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Tenda planeja lançar 5.000 imóveis para baixíssima renda

Unidades devem ser vendidas para a CEF e depois repassadas aos beneficiários do programa "Minha Caixa, Minha Vida"

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Incorporadora com ações na BM&FBovespa que possui o perfil mais popular, a Tenda planeja lançar nos próximos 12 meses 5.000 imóveis voltados para famílias com renda entre zero e três salários mínimos. Esse é um segmento de renda em que a Tenda não atuava antes de o governo lançar o programa "Minha Casa, Minha Vida".

Por meio do programa, a Caixa Econômica Federal planeja comprar um total de 400.000 imóveis das construtoras nos próximos anos e repassá-los para as famílias com renda de até três salários mínimos. O governo vai subsidiar essas casas. Os moradores terão de pagar só 50 reais por mês, ao longo de dez anos, em troca dos imóveis.

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Em São Paulo, as construtoras poderão cobrar no máximo 52.000 reais por cada unidade de cerca de 43 metros quadrados. O presidente da Tenda, Carlos Trosli, diz que esses imóveis serão vendidos com margens mais baixas do que os demais. Por outro lado, o negócio compensa porque não há risco de inadimplência ou de encalhe.

A CEF vai receber os projetos das construtoras previamente aprovados pelas prefeituras e escolher os melhores de acordo com a localidade e o valor cobrado pelos empreendimentos. As construtoras precisarão seguir normas técnicas estabelecidas pela Caixa, mas não há um sistema de construção pré-definido.

Em geral, os imóveis serão erguidos em terrenos doados pelas prefeituras ou governos estaduais que quiserem participar do programa. Para serem mais baratos, os imóveis também contam com incentivos tributários. Os projetos serão simples, sem uma grande área de lazer ou outros detalhes que encarecem a obra.

A Caixa Econômica Federal já avisou às empresas que não gostaria que os imóveis fizessem parte de empreendimentos imensos. A Tenda optou por um modelo de construção de prédios com quatros andares e 20 apartamentos.

Para acelerar a construção dos imóveis, a construtora vai usar uma forma de alumínio que já possui os espaços necessários para os fios de eletricidade. Essa forma é preenchida com concreto e se transforma nas paredes da moradia. Por meio desse método, a Tenda diz que é possível construir um apartamento sem o acabamento em 10 a 15 dias. Em seis meses, todo o empreendimento pode ser finalizado.

Bom relacionamento com a Caixa

Parte do otimismo da Tenda deve-se ao bom relacionamento da construtora com a Caixa Econômica Federal. Há poucas semanas a empresa conseguiu levantar 600 milhões de reais com a emissão de debêntures (títulos de dívida privada) que foram adquiridas pela CEF com juro equivalente à TR (taxa referencial) mais 8% ao ano.

Trosli diz que a empresa foi a única que conseguiu levantar recursos por meio desse tipo de operação com a CEF até agora por ter os projetos voltados para a baixa renda em seu DNA. Os imóveis da Tenda têm o tíquete médio mais baixo do mercado: 82 mil reais. "Nosso concorrentes mais próximos têm um tíquete médio de 100 mil reais", diz Trosli.

Para famílias com renda superior a três salários mínimos, o governo vai subsidiar uma parte do valor do imóvel dentro do programa "Minha Casa, Minha Vida". Um imóvel de 80 mil reais, por exemplo, recebe um subsídio de cerca de 23 mil reais. O valor restante é pago pelo cliente - parte à vista e parte com financiamento.

Para facilitar a liberação do crédito, a Tenda transformou a maioria de suas lojas em correspondentes bancários da CEF. A própria construtora se encarregar de gerenciar toda a parte burocrática para a liberação do empréstimo. O comprador entrega seus documentos e comprovantes de renda para a Tenda, que também realiza uma entrevista para saber sobre suas condições de pagar pelo crédito que está sendo pleiteado.

Esse processo leva cerca de 15 a 20 dias. Todas as informações são depois repassadas para a CEF, que faz uma análise de crédito e decide por liberar ou não o financiamento. Em entrevista recente a EXAME, a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, disse que planeja reduzir o tempo de liberação de um empréstimo, que muitas vezes chega a seis meses, para no máximo 45 dias.

Esse tipo de parceria com as construtoras é um dos trunfos para acabar com os gargalos na Caixa. Segundo Trosli, antes uma agência da Caixa conseguia fazer a análise de 30 financiamentos por mês e, com essa nova fórmula, chega a avaliar a liberação do dinheiro para 300 ou 400 compradores de imóveis. "Repassamos para a Caixa 1.240 clientes em 2008 e já superamos 2.000 neste ano", diz. "Achamos uma maneira eficiente de operar com a CEF."

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