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Sadia tem o seu pior resultado desde 2001

Queda do preço médio de venda, câmbio desfavorável, embargos e doenças sanitárias fizeram com que o lucro líquido da empresa, no segundo trimestre, fosse o menor em cinco anos

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Uma semana e meia após informar oficialmente que desistiu de comprar a Perdigão, a Sadia volta ao mercado com mais uma notícia negativa. Pressionada por uma série de fatores desfavoráveis, como o câmbio, a gripe aviária e a febre aftosa, a empresa registrou os piores resultados dos últimos anos. O lucro líquido consolidado do segundo trimestre, 17,573 milhões de reais, é o mais baixo desde o primeiro trimestre de 2001, quando foi de 8,8 milhões. Já o lucro acumulado de janeiro a junho, 84,536 milhões, foi o menor desde o primeiro semestre de 2002, quando a empresa registrou 68,996 milhões.

"Os números confirmam o fraco desempenho verificado no primeiro trimestre", afirma o diretor financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Luiz Murat Júnior.

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O volume físico vendido pela empresa, no semestre, cresceu 1,7% sobre o mesmo período de 2005 e totalizou 895 577 toneladas. O desempenho foi puxado pelo mercado interno, para o qual a Sadia redirecionou as vendas, após os mercados internacionais se fecharem devido ao surgimento de focos de gripe aviária, febre aftosa e mal da vaca louca em várias partes do mundo. Com isso, o volume comercializado no Brasil cresceu 14,4%, para 446 368 toneladas. Já os embarques para o exterior caíram 8,4%, para 449 209 toneladas.

A maior atenção ao mercado interno e o aumento do volume físico vendido, porém, foram anulados pela queda do preço médio de vendas. Os valores, no Brasil, foram pressionados pela maior oferta de produtos, desviados das exportações por falta de compradores. O preço médio de venda das aves foi o que mais caiu: 34,8% em relação ao segundo trimestre de 2005, e fechou junho a 3,3 reais por quilo. As aves respondem por 9% da receita bruta da Sadia no Brasil. Neste semestre, o faturamento bruto doméstico ficou em 2 bilhões de reais.

Já os produtos industrializados representam 80% da receita bruta da companhia no país. Essa categoria de produto teve seu preço médio de venda reduzido em 4,8% sobre o segundo trimestre de 2005, encerrando o mês retrasado em 4,77 reais por quilo.

Exportações

As exportações também foram prejudicadas pelo menor preço médio de venda. A receita bruta com exportações, no primeiro semestre, somou 1,5 bilhão de reais, contra 2 bilhões na primeira metade de 2005. Setenta e um por cento dessa receita vem do comércio de aves, cujo preço médio de venda, no exterior, caiu 22,5% em relação ao segundo trimestre de 2005. Em junho, o quilo de ave era vendido por 2,79 reais.

Com isso, 58% dos 3,531 bilhões de reais que a empresa gerou de receita bruta vieram do mercado interno. É a mesma proporção registrada em 2002, o que assinala um revés na política da empresa de equilibrar as fontes de receita - Brasil e exportações - ao redor de 50%.

Outro efeito da conjuntura internacional e do câmbio desfavoráveis foi uma inversão de lucratividade. "Pela primeira vez, desde 2001, o mercado interno foi o que sustentou os lucros da empresa", afirma Murat.

Expectativas

O executivo afirma que já há sinais de recuperação no segundo semestre, como a retomada das vendas para a Europa e os países árabes. A empresa aposta que os próximos meses serão melhores. "A recuperação do mercado externo demorará 60 dias para impactar nosso balanço. Por isso, os efeitos serão sentidos nas demonstrações do terceiro trimestre", diz.

Murat cita, como pontos positivos, a abertura parcial das exportações de suínos, a partir do Rio Grande do Sul, para a Rússia. Há, ainda, a expectativa de que outros estados brasileiros tenham suas vendas externas liberadas para os russos em breve. Egito e Iraque são dois países que também devem começar a comprar os produtos brasileiros em breve.

"Além disso, os preços em dólar estão se recuperando", diz. Caso as exportações para a Rússia sejam liberadas, Murat acredita que o mercado externo voltará rapidamente a representar metade do faturamento da empresa. "Poderemos voltar à nossa média mensal de vendas de 150 milhões de dólares", afirma.

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