"Toda crise tem um lado positivo", diz Credit Suisse sobre Carrefour
Com pessoas buscando estocar alimentos, o crescimento do segmento alimentar superou o não alimentar pela primeira vez desde 2017 no primeiro trimestre
Karin Salomão
Publicado em 28 de abril de 2020 às 17h10.
Última atualização em 28 de abril de 2020 às 17h10.
A venda de alimentos, principalmente pela internet, tem sido um dos grandes destaques do varejo durante a pandemia do novo coronavírus. Em relatório sobre a divulgação das vendas do primeiro trimestre da varejista Carrefour, o banco Credit Suisse afirmou que “toda crise tem um lado positivo”.
O Grupo Carrefour reportou vendas de 15,9 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2020, crescimento de 12,2% em comparação ao mesmo período de 2019. A varejista foi beneficiada pelo aumento de compras no início da pandemia do novo coronavírus , quando mais pessoas buscaram fazer compras grandes para estocar alimentos e itens essenciais.
No primeiro trimestre do ano, o crescimento do segmento alimentar superou o não alimentar pela primeira vez desde 2017. O crescimento de 11,2% nas vendas de alimentos representou o maior aumento trimestral dos últimos cinco anos e foi impulsionado por um aumento na demanda na segunda quinzena de março, diz a varejista.
"Mas é importante notar que esses números também coroam a boa execução que vem suportando resultados sólidos nos últimos trimestres", diz o Credit Suisse.
O Atacadão, formato de atacarejo que cresce desde a crise econômica pelo apelo de produtos mais acessíveis, continua sendo o destaque esse trimestre. As vendas chegaram a 10,8 bilhões de reais, alta de 13,6%.Já na marca Carrefour , o crescimento foi de 9,1%, incluindo as vendas de marketplace.As vendas online aumentaram quase 15% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Se até então o comércio eletrônico de supermercados era impulsionado em grande parte pela venda de produtos não alimentares, durante a pandemia do coronavírus essa chave virou. As vendas no comércio eletrônico alimentar cresceram 189%, enquanto os produtos não alimentares encolheram 5,7%. Incluindo os serviços de entrega rápida, como o Rappi, as vendas alimentares cresceram 235% no trimestre.
"Mesmo antes do surto da covid-19, já transmitíamos que que vemos o Carrefour Brasil bem posicionado para apresentar resultados consistentes ao longo de 2020, o que é corroborado pelas atuais circunstâncias do mercado (ou seja, estocagem de bens essenciais) e também pelo desempenho de vendas no primeiro trimestre do ano", escreveu o banco Credit Suisse em relatório.
De olho na concorrente
Já para a corretora Mirae, o Carrefour "no geral mostrou forte crescimento no primeiro trimestre de 2020, principalmente decorrente dos impactos do coronavírus econsequentemente aumento na demanda por alimentos e produtos de limpeza e estocagem por parte dos consumidores".
A corretora, no entanto, destaque que o aumento na receita bruta ficou abaixo do Pão de Açúcar, que foi de 15%. "Gostamos do setor e da empresa e no momento continuamos preferindo a PCAR3 (Grupo Pão de Açúcar), que se encontra mais descontada e com maior upside", ou seja, com maior potencial de valorização da ação, disse a corretora em análise dos resultados.