EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
Um inesperado problema técnico em dois modelos de carros da montadora japonesa Nissan levou a empresa a anunciar um recall em cerca de 686 mil veículos, em meio a uma fase já turbulenta para a empresa e para seu presidente mundial, o brasileiro Carlos Ghosn, que dirige também a francesa Renault.
A substituição de peças abrangerá os carros dos modelos Altima e Sentra fabricados nos anos de 2000, 2005 e 2006 equipados com motor para 2,5 litros de combustível. Segundo a própria montadora, um sensor no virabrequim (peça necessária à transformação da explosão em energia de movimento) desses carros pode se superaquecer e fazer o motor interromper seu funcionamento subitamente, quando o carro encontra-se me baixa velocidade.
Não há carros desses modelos no Brasil - mais de 650 mil deles estão nos Estados Unidos e os demais espalhados entre México e Canadá, segundo o periódico nova-iorquino Wall Street Journal.
Nesse mercados, o anúncio de recall representa uma noticia nada bem-vinda para uma companhia que em outubro deste ano divulgou queda de 27% nos lucros do terceiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, apesar de um aumento de 6,6% no número de carros vendidos.
Na esteira da redução de lucros e da dificuldade em fazer decolar as duas empresas que comanda, Carlos Ghosn também tem enfrentado o desafio de comprovar que sua fama de executivo capaz de comandar gigantes do setor automotivo se justifica.
Diante de um contexto pouco positivo, o recall firma-se, ainda, como a segunda revisão obrigatória em carros do grupo, em menos de três meses, já que em setembro deste ano o produto que representa a aposta da Renault para voltar a crescer, o carro popular Logan, também precisou passar por um recall, em razão da possibilidade de falha nas travas de frenagem.
Para tentar alavancar os resultados da Renault, Ghosn anunciou também neste ano um plano de reestruturação chamado de Contrato 2009, um roteiro de metas ambiciosas, como aumentar as vendas mundiais de automóveis em até 30%, nos próximos dois anos. Para alguns analistas que acompanham a situação da empresa, a capacidade de fazer funcionar o plano e o novo Logan são a única maneira de Ghosn salvar seu cargo sem arranhões, diante de uma série de notícias adversas (veja aqui reportagem de EXAME sobre os desafios do brasileiro no comando das montadoras ).