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Rejeição de compra da Estácio deve aquecer fusões no ensino

O conselho de administração da Estácio aprovou a contratação de assessores financeiros para mapear o mercado e identificar oportunidades de compra

Educação: na noite de quarta-feira, o Cade reprovou por 5 votos a 1 a aquisição da Estácio pela Kroton (Photo_Russia/Thinkstock)

Educação: na noite de quarta-feira, o Cade reprovou por 5 votos a 1 a aquisição da Estácio pela Kroton (Photo_Russia/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 29 de junho de 2017 às 15h45.

São Paulo - A rejeição da compra da Estácio Participações pela Kroton Educacional no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve aquecer as atividades de fusões e aquisições em ensino privado do país, de acordo com executivos do setor.

Um dia após a negativa do órgão antitruste para a operação que criaria um grupo com mais de 1,5 milhão de alunos, o conselho de administração da Estácio aprovou a contratação de assessores financeiros para mapear o mercado e identificar oportunidades de compra tanto em ensino presencial quanto a distância (EAD), afirmou o presidente do conselho da empresa, João Cox, em entrevista à Reuters.

Em julgamento concluído na noite de quarta-feira, o Cade reprovou por 5 votos a 1 a aquisição da Estácio pela Kroton, sendo que apenas a relatora do caso no Cade, Cristiane Alkmin, se posicionou a favor do acordo mediante a adoção de medidas compensatórias.

Questionado sobre quais serão os próximos passos da companhia, Cox afirmou que a rejeição do acordo com a Kroton é "página virada" e que o foco da Estácio agora será consolidar a vice-liderança em educação superior privada.

"A Estácio é a segunda maior do Brasil, não faz sentido ser comprada, ela é quem deve comprar", disse Cox.

Ele acrescentou que, embora tenha caixa e capacidade de endividamento, a empresa continuará empreendendo esforços para racionalizar as despesas operacionais e maximizar o valor médio das mensalidades.

A Estácio terminou o primeiro trimestre com dívida líquida de 713,5 milhões de reais

Na véspera, a Reuters havia publicado, citando fonte, que a Kroton seguiria buscando aquisições em regiões em que ainda não atua, tendo no radar ainda o segmento de ensino básico, depois da reprovação da fusão com a Estácio.

Quem também promete ir às compras é a Ser Educacional , que em 2016 perdeu para a Kroton a disputa pela Estácio.

"A Ser está em um momento muito bom, materializando parte do crescimento orgânico e com diversas aquisições interessantes no planejamento", contou à Reuters o presidente do grupo, Jânyo Diniz.

A companhia mira aquisições em ensino presencial, em especial nas regiões Sul e Sudeste, e está em fase final de negociações de acordos de pequeno e médio portes, segundo ele.

Na avaliação do executivo, a Ser é capaz de "tocar os negócios com maior clareza" após a decisão "técnica e "austera" do Cade para a fusão de Kroton e Estácio. Diniz ressaltou ainda que a Ser não descarta reavaliar uma proposta pela Estácio.

"As aquisições de menor porte podem ser feitas com caixa, mas podemos avaliar outras possibilidades em caso de negócio muito maior", explicou.

Diniz citou também o potencial de crescimento orgânico da Ser, especialmente em EAD, após o marco regulatório do MEC para abertura de novos polos. "Temos 15 unidades presenciais aprovadas e podemos abrir até 300 polos em 2017", disse Diniz.

Às 15:01, as ações de Kroton subiam 0,7 por cento, enquanto as da Ser avançavam 0,3 por cento. Na contramão, Estácio perdia 2 por cento. O Ibovespa tinha variação negativa de 0,4 por cento.

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