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Vale do Rio Doce condiciona investimentos a reajuste de preços

Segundo a mineradora, valor cobrado pelos seus produtos precisa refletir os custos de investimento para que a empresa continue no mesmo patamar de expansão

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

Em meio a mais uma batalha entre mineradoras e siderúrgicas para definir o reajuste do minério de ferro em 2006, o presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, afirmou que a nova tabela de preços precisa refletir o aumento dos custos de produção e de investimento. "Para continuarmos investindo no ritmo em que estamos, precisamos ter um nível adequado de preços", disse nesta terça-feira (7/3), durante encontro com jornalistas.

No ano passado, a Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, obteve um reajuste de 71,5% em sua tabela, o que contribuiu para o lucro recorde de 2005 - 10,443 bilhões de reais. Agnelli atribuiu o desempenho ao aquecimento do mercado mundial, puxado pela demanda de matéria-prima pelas siderúrgicas asiáticas e, sobretudo, chinesas. Somente a China respondeu por 22,4% das vendas da companhia brasileira, que totalizaram 252,2 milhões de toneladas, entre o Brasil e os demais países.

Agnelli negou que a Vale tentará impor um índice de reajuste. "O aumento tem de ser determinado pelo mercado", disse. Ao contrário de 2005, as siderúrgicas estão melhor articuladas para as negociações, o que deve reduzir a margem de manobra da empresa brasileira. O executivo admitiu que a China tornou-se um importante ator nas conversas, devido ao peso de seu mercado. O país está representado nas negociações pela sua maior siderúrgica, a Baosteel.

Os analistas acreditam que o aumento do minério de ferro será bem menor que o de 2005. Em relatório sobre o setor, a Fator Corretora, por exemplo, estima um reajuste de 20%.

Agnelli, porém, destaca que o mercado continua aquecido. "A demanda e a oferta ainda não se equilibraram", afirma. Por isso, os investimentos programados para 2006 são os maiores já anunciados pela companhia: 11,8 bilhões de reais, cerca de 4,6 bilhões de dólares. A maior parte (5,4 bilhões de reais) irá para o setor de minerais ferrosos. O segundo maior desembolso, 2 bilhões, ficará com as operações de logística.

No ano passado, a companhia obteve o cobiçado grau de investimento, que lhe garantiu uma posição mais confortável para captar recursos no exterior. Os 1 bilhão de reais emitidos em bônus com vencimento em 2016, por exemplo, apresentam juros de 6,25% ao ano. Trata-se do mais baixo custo de captação já obtido por um emissor brasileiro.

O dinheiro barato, porém, não facilita os investimentos da Vale, já que outras mineradoras e operadores logísticos também estão disputando ombro-a-ombro máquinas e equipamentos para seus projetos de expansão, dentro do cenário de rápido crescimento da demanda. "No ano passado, tivemos que lidar com todos os obstáculos, como falta de oferta de vagões, pneus, caminhões, etc", disse Agnelli. Essa disputa contribuiu para parte do aumento dos custos de investimento.

A valorização do real contribuiu com o restante dos aumentos dos custos dos novos projetos e de produção. Segundo o presidente da Vale, os custos da empresa cresceram 15% em reais e 45% em dólares, no ano passado. Aproximadamente 70% dos custos da mineradora estão em moeda brasileira.

Agnelli afirmou que não há prazo para a conclusão das negociações sobre a nova tabela de preços. Uma data de referência é o dia 1º de abril, quando começa o novo ano fiscal na Ásia.

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