Uber, 99 e Cabify ampliam aposta em delivery com queda das corridas
A forte retração da demanda ocasionada pelo novo coronavírus levou os aplicativos a investir no segmento de entregas de refeições e produtos diversos
Juliana Estigarribia
Publicado em 8 de abril de 2020 às 17h22.
Última atualização em 30 de abril de 2020 às 11h06.
Diante da queda drástica da demanda nos aplicativos de transporte, decorrente das medidas de isolamento para evitar a propagação do novo coronavírus , Uber , 99 e Cabify estão ampliando as operações voltadas para entregas.
O Uber Eats, braço de entregas da Uber, anunciou nesta quarta-feira, 08, uma nova plataforma para facilitar as entregas de refeições para funcionários que estejam trabalhando no escritório ou em casa. As novas funcionalidades incluem a utilização de cartões corporativos e a realização de pedidos por meio de um perfil da empresa.
A solução será implementada em mais de 20 países neste ano, começando por Brasil, Canadá, França e Reino Unido.
"Enquanto todos continuamos lidando com mudanças e interrupções, o Uber para Empresas se concentra em ajudar as companhias a apoiar seus funcionários de novas maneiras, mesmo quando eles não podem ficar juntos no escritório", disse Ronnie Gurion, chefe global da Uber para Empresas.
Este é mais um passo da Uber dentro da estratégia de expansão do seu serviço de delivery. Na semana passada, a empresa anunciou que o Uber Eats vai passar a disponibilizar para os usuários produtos da rede de farmácias Pague Menos e dos pet shops Cobasi.
Também foram incorporadas ao aplicativo 30 lojas de conveniência Shell Select, da rede de postos de gasolina Shell, como parte do serviço de delivery. É uma estratégia parecida com a de concorrentes no ramo de entregas, como iFood e Rappi, que já têm, além de restaurantes, parcerias com pet shops e supermercados.
Foco nas entregas
A Cabify também anunciou também nesta quarta-feira uma nova categoria para entregas, não só de refeições, mas de produtos diversos. A ideia é usar os motoristas já cadastrados na plataforma pare entregar outras mercadorias. Em um modelo parecido com o de empresas como Rappi ou Loggi, o próprio usuário pessoa física pode selecionar esta opção no aplicativo.
O serviço funcionará por ora nas cidades de São Paulo, Campinas, Santos, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília e participarão da operação somente uma parcela de motoristas selecionados. Ao usar o Cabify Entregas, o cliente combina diretamente com o motorista e coloca o produto no porta-malas, sem contato físico.
A Cabify também planeja que o serviço seja usado por pequenas e médias empresas. A companhia fez uma parceria com a fintech curitibana Ebanx para entregar os produtos de comerciantes da plataforma Ebanx Beep -- um projeto para vendas de pequenos empreendedores lançado pelo Ebanx nas últimas semanas , justamente para alavancar as vendas das PMEs em meio à pandemia.
“A Cabify já estava estudando o mercado para lançar esta categoria nos próximos meses, porém, dada a situação, corremos contra o tempo para oferecer esta opção para todos que precisam, sejam eles usuários ou motoristas”, afirma Luis Saicali, diretor geral da Cabify no Brasil.
Nas próximas semanas, a espanhola também deve fechar parcerias com outras empresas. A ideia é que redes como farmácias, restaurantes e supermercados usem o Cabify Entregas para enviar produtos a seus consumidores. A empresa diz que está em negociação com pelo menos 20 companhias parceiras.
Enquanto isso, a concorrente 99 tenta também aumentar sua participação no setor de entregas. O 99Food, braço de entrega de refeições da 99 lançado neste ano, chegará à cidade de Curitiba, no Paraná, a partir desta quinta-feira, 09. A operação do 99Food estreou há três meses em Belo Horizonte, Minas Gerais, única cidade na qual operava até então.
"O cenário gastronômico de Curitiba difere bastante de Minas Gerais, são influências e públicos variados, mas igualmente diversificados, que permitirão aprimorar o trabalho da nossa equipe", diz Danilo Mansano, diretor-geral da 99Food.
Mesmo antes da pandemia, ingressar no ramo de alimentação era um desejo antigo da 99, hoje controlada pela chinesa Didi Chuxing, para ampliar suas operações no Brasil. A frente de entregas já era um dos principais projetos de 2020, mas deve ser acelerada em meio à crise.
Com mais de um terço dos brasileiros em isolamento social e pouca gente nas ruas, a tendência é que os apps de transporte compartilhado continuem tendo dias difíceis. Na outra ponta, as entregas estão sendo mais demandadas do que nunca, com alta nas compras pela internet, sobretudo em segmentos como farmácia e alimentação. Enquanto a pandemia não passa, o delivery deve ser a válvula de escape para as companhias.