EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2014 às 07h53.
São Paulo - Lançada nessa semana, a Botafogo Sem Dívidas é uma campanha que visa quitar as dívidas do clube carioca com a Receita Federal. A ideia é inspirada no Vasco Dívida Zero - criado em maio do ano passado.
Em comum, as duas iniciativas têm o engajamento dos torcedores e histórias de relativo sucesso. Com nove meses de existência, Vasco Dívida Zero já levantou R$ 815.000 - doados por mais de 15 mil pessoas.
Mas o rebaixamento do time e as eleições no clube em 2014 têm atrapalhado o trabalho.
Em entrevista a EXAME.com, o representante do movimento Fernando Veiga comentou esse e outros aspectos desse tipo de iniciativa. Leia aqui os melhores momentos da conversa:
EXAME.com - Como surgiu o Vasco Dívida Zero?
Fernando Veiga - No começo de 2013, o Vasco estava com os bens bloqueados. O Giordano (Mochel) estuda direito e descobriu que dava para gente pagar as dívidas com a Receita. Hoje, se eu tiver seu CPF, pago lá e você nem fica sabendo. Então, a gente se reuniu, pegou o CNPJ do Vasco e começou a testar. Depois, criamos o site em maio.
EXAME.com - Em quanto tempo vocês esperam pagar a dívida?
Fernando Veiga - A gente só pode falar em tempo quando houver regularidade no pagamento dos torcedores. De 15.200 inscritos, só 1.000 pagam todo mês. Se todos dessem 20 reais por mês, a gente teria 3,6 milhões por ano e pagaria tudo em 5 anos. Mas não é o que acontece e aí, a gente fica meio que patinando.
EXAME.com - Como o rebaixamento afetou a campanha?
Fernando Veiga - Em 2008, a tragédia foi bem pior. Mas despertou um sentimento maior do que agora. O Vasco chegou a ter 50 mil sócios-torcedores. Depois, vieram os problemas políticos, o Dinamite (presidente do clube) ficou sozinho e hoje, menos pessoas estão dispostas a ajudar. Pode ser que só depois das eleições, a torcida volte a abraçar o clube.
EXAME.com - E qual é o efeito das eleições no Dívida Zero?
Fernando Veiga - As eleições atrapalham porque tiram a atenção do torcedor. Além disso, todos em São Januário estão de cabeça quente e a gente fica sem ter com quem conversar. Desde o início, nunca quisemos nos envolver em política. Nosso movimento não apoia nem critica ninguém. Somos todos torcedores buscando ajudar.
EXAME.com - De que forma esse trabalho é divulgado?
Fernando Veiga - Em dia de jogo, fazemos panfletagem e há embaixadores pelo Brasil que vão a bares divulgando nossa campanha. Já fizemos fotos de famosos também. Se alguém como o Roberto Carlos (que é vascaíno) abraçasse a causa, isso com certeza teria repercussão para caramba. Ainda hoje, tem muito vascaíno que não conhece a gente.
EXAME.com - E há planos para depois da dívida?
Fernando Veiga - Não estamos pensando nisso porque o tempo é longo. Mas se a gente formar um grupo sólido, por que não? A gente vive Vasco no nosso dia-a-dia, na nossa vida normal, na nossa família. Nosso pensamento está voltado para isso o tempo todo. Então, se um dia a gente conseguir pagar, com certeza vai querer continuar fazendo mais coisas.