em vez de intensificar as investigações internas e afastar os envolvidos nas iniciativas ilegais, o Walmart preferiu abafar o caso com receio de como as notícias poderiam trazer um impacto negativo à imagem da companhia, segundo as acusações do The New York Times.

De acordo com o jornal, funcionários responsáveis pelas práticas ilegais nem chegaram a ser notificados pela empresa. Eduardo Castro-Wright, diretor executivo da rede e um dos principais envolvidos no caso do suborno foi inclusive promovido a vice-presidente do Wal-Mart em 2008.


Para o bem da imagem

A preocupação do Walmart em defender a boa imagem da subsidiária no México se dá pela importância da trajetória da rede por lá. A subsidiária foi apresentada aos investidores como uma garantia de crescimento a longo prazo e hoje uma em cada cinco lojas da empresa está no México.

Por isso mesmo com gravações, documentos e informações sobre as ações ilegais nas mãos, os principais executivos da rede decidiram se concentraram mais em controlar os possíveis danos do vazamento da informação do que em extirpar o delito dentro da companhia.

Em dezembro, depois de saber de reportagem do Times no México, o Walmart informou o Departamento de Justiça que retomaria uma investigação interna sobre eventuais violações da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior, uma lei federal que torna criminosas empresas americanas e suas subsidiárias por subornar funcionários estrangeiros.

Em comunicado, a varejista afirmou que se a alegação for verdadeira, não significa ser reflexo do que a companhia é ou defende. "Estamos profundamente preocupados com as acusações e estamos trabalhando agressivamente para determinar o que aconteceu", disse.

O Walmart também afastou José Luis Rivera do cargo de conselheiro geral no México depois que o caso começou a ganhar repercussão. O executivo ocupava o cargo desde 2004 na rede e está agora impossibilitado de falar em nome da varejista.

Provas e mais provas

A matéria de acusação do The New York Times traz ainda provas contundentes sobre o caso. Mais de 15 horas de entrevistas com o ex-executivo, Sergio Cícero Zapata, que se demitiu da rede em 2004, após quase uma década no departamento da empresa imobiliária, detalham como ele ajudou a organizar todo o esquema de corrupção na empresa.


Detalha até como e quando foram entregues envelopes de dinheiros poara funcionários do governo mexicano, incluindo prefeitos e vereadores até pessoas de baixo escalão envolvidas de alguma maneira na emissão de licenças. As propinas, segundo ele, compravam as aprovações de zoneamento e as reduções de taxas de impacto ambiental.

O dossiê feito pela reportagem ainda mostra casos em que licenças foram dadas dentro de semanas ou mesmo dias de pagamentos. Também inclui extensas entrevistas com os participantes na investigação, que falaram sob a condição de não serem identificados.

Um dos responsáveis por todo o esquema, segundo as acusações, seria Eduardo Castro-Wright, um nativo do Equador que foi recrutado da Honeywell em 2001 para se tornar o COO da rede no México.

Por estabelecer metas agressivas de crescimento a todo custo, o executivo fez com que as ações de subornos aumentassem muito na empresa a partir de sua chegada e sua exigência de abertura de lojas em tempo recorde a ponto de não dar nem tempo dos concorrentes reagirem. O impressionante crescimento da companhia no México fez com que Castro-Wright fosse promovido, no início de 2005, para uma posição sênior nos Estados Unidos.

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De acordo com a matéria, em setembro de 2005 um advogado sênior da rede recebeu uma denúncia feita por um ex-executivo da empresa no México feita por e-mail. Nele, o ex-executivo, que disse ter sido o advogado responsável pela obtenção de licenças de construção da subsidiária mexicana, descrevia como a rede promovia uma corrupção generalizada a fim de facilitar a rápida expansão da rede no país. Nomes, datas e os montantes de suborno foram alguns dos detalhes dados no e-mail.

O Walmart abriu, então, uma investigação interna e enviou responsáveis por apurar se realmente algo de errado acontecia nos negócios da rede no México. Em pouco tempo, o grupo enviado descobriu um rastro de 24 milhões de dólares em recibos de pagamentos suspeitos, além de documentos que mostram que os principais executivos da rede no México não só sabiam o que estava acontecendo, como se esforçavam para esconder os subornos da sede da rede em Bentonville, Arkansas.

Porém, em vez de intensificar as investigações internas e afastar os envolvidos nas iniciativas ilegais, o Walmart preferiu abafar o caso com receio de como as notícias poderiam trazer um impacto negativo à imagem da companhia, segundo as acusações do The New York Times.

De acordo com o jornal, funcionários responsáveis pelas práticas ilegais nem chegaram a ser notificados pela empresa. Eduardo Castro-Wright, diretor executivo da rede e um dos principais envolvidos no caso do suborno foi inclusive promovido a vice-presidente do Wal-Mart em 2008.


Para o bem da imagem

A preocupação do Walmart em defender a boa imagem da subsidiária no México se dá pela importância da trajetória da rede por lá. A subsidiária foi apresentada aos investidores como uma garantia de crescimento a longo prazo e hoje uma em cada cinco lojas da empresa está no México.

Por isso mesmo com gravações, documentos e informações sobre as ações ilegais nas mãos, os principais executivos da rede decidiram se concentraram mais em controlar os possíveis danos do vazamento da informação do que em extirpar o delito dentro da companhia.

Em dezembro, depois de saber de reportagem do Times no México, o Walmart informou o Departamento de Justiça que retomaria uma investigação interna sobre eventuais violações da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior, uma lei federal que torna criminosas empresas americanas e suas subsidiárias por subornar funcionários estrangeiros.

Em comunicado, a varejista afirmou que se a alegação for verdadeira, não significa ser reflexo do que a companhia é ou defende. "Estamos profundamente preocupados com as acusações e estamos trabalhando agressivamente para determinar o que aconteceu", disse.

O Walmart também afastou José Luis Rivera do cargo de conselheiro geral no México depois que o caso começou a ganhar repercussão. O executivo ocupava o cargo desde 2004 na rede e está agora impossibilitado de falar em nome da varejista.

Provas e mais provas

A matéria de acusação do The New York Times traz ainda provas contundentes sobre o caso. Mais de 15 horas de entrevistas com o ex-executivo, Sergio Cícero Zapata, que se demitiu da rede em 2004, após quase uma década no departamento da empresa imobiliária, detalham como ele ajudou a organizar todo o esquema de corrupção na empresa.


Detalha até como e quando foram entregues envelopes de dinheiros poara funcionários do governo mexicano, incluindo prefeitos e vereadores até pessoas de baixo escalão envolvidas de alguma maneira na emissão de licenças. As propinas, segundo ele, compravam as aprovações de zoneamento e as reduções de taxas de impacto ambiental.

O dossiê feito pela reportagem ainda mostra casos em que licenças foram dadas dentro de semanas ou mesmo dias de pagamentos. Também inclui extensas entrevistas com os participantes na investigação, que falaram sob a condição de não serem identificados.

Um dos responsáveis por todo o esquema, segundo as acusações, seria Eduardo Castro-Wright, um nativo do Equador que foi recrutado da Honeywell em 2001 para se tornar o COO da rede no México.

Por estabelecer metas agressivas de crescimento a todo custo, o executivo fez com que as ações de subornos aumentassem muito na empresa a partir de sua chegada e sua exigência de abertura de lojas em tempo recorde a ponto de não dar nem tempo dos concorrentes reagirem. O impressionante crescimento da companhia no México fez com que Castro-Wright fosse promovido, no início de 2005, para uma posição sênior nos Estados Unidos.

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