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Veja histórias de outras empresas que lutam contra o dólar baixo para continuar exportando

Aqueles que mantêm seus negócios no mercado externo começam a substituir o choro, que a bem da verdade não tem surtido efeito algum, por medidas práticas para tornar seus produtos mais competitivos lá fora. O setor moveleiro está buscando na importação de insumos uma compensação para as perdas com as exportações que, só nos dois […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

Aqueles que mantêm seus negócios no mercado externo começam a substituir o choro, que a bem da verdade não tem surtido efeito algum, por medidas práticas para tornar seus produtos mais competitivos lá fora.

O setor moveleiro está buscando na importação de insumos uma compensação para as perdas com as exportações que, só nos dois primeiros meses deste ano, caíram 12% com relação ao mesmo período do ano passado. Parece ironia, mas o Brasil exportou em 2005 três vezes mais madeira do que móvel acabado. E há moveleiros importando madeira. Com duas lojas nos Estados Unidos e outras cinco em países do Mercosul, além de exportações para o Canadá e Porto Rico, a gaúcha Florense, com sede em Flores da Cunha, na serra gaúcha, uma das maiores fabricantes de móveis do país, viu suas exportações encolherem de 40% para 22% da produção entre 2003 e 2005.

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"Para reconstruir esse mercado, estamos acelerando o processo de importação de insumos". A Florense tem buscado na vizinha Argentina madeira aglomerada 30% mais barata que no Brasil. Assim como acontece com a Marcopolo, não é fácil para a Florense mudar a rede de fornecedores de uma hora para outra. "Demora um ano ou mais ajustar o fornecedor às suas necessidades. É complicado e doloroso", diz Gelson Castelan, vice-presidente da Florense.

Acostumada a comprar de fornecedores da região 90% de seus insumos, a empresa quer reduzir esse número para 50% ainda este ano. Se a situação cambial não mudar, Castelan acredita que, em 2007, 70% dos insumos venham de fora. É claro que buscar componentes mais longe acarretará uma mudança no padrão de estoque da empresa. Hoje, a Florense gira seu estoque 24 vezes por ano. Com as importações, deve reduzir o giro para 12 vezes por ano. "Abro mão do meu giro de estoque para ganhar com o insumo importado", diz Castelan.

A catarinense Embraco, maior fabricante mundial de compressores e dona de um faturamento superior a dois bilhões de reais, depende muito do aço para fabricar seu produto. Ele responde por 25% do custo total com matérias-primas. Por isso, a empresa também foi atrás de novos fornecedores de aço fora do país. "Tanto na China quanto na Europa existem fontes mais baratas que nós estamos buscando", diz Ernesto Heinzelmann, presidente da empresa. "Já importamos alguns lotes para ver quanto podemos reduzir do nosso custo." A fábrica brasileira da Embraco exporta 70% de sua produção. "Não existe a opção de deixar de exportar", diz Heinzelmann. Embora tenha fábricas na Itália, Eslováquia e China, é da planta brasileira que sai o maior volume de compressores para o mercado externo.

Mesmo empresas que não dependem tanto das receitas obtidas lá fora estão fazendo um grande esforço para manter suas exportações. "Não se pode brincar de exportar. Não podemos deixar o cliente desatendido", diz Antônio De Bonis, diretor de exportação da Intelbras, líder nacional na produção de aparelhos e centrais telefônicas, com sede em Florianópolis. A estratégia de exportação da empresa foi traçada há apenas quatro anos e prevê que o mercado latino americano responda por 15% do faturamento total até 2008. Em 2005, as exportações cresceram 41% com relação ao ano anterior e representaram 6% do faturamento de 200 milhões de reais. Este ano, a meta é que as vendas externas cresçam 100%. A Intelbras também busca insumos importados para reduzir os custos de produção. Desde o final do ano passado, a empresa catarinense tem um escritório em Schinzen, na China, responsável por buscar os melhores fornecedores de componentes para telefonia, controlar sua qualidade e acelerar o processo de entrega. Atualmente, mais de 65% dos componentes utilizados na fabricação dos telefones e das centrais de PABX da Intelbras vêm da China. "Isso tem nos permitido manter os preços dos nossos produtos estáveis", diz De Bonis.

A Kavo do Brasil, com fábrica em Joinville, líder nacional na fabricação de equipamentos e instrumentos odontológicos, também implementou, a partir de fevereiro de 2005, um plano de redução de custos que transformou a fábrica de Joinville praticamente numa montadora. "Tínhamos um modelo verticalizado, fazíamos até estamparia", diz Luciano Reis, presidente da empresa. "Agora nos concentramos em design, tecnologia, montagem e testes." Em um ano, a empresa conseguiu uma redução de custos de 40%. Os estoques da Kavo também caíram 40% em 2005 e o faturamento cresceu 15%, chegando a 110 milhões de reais. "Com essas medidas compensamos as perdas com o câmbio", diz Reis. Resultado importante para uma empresa que exporta cerca de 50% da sua produção para países da América Latina, leste Europeu, norte da África, Ásia e Oceania. Subsidiária da americana Danaher (que adquiriu a alemã Kavo em 2004), ela abastece os países de menor poder aquisitivo para os quais as fábricas européias da companhia não têm produtos específicos. Com a desvalorização do dólar, a empresa percebeu que poderia perder espaço para fabricantes asiáticos. "Saímos de um câmbio de R$ 3,20 para R$ 2,15 sem poder repassar isso para o produto", diz Reis. "Para continuar na briga, tem que se reinventar."

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