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Sem interlocutor na Petrobras, Braskem pode parar produção

A maior petroquímica brasileira precisa renovar com a estatal um acordo que envolve uma matéria-prima responsável por 70% dos custos da empresa no país


	Fábrica da Braskem: se a situação chegar ao limite, três polos petroquímicos brasileiros podem ter de interromper a produção
 (Miriam Fichtner/Braskem)

Fábrica da Braskem: se a situação chegar ao limite, três polos petroquímicos brasileiros podem ter de interromper a produção (Miriam Fichtner/Braskem)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 07h21.

São Paulo - As denúncias de corrupção na Petrobras e a troca no comando da companhia deixaram a Braskem falando sozinha em um momento em que a maior petroquímica brasileira precisa renovar com a estatal um acordo de R$ 9 bilhões anuais, que envolve uma matéria-prima responsável por 70% dos custos da petroquímica no Brasil.

O contrato fechado entre as duas empresas para o fornecimento de nafta - derivado do petróleo usado na fabricação de resinas e principal insumo da Braskem - vence no próximo dia 28. Após essa data, quando o acordo perde validade, a Braskem afirma não ter garantia de que receberá a matéria-prima no mês que vem.

Hoje, a Braskem é a única compradora de nafta no Brasil e maior fornecedora da indústria química. Segundo a empresa, que tem como sócios o grupo Odebrecht (38%) e a própria Petrobras (36%), se a situação chegar ao limite, três polos petroquímicos brasileiros podem ter de interromper a produção.

"As negociações estavam difíceis. Não vou dizer que elas estão, porque hoje nem temos um interlocutor para falar sobre isso na Petrobras", afirmou o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo na sexta-feira, 6.

Questionada, a Petrobras afirma em comunicado que "permanecem os esforços na busca de um acordo, considerando alternativas de curto ou longo prazo". A empresa disse também que realizou reuniões com a Braskem há duas semanas para discutir o tema.

O impasse entre as empresas começou em fevereiro de 2013, quando a Petrobras anunciou que iria mudar no ano seguinte as condições de um contrato assinado em 2009, com validade de 10 anos.

O acordo prevê a entrega de 7 milhões de toneladas de nafta por ano à Braskem, um volume superior a R$ 9 bilhões, considerando as atuais cotações da nafta e do dólar.

Naquela época, a estatal decidiu usar a nafta de suas refinarias na composição de gasolina e, para atender à Braskem, passou a importar o insumo. Desde então, a Petrobras tenta repassar à petroquímica o custo decorrente dessa importação.

A Braskem, que afirma que isso encareceria o custo da nafta entre 5% e 7%, não aceita pagar uma taxa adicional. O argumento da empresa é que ela está sendo onerada por uma decisão do governo de subsidiar a gasolina no País.

Sem conseguir chegar a um consenso, as duas empresas assinaram dois contratos aditivos. O primeiro, em vigor até agosto de 2014, estendia as condições de preço e entrega por mais seis meses. Já no segundo, que vale até o fim do mês, a Petrobras garantia a entrega de nafta, mas o preço ficou em aberto.

Desde então, a Braskem diz estar produzindo sem certeza de qual é sua margem de lucro: continua pagando à Petrobras o valor previsto no contrato antigo, mas, em caso de aumento, terá de transferir a diferença retroativamente.

A discussão sobre o preço da nafta afeta toda a indústria química, explica o diretor-fundador da consultoria MaxiQuim, João Zuñeda.

"A petroquímica é uma indústria de base e seu custo chega a cadeias como plástico e borracha. Com a incerteza sobre o preço da nafta no longo prazo, ninguém investe."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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