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Ultrapar planeja aquisição de três companhias no exterior

Holding pensa em expansão nos Estados Unidos, na Europa e na Venezuela, segundo Paulo Cunha, que prepara sucessão no cargo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A Ultrapar estuda a aquisição de três companhias no exterior, de acordo com Paulo Cunha, diretor-presidente da holding. O executivo, que se prepara para deixar o cargo, afirmou que o grupo Ultra planeja incorporar duas empresas químicas e uma ligada à área de gás.

Uma das companhias químicas avaliadas está baseada na Venezuela, enquanto os outros alvos estão sediados nos Estados Unidos e na Europa. De acordo com Cunha, não há ainda valor estimado para as operações, já que as negociações não teriam definido a forma de pagamento. "Estamos cheios de planos, temos investimentos de 350 milhões de dólares na Oxiteno e de 100 milhões de dólares na Ultragaz e na Ultracargo em projetos para 2006, 2007 e 2008", diz o executivo.

A Ultrapar, holding que reúne as empresas Ultragaz - distribuidora de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) -, Oxiteno - ligada a química e petroquímica -, e Ultracargo - de logística -, amarga um fracasso recente nas tentativas de expansão internacional. No início deste ano, a companhia embarcou no projeto de aquisição de uma divisão da britânica Imperial Chemical Industries (ICI), a Uniqema - vendida em junho à também química Croda, da Inglaterra.

Se concretizada, a compra da Uniqema, que possui unidades produtivas em 11 países e atua em mercados como os de polímeros, higiene pessoal, limpeza e têxtil, exigiria mudanças "profundas" na administração da Ultrapar, segundo Cunha, e foi por isso que o executivo adiou sua saída da companhia para o fim de 2006. "Eu queria ter tomado esta decisão no início do ano, é um projeto que já estava definido há algum tempo", afirma.

Ele agora se prepara para esvaziar a sala da presidência que ocupa há 25 anos no nono andar do prédio da matriz da Ultrapar, localizada na região central de São Paulo. "Nesse tempo mexi em algumas coisas, mudei a mesa de lugar, mas a sala é a mesma desde 1981", diz. A partir de 1º de janeiro, Cunha ficará apenas como presidente do Conselho de Administração da holding, deixando a presidência-executiva ao atual diretor-superintendente da Oxiteno, Pedro Wongtschowski.

"Vou cuidar agora das estratégias da companhia", diz Cunha, que entrou no grupo em 1967 como engenheiro. Ele pretende seguir com o projeto de internacionalização da Ultrapar, que gerou a compra da mexicana Canamex, da área química, em 2003. "Desde a aquisição conseguimos multiplicar por 7 vezes o Ebitda [lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização] da Canamex, que ficou em 15 milhões de dólares o ano passado", diz Cunha.

Mas a trajetória na empresa também deixou marcas dolorosas, segundo o presidente. A mais memorável delas envolve as demissões que a companhia precisou fazer: "Nós chegamos a ter um pico de 15 000 funcionários em 1985, e hoje temos 8 000." O enxugamento foi necessário para a profissionalização da Ultrapar, segundo Cunha, um processo iniciado na década de 80 que incluiu a abertura de capital no fim dos anos 90. "Hoje faturamos quase dez vezes mais do que nos anos 80."

Em 2005, as empresas do grupo Ultra conseguiram, juntas, uma receita líquida de 4,7 bilhões de reais, 2% menor do que a alcançada em 2004. O lucro líquido do período também teve queda na comparação com o ano anterior, de 28%, ficando em 299 milhões de reais. As perdas foram explicadas pela administração com fatores como a valorização do real - a Oxiteno trabalha com produtos de preços referenciados no mercado internacional - , a alta do petróleo e uma queda da demanda no mercado de GLP.

Questões como essas permanecerão como preocupações para Paulo Cunha, que define seu trabalho exclusivamente no Conselho de Administração como uma forma de ter "tempo para torrar a paciência" da direção da companhia. Ele diz não ter data para deixar de vez a companhia, mas, aos 66 anos, avisa: "Só tenho uma certeza: não devo ficar na minha nova sala mais 25 anos".

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